Duskwood - Aurora

Família

Os últimos três dias foram os melhores da minha vida. Não só por estar com o Phil, mas por estar junto dos meus amigos. Amigos que cultivei em meio ao caos, ao desespero e isso é algo bem comum na minha vida. Algo de ruim acontece e outra coisa floresce em volta, não que goste dessa sensação, mas eu já me acostumei. Nesses três dias eu mostrei um lado meu para todos que nunca pensei em mostrar. Me dei a oportunidade de sorrir, de brincar e voltar a ser criança. Levei todos para ir na cachoeira, para andar a cavalo e passamos horas amassando uvas com os pés. Foi relaxante, foi incrível! Tiramos uma dúzia de fotos só para lembrar o quanto aquilo nos fez bem. O tempo que eu passei com o Phil me fez enxergar o quanto ele é um homem diferente daquilo que eu imaginei.
Ele ficou o tempo todo me rodeando, porém me dava o espaço que eu precisava, foi cuidadoso, carinhoso e prestativo. Ele se deu o direito de brincar também, de se enturmar com o grupo e conseguimos batizar ele na piscina de casa, para fazer a iniciação dele no grupo. Foi muito divertido e apesar de tudo, ele também se divertiu muito.

No final do terceiro dia todos já tinham ido embora, ficando somente o Phil. Estávamos tão cansados por causa do dia super hiperativo que tivemos, que fomos dormir cedo. Minha mãe tinha ligado horas atrás dizendo que estava voltando para Duskwood de carro e que em breve chegaria. Provavelmente de manhã, então dormimos em paz, até que eu comecei a sonhar.

-------------------------------------------------------------

Durante o sonho da Agatha..

Eu estava na floresta, chovia muito forte, estava frio e eu tinha medo. Estava escuro, não conseguia ver nada e meu rosto estava molhado por causa dos pingos de chuva. Senti algo me empurrar, era uma sombra alta e eu tive medo. Sai correndo no meio da floresta e aquela sombra vinha atrás, eu corria e ela me alcançava. Ela chamava o meu nome: " Agatha! Agatha! Agatha! "

-------------------------------------------------------------

Eu acordei assustada e imediatamente escutei alguém dando vários murros na porta:

- Agatha! - Era a voz do Theo e ele estava desesperado. Eu pude ouvir também o barulho da chuva e de trovões altos.

- O que está acontecendo? - Phil se levantou da cama e olhou pela janela - Acho que é o seu amigo veterinário.

Sem dizer uma palavra e com o coração disparado, desci as escadas rapidamente e abri a porta:

- Graças a Deus que você me atendeu! Eu liguei um milhão de vezes para o seu celular! - Theo estava estranho e encharcado de chuva.

- Eu estava dormindo. O que aconteceu?

- Agatha, você tem que vir comigo, agora! - Ele pegou no meu braço e puxou.

- Você não vai levar ela para lugar algum antes de dizer o motivo. - Phil pegou no braço dele, evitando que ele me puxasse.

- Parem com isso! - Briguei com os dois - Theo, o que está acontecendo? Por favor, me fala!

- São seus pais, Agatha - Meu peito começou a pegar fogo - Sofreram um acidente na rodoviária enquanto vinham para cá.

- Onde eles estão? Eu preciso ir até lá! - Ameacei sair, mas o Phil me puxou de volta.

- Está chovendo, Agatha.

- Que se foda, Phil! - Eu gritei com ele.

- Fica calma, eu levo você de carro. Tá bom? - Ele segurou o meu rosto e me deu um selinho.