34 Qual o meu problema

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- Eu vou com você. - falou Samantha já vestida.

- Se quer ir, fala com seu pai; tenho certeza de que ele não vai gostar nada disso. Liga para ele. - Poncho falou colocando uma regata preta e indo para o banheiro para pentear o cabelo.

- Papai, Maitê falou que não estou mais na lista negra da Louise. Se quiser, pode ligar para a vovó; ela sabe de tudo. Manda o Roy embora que eu irei com Poncho aí. - Samantha falou em vídeo chamada com o pai.

- Como se adiantasse falar não para você; e por que não contou que não corria mais riscos hoje cedo? - Perguntou Lohan.

- Eu precisava de uma carona, esqueci a carteira em casa. - falou Samantha.

- Toma esse capacete, vamos de moto que é mais rápido. - Poncho falou entregando o capacete para Samantha enquanto pegava os documentos e algumas notas fiscais das armas.

- Ah não, minha filha não se salvou de uma psicopata para morrer em um acidente de moto.

- À bientôt papa. - Samantha falou desligando a ligação.

Quando Poncho e Samantha chegaram, o Capitão Lohan já estava vendo a gravação da câmera. Samantha e Poncho entraram no prédio e foram direto onde estava o Capitão Lohan, que pausou o vídeo exatamente quando Core, vestida com um moletom de capuz e luvas de inverno em um dia de calor, estava visível.

O Capitão mandou que a policial desse um zoom exatamente quando Core levantava o rosto, possivelmente para verificar a posição da câmera e, talvez, aparecesse parte do rosto da jovem.

Samantha tossiu, engasgada com a própria saliva, nervosa, pensando que poderiam ver o rosto de Core.

- Tente descobrir se essa pessoa mora aqui; comece com o homem que abriu o portão para ela. - O Capitão falou para a policial.

- Perdão, vou verificar minhas armas. - Falou Poncho, pegando na mão de Samantha e indo em direção ao elevador.

- Eu achei que fosse aparecer o rosto dela. - Samantha falou enquanto olhava para as mãos deles juntas.

- Preciso que seja mais discreta. Se ela pegou alguma arma, ela mudou o padrão. - Poncho falou entrando no elevador.

- Ela mudou o padrão por minha causa, ela está com medo das outras garotas também terem armas. - Samantha falou saindo do elevador.

Entrando no apartamento que tinha a porta arrombada, Poncho foi direto para o quarto sem janelas, onde guardava parte de sua coleção de armas. O cômodo era, na verdade, uma lavanderia desativada, pouco menor que um quarto, com uma cômoda de seis gavetas e todas trancadas. Na parede, como decoração, havia um arco e flecha, e deveriam ter três balestras, mas só havia duas nos suportes de parede, e nas gavetas que estavam arrombadas, estava faltando muita munição.

- Merda, está faltando uma balestra pequena, sete flechas, três pistolas e muita munição. - Poncho falou de frente para as gavetas que guardavam as armas.

- Core já esteve aqui? - Samantha perguntou.

- Não é hora para ataques de ciúmes, Sam. - O rapaz falou, ainda de mãos dadas com Samantha, levando-a para seu quarto, que estava com muitas coisas fora do lugar, jogadas no chão ou em cima da cama.

- Também está faltando uma jaqueta de couro, um boné preto e uma mochila de acampamento. - Poncho falou para Samantha, visivelmente preocupado.

- Claro, quem olhar o vídeo vai ver ela entrando, mas não vai ver saindo. - Sam falou.

O rapaz estava impaciente, claramente querendo sair dali e ir atrás de Core, mas o Capitão Lohan chegou ao apartamento e começou a fazer várias perguntas e pedir documentos que comprovassem que as armas eram legais.

- O que levaram? - O capitão perguntou a Poncho, e o policial sabendo que era impossível sair dali sem responder todas as perguntas, começou a falar rapidamente.

- Dei por falta de uma Beretta 9 mm, duas pistolas .40: uma prata e uma preta; muita munição, uma mini balestra e suas flechas. Vou pegar a documentação. - Poncho soltou a mão de Samantha, que foi para perto do pai.

Louise havia deixado o apartamento uma bagunça em todos os cômodos, e Poncho andava desviando de uma ou outra coisa. Quem olhasse iria pensar que alguém entrou na casa do policial e bagunçou os cômodos procurando por coisas de valor, mas na verdade Louise sabia muito bem o que queria.

Samantha aproveitou que o pai não prestaria atenção no que ela falava e perguntou:

- Papai, o senhor sabe me dizer se acharam o meu celular?

- Sim, acharam.

- Onde estava? - A jovem perguntou parecendo despreocupada.

- Na região da pirâmide de Juvisy, minha filha. Depois conversamos.

- Afonso, você acha que roubaram as armas para vender? Quem sabia que você colecionava armas? Está faltando mais alguma coisa, roupas, malas?- O capitão perguntou.

- Não, foram só as armas. - O rapaz mentiu, olhando nos olhos de Samantha, que, impaciente, falou.

- É o seguinte, eu estou indo porque estou vendo que as coisas aqui vão demorar, e estou com fome. À bientôt, papai, à bientôt, Poncho.

Samantha deu um abraço em seu pai e outro em Poncho. Quando abraçou o rapaz, tirou do bolso dele a chave da moto, desceu correndo pelas escadas do prédio e saiu com a moto do policial.

Meia hora depois, Poncho conseguiu sair do prédio e encontrou seu carro estacionado na vaga onde estava a moto.

- Qual é o meu problema? Minha ex-namorada ficou possuída, arrombou minha casa e roubou minhas armas, minha namorada atual arrombou minha casa e roubou minha moto... Você teve um ótimo dia, policial Fernandes.

Poncho olhou no celular e tinha uma mensagem de Samantha que dizia:

- Peguei sua moto emprestada, desculpa, mas não estava com paciência para esperar você responder todas as perguntas do meu pai. Vim em casa trocar de roupa, pois não dava para ir atrás da Louise de blazer e bota de salto alto. Vou mandar a Nina levar o seu carro para seu apartamento, o que será fácil, pois a porta está arrombada e você deixa a chave em cima da mesa da cozinha. Mandarei a chave reserva também.

- Quanta consideração. - Poncho falou ligando para Samantha e perguntando:

- O que você está pensando? Sam, só para ficar claro: a gente está junto, isso não te dá o direito de arrombar a porta da minha casa e roubar minha moto.

- Désolé pela porta, eu te dou outra. E eu pretendo devolver a moto. Agora escute: Eu já sei o que está fazendo a ligação entre Core e Louise, é o cabelo. Se você tiver como, passe na sua casa e pegue uma máquina de cortar cabelo a pilhas ou a bateria. Eu já peguei a do papai Oliver, estou indo para casa de Milena, e você irá para a Universidade Sorbonne Université. Duda e Roberta estudam lá, e se eu estou certa, elas não se arrependeram e ainda estão correndo risco de morte.

- E o que você quer que eu faça, que corte o cabelo dela? Ela tem três pistolas e uma besta. - Poncho falou enquanto dirigia.

- Melhor do que matá-la. - Disse Samantha.

- Mas ela não tem cabelo, ela usa peruca, esqueceu?

- Louise teoricamente não ganhou o concurso porque cortou o cabelo; cabelos da Miss França aparecem nos locais dos assassinatos, eu não posso estar errada, tem algo a ver com o cabelo.

- Sam, pode ser que esteja certa. A única coisa que roubaram do corpo da Louise foram os cabelos, e eu dei uma peruca para Core, que eu não faço ideia da procedência. - Poncho falou enquanto dirigia.

- Sério? A lenda urbana da peruca de cabelo de defunto?

Core poupée, a Garota do Cabelo de Boneca( +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora