Cansei de ser durona

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Durante o sonho da Agatha:

Tinha fogo, muito fogo e ele não me ajudou. Jake virou as costas e fugiu, enquanto eu sufocava em meio as chamas e a fumaça. Senti o meu corpo ficar mole e meus pulmões pararem de funcionar, e alguém me pegar no colo. Inconscientemente eu abri os olhos e vi o rosto dele, Phil Hawkins. Sua camisa estava chamuscada, pois ela foi destruída pelo fogo. A pele de seus braços estava levemente queimada e eu olhei aquilo com muito medo. Phil sorriu pra mim enquanto me levava para longe e disse:

- Não tenha medo, fofa. Eu sou feito de aço, nenhuma chama vai me impedir de te salvar.

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Acordei com um espasmo involuntário no corpo. Olhei em volta e vi que ainda estava escuro, peguei meu celular que estava na mesa de centro e olhei a hora, era cinco da manhã. Me levantei e uma leve dor de cabeça me atingiu, deixou meus olhos embaçados e eu tive dificuldade de ver o chão. De repente meu celular vibrou e eu vi uma mensagem do Phil, eu imediatamente respondi mesmo estando atordoada.


Phil: Me desculpa por mandar mensagem nesse horário. Sabe, eu não consegui dormir depois da nossa conversa. Não sou muito bom com palavras, mas quero te dizer que sinto muito por magoar você. Eu tanto critiquei o homem que você ama e acabei sendo tão idiota quanto ele. Um amigo meu sempre me diz: Nunca brinque com os sentimentos de uma mulher. É, Agatha... Não sei o que houve entre nós, talvez isso não tenha um significado coerente. Mas eu não tenho e nunca tive a intenção de te fazer mal. É isso. ;)

Agatha: Phil, eu posso te ver?


Phil: Você está acordada? Oh, céus! Não imaginei que você responderia tão rápido. Pra falar a verdade, eu ia pagar a mensagem agora mesmo.


Agatha: Eu bebi muito essa noite, nem tive tempo de tomar um banho. A verdade é que a minha cabeça está doendo e eu só queria um banho quente.


Phil: Você bebeu? Com quem? Quer saber? Esquece. Você consegue vir pra cá ou quer que eu te busque?


Agatha: Sim, eu acho que consigo.


Phil: Certo. Te espero.


Agatha: Phil?


Phil: Sim?


Agatha: Me desculpa.

Phil: Relaxa, fofa. A gente conversa pessoalmente.


Inevitavelmente eu sorri. Olhei para cima e vi o Dan dormindo de boca aberta na sua cama, então sem fazer barulho eu sai da casa dele. Montada da minha moto eu segui até o Bar Aurora, onde o Phil ficava. Naquele apartamento pequeno e masculinizado, onde tive muitas lembranças boas com ele. Eu não tinha levado uma blusa de frio, só estava com um top e uma calça preta. Eu praticamente congelei no meio do caminho, mas consegui chegar em segurança. Caminhei até a porta do bar e ele já estava lá me esperando, sem camisa e de calça moletom. Seu cabelo estava despenteado, como se ele tivesse acabado de levantar da cama e o seu olhar brilhou após me ver. Eu sai praticamente correndo e o abracei, ele estava tão quentinho, tão perfumado e tranquilo. Senti ele beijar o meu ombro e dizer:



- Você veio até aqui só para me dar um abraço?

- Não seja convencido. - Resmunguei como uma criança mimada.

- Agatha, você está tremendo e sua pele está fria como gelo. Vamos entrar antes que você fique doente.


Phil pegou na minha mão e me levou para dentro. Passamos por dentro do bar, subimos as escadas e entramos em seu apartamento. Já dava para ver uma mudança significativa na temperatura, lá dentro estava bem mais quente e por isso eu senti um certo alívio. Phil disse em seguida:



- Você disse que precisava de um banho. Bom, você já sabe onde fica o banheiro, fique a vontade.


- Ta bom, eu já volto - Dei uma gaguejada, mas fui até lá.


Tirei toda a minha roupa e as deixei em cima de um cesto de roupas suja. Liguei o chuveiro e entrei debaixo dele, sentindo a água quente percorrer o meu corpo da cabeça aos pés. Sim, era madrugada, mas eu precisava lavar até a minha cabeça. Só assim eu conseguiria me livrar daquele turbilhão de sentimentos que eu estava sentindo e nesse meio tempo eu pensei no Jake. Como um carrocel rápido, passou na minha cabeça todas as conversas que já tivemos e no final aquela frase: Amo você. Que raiva que eu senti, me deu vontade de berrar de tanto ódio. Eu só consegui gritar:


- Phil! - Não demorou 5 segundos, ele apareceu na porta totalmente assustado.


- Agatha, o que foi?


- Eu não consigo... Eu... - Minha voz não saiu e para a minha surpresa ele entrou debaixo do chuveiro com roupa e tudo.

Sem dizer uma palavra, segurando em minha cintura e olhando nos olhos, ele ficou. A água caia sobre o seu rosto e molhava toda a sua pele, e aquela foi a cena mais linda que eu já vi em toda a minha vida. Foi ali que eu percebi que sem esse homem eu não podia viver, que era ele o cara que ia me salvar e mais ninguém. No pior momento da minha vida ele estava presente, nas pequenas coisas ele se fazia presente e pra mim não era só sexo. Sim, eu estava apaixonada pelo Phil e esse sentimento não se comparava ao que eu sentia pelo Jake. Quando eu me lembrava do Phil um sentimento bom me tomava, um sorriso escapava de minha boca e meu coração se enchia de ternura. Mas ao me lembrar do Jake, um desespero tomava conta de mim, junto com uma raiva e falta de ar. Não tinha como comparar, eu sabia exatamente o que eu queria naquele momento. O meu maior medo era não ser correspondida, mas naquela altura eu tinha que me arriscar. O não eu já tinha, só faltava o sim. Então tomei coragem e disse:



- Phil, eu sou uma louca varrida, descontrolada e complicada. Cheia de defeitos, traumas e incertezas, coisas que talvez não faça sentido algum e difíceis de compreender - Coloquei a mão no peito dele para sentir o seu coração bater - Eu demorei para entender, pois eu sou uma puta cabeça dura e oca. Mas agora eu sei exatamente o que eu quero.


- Do que você está falando?


- Mas cedo você citou o Jake e disse que ele é o homem que eu amo, mas não é verdade - Phil desviou o olhar e eu puxei o seu rosto para o mesmo voltar a olhar pra mim - Me escuta, eu não amo o Jake. Eu nunca amei, essa é verdade. Eu era somente uma desesperada por atenção e ele me deu isso, e só agora eu percebi. O que eu sinto por ele não chega a 0,1 % do que eu sinto por você.


- Agatha... - Phil franziu a testa, parecia confuso e desnorteado.


- Eu sei, você é um cara que gosta de viver livre por ai. E muito provavelmente você vai me machucar, mas e daí? Um viciado escolhe morrer por causa do seu vício e eu escolho ser machucada por um só cara, você - Ele ficou imóvel e não disse nada - Eu cansei de bancar a durona, Phil. Eu estou a sua mercê.



Ele estava de boca aberta e após ouvir essa última frase, senti seu coração acelerar e sua respiração ficar irregular. O que será que o Phil estava pensando?


(Continua)...

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Duskwood - AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora