15- Samantha

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E as noites foram assim, uma após a outra; Samantha tinha crises de choro ou síndrome do pânico. A jovem gritava desesperadamente, e eu subia as escadas da mesma forma.

Já havia quebrado a porta do quarto da jovem por duas vezes, pois estava trancada. Depois de um pedido de sua mãe, a jovem concordou em não mais trancar o quarto.

- Ela está vindo. Eu não quero morrer. - Samantha gritava constantemente durante as crises.

Uma noite, depois de um dos pesadelos de Samantha, o policial Fernandes sentou ao lado da porta do quarto da jovem e ficou ali por horas. Isso fez com que ele soubesse que os pais da jovem revezavam (cada noite um ficava acordado) por causa das crises da filha, e por vezes a própria Samantha não dormia.

A jovem, percebendo que o policial não iria sair dali, arriscou uma conversa:

- Eu estudei com você algumas vezes.

- Eu lembro, te chamavam de bruxinha, falavam que você adivinhava coisas. - O policial falou, sentado no chão com a cabeça encostada na parede.

- Digamos que eu estraguei algumas vezes os planos dos professores de fazerem provas surpresas, mas na quarta série minha mãe falou que as crianças diferentes não têm muitos amigos.

- E foi aí que você passou de criança que sofria bullying para a criança que praticavam bullying. - O policial falou, olhando para o teto.

- E foi aí que começaram meus pesadelos. - Samantha falou enquanto abraçava um grande urso de pelúcia em seu quarto com todas as luzes acesas.

- Eu nunca liguei para os apelidos que você me colocava. Minha mãe sempre me ensinou que quanto mais você se importa, mais os apelidos pegam. Se te faz sentir melhor, eu te perdoo.

- Obrigada.- Falou a jovem esboçando um sorriso.

Horas depois, quando o horário do trabalho do policial Fernandes havia acabado e o mesmo estava na delegacia cheio de sono, o capitão Lohan, muito sério, o chamou em sua sala.

- Bonjour, policial Fernandes. Eu sei que já passou do seu horário de serviço e que está cansado, então prometo ser breve: como foi com a senhorita Samantha Caron?

- Samantha continua viva, senhor, se bem que às vezes duvido que seja isso que ela queira; ela tem muitos pesadelos e ataques de síndrome do pânico. Mesmo indo ao psicólogo, cansei de subir escadas correndo toda vez que Samantha grita e decidi montar guarda na porta do quarto dela.

- E como ela reagiu? - O capitão perguntou preocupado.

- Ela não tem muita escolha, é isso ou morrer. Na primeira noite dormiu 4 horas seguidas, isso é um recorde, normalmente dorme apenas 2 horas seguidas, acorda um pouco e volta a dormir, acorda mais um pouco e dorme outro tanto. - Poncho explicou.

- Mas não é só isso, saiu o exame da arcada dentária de Louise Durand e o corpo que está enterrado é realmente da ex-miss, o estranho é que tinha uma queixa de violação de sepultura de 3 meses atrás.

- Estava faltando alguma coisa, capitão? - Poncho perguntou, estranhando tudo o que estava acontecendo.

- Louise não foi enterrada com nada de valor que eu saiba, estranhamente a única coisa que levaram foi seu cabelo.

- Isso está cada vez mais estranho, capitão. Será possível que os folículos permaneceriam bons a ponto de fazer um exame de DNA por tanto tempo?

- Eu não sei. - O capitão Lohan sacudiu a cabeça em negação.

Poncho se levantou e foi até à porta para ir embora, porém, antes de fechar, falou:

- Capitão, sei que é amigo da família Morel, o que acha de Samantha Coren?

Core poupée, a Garota do Cabelo de Boneca( +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora