5-Venha fazer parte da nossa equipe

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Três dias depois, Core ainda não acreditava que havia beijado Poncho. Ela não ligou para o rapaz e não atendeu seus telefonemas. Sempre que o rapaz ligava, a jovem deixava passar alguns minutos e depois mandava uma mensagem dizendo que estava muito ocupada. No entanto, se pegava pensando naquele beijo várias vezes por dia.

Eram muitos detalhes para serem lembrados: a maciez do lábio inferior, seu hálito de canela graças ao seu chiclete favorito, a mão dele apertando sua cintura e fazendo com que Core ficasse mais perto dele, seus músculos e como ele ficava lindo de farda.

Para tentar parar de pensar em Poncho, a moça tomou um banho frio e vestiu uma roupa mais sóbria, composta por uma calça social preta, uma camisa sem mangas de cor branca com pequenas bolinhas pretas e um laço no pescoço, além de um scarpin preto. A jovem imprimiu alguns currículos e foi até sua coleção de perucas em seu quarto. Havia perucas de diversas cores, como azul, rosa, verde, castanha, ruiva, loira, prata... A preta parecia chamá-la, mas dessa vez optou pela platinada longa com franja e foi em busca de um emprego para ocupar sua mente.

Core foi ao shopping mais próximo de casa e, entre uma olhada e outra nas vitrines, entregava um currículo. Ao todo, a moça entregou 18 currículos. Ela deu uma passeada pelo shopping para tentar se distrair, mas parecia que tudo lembrava Poncho: o sorvete de casquinha, a jaqueta de couro preta na vitrine, a loja favorita dele e até um rapaz fortão que subia a escada rolante.

Quando Core estava voltando para casa, distraída, passou em frente à lanchonete dos pais de Roberta. A jovem leu a placa no vidro da lanchonete: "Venha fazer parte da nossa equipe". Ela ainda lia o anúncio quando viu Milena e duas amigas saindo do estabelecimento.

- Aí, Roberta, acho que Core Poupée está precisando de emprego - falou Samantha.

- Pede para sua mãe contratá-la, pelo menos não correrá o risco de encontrar cabelo na comida - disse Milena.

- Ou não, de repente pode encontrar uma peruca inteira na sopa - Rita falou enquanto Roberta ria alto.

- Melhor não contratar, ela vai inventar que está doente de novo para poder ficar recebendo o salário sem trabalhar - disse Duda.

Os olhos de Core marejaram quando a viatura se aproximou e Poncho saiu dela falando alto:

- Qual é a sua? Me beija daquele jeito e depois some.

- Você ouviu isso, Milena? A poupée anda pegando seu resto - Roberta falou sorrindo.

- Se quiser, tem também o resto de um hambúrguer que deixei na mesa da lanchonete - Milena falou apontando para a mesa, e suas amigas riram alto.

- Cale a boca - Poncho falou alto e, depois, aumentando o tom de voz e pegando no braço de Core, falou: - Core, temos que conversar, entre no carro.

- Poncho, você está me pegando pelo braço e me forçando a entrar em uma viatura, o que as pessoas irão pensar? - Core falou, e o rapaz, olhando a sua volta, reparou que algumas pessoas já olhavam para eles.

- Désolé, você tem razão, passarei em sua casa às 19 horas, precisamos conversar - Poncho falou quase sussurrando e entrou na viatura com seu parceiro, que segurava a risada.

Core rapidamente atravessou a rua, afastando-se de Milena e suas amigas.

A jovem andava rápido, quase correndo, mas, em sua visão, era como se tudo estivesse em câmera lenta.

Alguns minutos depois, Core chegou em casa, segurando as lágrimas. Deu um carinho rápido em seu cachorro, um ranskin siberiano chamado Auau, que deitou a seus pés assim que a viu. A jovem, que não estava para brincadeiras, entrou em casa e avisou sua mãe que, quando Poncho chegasse procurando por ela, era para falar que tinha saído.

Sua mãe até perguntou o que havia acontecido, mas a jovem não respondeu.

Core sentou em sua cadeira de escritório rosa, que estava na frente de sua escrivaninha, abriu o seu notebook por instinto e deu de cara com a foto de Poncho e ela no dia que soube que estava curada. A jovem colocou uma música aleatória e virou o notebook de modo que não desse para ver a foto da tela inicial, e então ficou rodando na cadeira até ficar enjoada.

A senhora Rondel, querendo saber o motivo do mau humor da filha, subiu levando na bandeja uma garrafa de suco de laranja natural e um copo. Quando a senhora Rondel entrou no quarto e perguntou o motivo de seu mau humor, a filha disse apenas que estava indisposta, mas quando viu que se tratava de suco de laranja, Core pensou imediatamente em Poncho.

- É o suco favorito dele - a jovem sussurrou.

- Acho melhor levar de volta - afirmou a mãe.

Core poupée, a Garota do Cabelo de Boneca( +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora