Descartável

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Assim que despertei de um sono profundo, antes de abrir os olhos, comecei a ouvir vozes ao fundo do ambiente. Lentamente abri eles e com dificuldade os apertei para lubrificá-los. Um clarão branco foi a primeira coisa que eu vi, em seguida o ambiente começou a criar formas e cheiros. Pelo odor de álcool, eu cheguei a conclusão de que eu estava em um hospital e quando meus olhos conseguiram fixar em algo, na minha esquerda estava uma longa porta de vidro. Duas figuras se fizeram presente, Alan e Phil. Tentei me mover, mas não consegui. Me sentia fraca demais para tentar fazer qualquer coisa, e olhando para o meu corpo que estava em cima de uma cama, notei que meu braço estava engessado. O outro estava com um acesso, em cima estava uma bolsa de soro e sua coloração amarelada me chamou a atenção. Assim que voltei a olhar para a porta, Phil e Alan se voltaram para mim. O moreno por sua vez deixou o Alan falando sozinho e entrou apressado pela porta, pegando na minha mão e dizendo:



- Ainda bem que você acordou - Ele sorriu rapidamente e eu pude notar que aquele pingente em forma de crucifixo que ele usava no pescoço, agora estava enrolado em suas mãos - Como você está se sentindo?



- Uma merda - Murmurei e fiz o Phil rir - O que o Alan está fazendo aqui?



- Está te rodeando como urubu na carniça, eu já disse pra ele te deixar descansar. - Phil parou de sorrir e fechou a cara.



- Eu preciso falar com ele, deixe-o entrar. - Me movi com dificuldade, tentando ficar sentada.




- Você acabou de acordar, Agatha. Você não acha que já fez coisas de mais? - Eu forcei um sorriso e toquei na corrente que ele segurava.



- Um ponto de fé? - Olhei pra ele.



- Tem certeza que não quer descansar mais um pouco? - Ele sorriu e mudou de assunto.



- Eu tenho que terminar esse caso, Phil. Eu tenho milhares de coisas para resolver, mas uma coisa de cada vez. - Abaixei a cabeça e me lembrei de tudo o que eu fiz. Mas naquele momento o que me importava era resolver a questão mais importante, Alef.



- Tudo bem - Phil me beijou no topo da cabeça e saiu.




Alan entrou logo em seguida. Seu semblante sério me deu arrepios, naquele momento eu achei que ia levar a maior bronca. Porém, ele disse isso:




- Mulher, você tem o dom de se meter em confusão.


- Não me diga, Sr. Policial - Me ajeitei novamente na cama - Como está o Jake?




- Achei que você tinha perguntado isso para o Phil. - Ele arqueou a sobrancelha.




- Eu não vou ficar falando da minha vida pessoal pra você, Alan. Só te fiz uma pergunta.




- Bom, Jake Donfort recebeu uma pancada forte na cabeça. Mas para a sorte dele, não teve nenhum traumatismo e nenhuma sequela. O médico disse que ele ficará bom em breve e por causa da sua desobediência, irá para prisão estadual.




- Mas ela é de segurança máxima. - Arregalei os olhos.



- Eu não faço as regras, só aplico. - Alan cruzou os braços.



- Ótimo, Alan. Agora está na hora de você aplicar as regras no meu irmão.



- O que você está querendo dizer com isso?




- Marcus, o assassino. Ele me contou tudo e disse que foi o Alef que contratou um mercenário para ceifar a vida dos meus pais - Eu disse com raiva, soltando fogos pelas ventas.



Duskwood - AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora