Duskwood - Aurora

Surpresas e manipulação

Agatha narrando...

Trancada na minha sala eu fiquei com a mão na boca e com um nojo descomunal, enquanto eu lia o laudo médico da menina. O pior aconteceu, a Duda foi violentada por aquele maníaco. Nem conseguia pensar em absolutamente nada sobre isso, somente sentir uma raiva descontrolada por aquele idiota. Peguei o meu caderno de anotações e escrevi em letras grandes: ESTAMOS LIDANDO COM UM MANÍACO. Não era mais uma pergunta, eu já tinha certeza disso. Fiz uma ligação do telefone da sala para um dos detetives que trabalhava comigo e em um toque o mesmo me atendeu:

- Alô? Dias falando.

- Dias? Aqui é a Agatha. Eu só liguei para te pedir que assim que a Duda Hernandez tiver alta, peça autorização pra família para que a gente possa tomar os primeiros depoimentos dela.

- Sim, senhora. - Ele respondeu.

- Tem mais uma coisa, preciso que você vá até a delegacia de Duskwood e peça para o Alan Bloomgate me passar uma lista dos últimos 30 dias de ocorrências envolvendo abuso sexual ou sequestro... - Não tinha nem terminado de falar quando alguém me interrompeu entrando de supetão pela porta - Mas que porra é essa, Mike?

- Desculpe, Agatha. Mas eu procurei a Donna em todo lugar e não a encontrei, precisamos que ela venha interrogar um fugitivo que temos sobe custódia. - Mike era um dos investigadores do FBI.

- É o horário de almoço dela. Já ela volta - Dei de ombros e continuei falando ao telefone - Diz que fui eu quem pediu e...

- Agatha, ela é a chefe e o caso é dela - Olhei pra ele bufando de raiva por causa da falta de educação dele - É você ou ela, não tem mais ninguém pra fazer isso.

- Você não pode fazer isso? Eu estou ocupada como pode ver.

- Eu tentei, mas ele não quer falar comigo.

- Que saco, Mike! - Revirei os olhos - Dias, faça o que eu te falei. Te ligo depois - Coloquei o telefone de volta no gancho, amarrei o cabelo fazendo um coque e levantei - Vocês não conseguem fazer nada sem a Donna, né?

- Não é tão simples como parece. Ele é durão, fiquei mais de duas horas e não consegui arrancar dele uma só palavra.

Revirei os olhos e continuei andando para a sala de interrogatório. Olhei para o meu relógio de pulso e vi que o horário marcava por volta das 14 horas da tarde de uma quarta feira. Essa data e esse horário nunca saíram da minha mente por um único motivo. Chegando na sala e antes de entrar, me virei e disse:

- A Donna costuma almoçar no restaurante da esquina, vá até lá e arranque o aplique dela se for necessário. Mas a traga de volta! Não posso ficar aqui cuidando dos casos dela, já tenho os meus pra me preocupar.

- Tudo bem, boa sorte - Mike me entregou uma pasta com informações do caso.

- Eu mereço! - Resmunguei e de cabeça baixa entrei na sala. Fiquei olhando para a pasta pra saber detalhes do caso, sem me preocupar com a pessoa que estava lá - Boa tarde, meu nome é Agatha. Eu vim te fazer companhia até a minha chefe voltar. Você é o... - Procurei na pasta o nome do detento e quase tive um treco - Jake Donfort?

Olhei para frente e o vi algemado a mesa. Sua cabeça também estava baixa e quando eu disse seu nome, ele a levantou devagar. Seus olhos eram verdes, traziam refletido neles uma melancolia indescritível. Seu rosto estava machucado com vários cortes e sua mão também, um homem que aparentava ter uns 23 a 25 anos, mas na ficha dizia 30. A pasta caiu da minha mão com o susto e eu fiquei uns dez segundos encarando o rosto dele, só depois eu me lembrei onde estava e o que eu ia fazer ali. Tentei ignorar o fato, como se eu nunca tivesse o conhecido e então, dar para ele a impressão de que a sua fuga não me traumatizou. Peguei a pasta do chão rapidamente, coloquei um sorriso no rosto e disse: