3 Days

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No dia seguinte eu cheguei em casa do trabalho e os meus pais estavam com as malas feitas e colocadas na sala de estar. Me sentei no sofá, coloquei minha arma ali mesmo e fiquei esperando os dois aparecerem. Logo eles apareceram e estranharam por eu não ter feito as malas também:




- Querida, não tínhamos combinado de ir para a formatura do seu irmão? - Minha mãe se aproximou super arrumada.


- Não estou afim, mãe. Acho que eu não tenho nada pra fazer lá, pra falar a verdade, o Alef não vai querer me ver lá.


- Eu não acredito nisso, Agatha. Tenho certeza que ele ficará triste se não te ver lá para o prestigiar. - Meu pai se sentou do meu lado.


- Pai, você sabe bem que não é bem assim. Vão vocês e se divirtam.


- Agatha, você tem certeza disso? - Minha mãe fez uma cara de quem estava com pena de mim.


- Mãe e pai, amo vocês. Se divirtam e tire bastante fotos em New York. - Os dois me abraçaram, um de cada lado do meu corpo.


- Já que você tem certeza disso, eu preciso te dizer que chamei alguém para cuidar da fazenda.



- Quem, pai? - Fiquei curiosa.



- O Theo Edwards. - O papai respondeu.


- O filho do velhote? Nosso veterinário? Fala sério!


- Querida, não fale assim. - Mamãe me repreendeu.



- O mais importante para nós é o trato dos cavalos e o Theo é veterinário como o pai, sabe bem lidar com essas coisas. E o capataz continuará cuidando do vinhedo.



- Vão ser só três dias fora. Você vai ver como vai passar rápido - Minha mãe sorriu - Ah, se você permitir, quero levar a Rollie conosco. Eu quero levá-la para passear no Central Park, igual nos filmes.


- Sua mãe não tem falado em outra coisa. - Meu pai riu.


- Três dias, vocês levam a minha companheira e eu vou ficar sozinha? - Cruzei os braços feito uma criança birrenta.


- Filha, você pode ficar com o Theo. - Minha mãe deu um sorriso de canto.



- Eca, mãe! Ele é praticamente meu irmão, eu cresci vendo ele arrancar meleca do nariz e colocar na boca. Que estupidez!



- Talvez essa seja a magia do amor, a intimidade. - Meu pai gargalhou.



- Cruzes! Vocês não vão sair logo? - Disfarcei um sorriso, pois já sabia o que eu ia fazer logo após.



- Vamos sim, já que você não quer ir. Vou buscar a Rollie e a casinha de transporte dela. - Mamãe se lavantou e saiu da sala.


- Você vai ficar bem aqui, filha? - Meu pai pegou na minha mão e apertou forte.



- É claro, sempre foi assim. Não há nada de novo.


- Me perdoa, Agatha - Essas palavras cortaram o meu coração como uma lâmina afiada - Eu não consegui te ver crescer e negligenciei você. Agora você já é uma mulher e pra mim parece que isso aconteceu em um piscar de olhos. Nunca pense que não te amamos, se nos esforçamos para levantar essa fazenda é justamente por sua causa. Para deixar você e o seu irmão bem.



- Eu sei, pai. - Mordi o canto da boca para suprimir um choro que estava querendo me tomar por inteiro.




Se eles soubessem o que eu sinto, talvez nunca tivessem que partir. A única coisa que eu queria deles é a atenção, que sempre foi dada esbanjadamente ao meu irmão e que faltou pra mim. Mas eu não precisa dar o perdão a eles, pois eu não sentia que tinha que perdoa-los. Minha mãe voltou com a Rollie no colo, sorrindo e cantarolando:




Duskwood - AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora