Provas do crime

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Voltei para a fazenda e encontrei a esposa do capataz começando o serviço. Me aproximei dela, coloquei a sacola no chão e disse:





- Desculpa a demora, eu estava resolvendo algumas coisas na cidade.



- Ah, não se preocupe. Eu vim adiantar as coisas e queria te pedir um favor, Agatha... - Antes que ela pudesse falar, um menino de aproximadamente seis a sete anos passou correndo pela sala - Alê, não corra! Bom, era isso que eu queria dizer.



- Ele é o seu filho? - Me impressionei com os traços latinos do menino, ele parecia muito com o pai dele, José.



- Sim. Eu tive que trazer ele pra cá, a escola dele entrou em recesso e eu não tenho com quem deixar ele. Me desculpa.



- Não, imagina. Eu entendo você - Me aproximei do menino e ele me olhou curiosamente - Oi, eu sou a Agatha.



- Eu... - Ele olhou pra mãe dele, como se quisesse a permissão dela. Ela por sua vez, balançou a cabeça positivamente - Alejandro.



- Os amiguinhos dele o chamam de Alê. - A mãe sorriu.



- Será que eu posso ser sua amiga e te chamar de Alê? - Ele balançou a cabeça dizendo que sim e sorriu timidamente - Ótimo.




- Ele não vai incomodar, eu prometo. Ele é obediente, não é Alê?




- Mãe? - Ele se aproximou dela - Eu posso ajudar também? Prometo que não vou fazer bagunça.




- Filho eu não sei se é uma boa ideia.




- Não se preocupe, mãe - Respondi sorrindo - Alê, quer me ajudar a arrumar o andar de cima? Como pode ver eu tenho um braço a menos.



- O que aconteceu, Agatha? - O menino correu até mim e ficou olhando para o gesso.




- Um acidente. Eu quebrei o braço, mas não se preocupe, não é a primeira vez que isso acontece.




- E tá doendo? - Ele tocou no gesso com o dedo indicador.



- Hoje não mais, mas no dia foi terrível. - Dei risada.



- Agatha, ele vai falar o dia inteiro se você deixar. - A mãe dele sorriu.



- Eu não me importo, as vezes até eu falo demais - Olhei pra ele - Quer ver a minha amiga? Ela está lá no andar de cima. Ela é peludinha, barrigudinha e adora correr atrás de uma bolinha azul.



- Quero! - Ele se animou.





Peguei na mão do menino e o levei até o andar de cima. Eu tinha colocado um cercadinho para que ela não fosse para o andar de baixo e corresse o risco de sair para fora de casa. Era muito perigoso pra ela por causa dos cavalos, só ia deixar ela ir pra fora quando a mesma criasse tamanho de gente. A Rollie ficou muito feliz ao vê-lo e ele também. Ensinei como jogar a bolinha pra ela e isso o manteve intertido por um tempo, enquanto eu fui direto para o quarto dos meus pais. Meu peito queimou quando eu vi o quarto todo bagunçado e revirado, peguei toda a roupa de cama e coloquei em sacos de lixo. Tinha resíduos do Alef ali, daquele psicopata do Marcus e de quem mais esteve ali. Depois abri o closet para pegar roupas de cama novas que estavam guardadas e vi algumas peças e pertences do Alef. Além de ser um monstro, ele ainda era um folgado. Misturou as roupas dele com as dos meus pais e teve a coragem de dormir ali, desrespeitando a memória dos dois.

Então, antes de pegar a roupa de cama fui tirando todas as coisas do Alef dali e coloquei dentro do mesmo saco de lixo. Até que no meio do processo eu vi algo cair de um blazer do meu irmão. Olhei para o chão e vi que era um cartão de visitas:


Duskwood - AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora