No primeiro dia em que Samantha chegou à Maison Caron, a jovem estava muito nervosa, mesmo acompanhada por sua avó, seu pai biológico e Poncho. Era evidente que todos ali sabiam que se tratava de uma Caron, pois havia murmúrios ao seu redor.
- Todas essas alas são para iniciantes, pessoas cujo dom se manifestou recentemente ou que ainda não conseguem controlá-lo totalmente - explicou Angèle, mostrando salas com cerca de 40 pessoas copiando o que estava no quadro (pois não era permitido o uso de celular nem de câmeras dentro do recinto). - Agora vamos para o pátio, onde os alunos avançados se encontram nesse horário. Lá, você também encontrará ex-alunas que vêm aqui porque se sentem bem ou para consultar os psicólogos.
Quando chegaram ao pátio, Samantha e, principalmente, Poncho ficaram surpresos com o que viram. Pessoas transformando sementes em flores em segundos, entortando colheres apenas com o olhar e movendo objetos com a mente.
- Os alunos de nível avançado frequentam a Maison Core apenas meio período, podendo ir para casa se quiserem. Já os iniciantes e intermediários ficam aqui em regime de internato - explicou Angèle.
Enquanto caminhavam pelo enorme pátio, Angèle explicou: - A maioria das pessoas que estão aqui não precisa ficar, mas elas vêm porque é onde podem conversar com pessoas semelhantes, sem que ninguém as julgue ou faça piadas. A psicóloga daqui diz que a maior queixa dos pacientes é ter que fingir o tempo todo serem quem não são para o mundo, e aqui elas podem ser quem realmente são.
No meio de tudo isso, Samantha viu uma jovem de cerca de 25 anos que parecia falar sozinha.
- Maîtê ficou internada em um manicômio por 7 anos até que uma enfermeira da clínica entrou em contato conosco, então entramos em contato com os familiares da paciente, afirmando ser uma clínica melhor e mais barata - explicou Angèle. - Hoje, Maîtê leva uma vida normal e fala com os mortos quando deseja.
Poncho olhou para Samantha, surpreso com alguém que falava com os mortos, e a jovem apenas deu de ombros.
Depois de todas as explicações, o capitão Lohan expressou sua preocupação: - Minha preocupação é que o local é muito grande, tem muitos pontos cegos, muitas árvores próximas aos muros, e pelo que parece, a assassina é uma exímia escaladora.
Poncho acrescentou: - Não exatamente uma escaladora; a facilidade dela é ainda maior. Talvez ela seja uma ginasta ou praticante de parkour.
Após planejarem tudo, decidiram que duas viaturas ficariam descaracterizadas na frente da Maison Caron, e Poncho ficaria de vigia no corredor do quarto de Samantha, mas ele teria que usar o uniforme dos seguranças do local.
Passados três dias, Samantha estabeleceu uma rotina diária: acordava às 8:00 da manhã e ligava para o padrasto (pois abriram essa exceção devido à situação), depois ligava para o pai biológico para informar sobre tudo o que estava acontecendo, como combinado. Em seguida, ela tomava o café da manhã com os outros estudantes. Ao invés de ir para uma sala de aula, Samantha seguia diretamente para a sessão com o hipnólogo e sua avó. Almoçava às 12:00 e tinha aula às 13:00. Havia um horário de visitas das 15:00 da tarde, quando Poncho e Samantha iam para o campo conversar. Depois do horário de visitas, Poncho voltava para casa, e Samantha continuava com mais uma hora de aula e uma hora no pátio.
No quarto dia, durante o intervalo do almoço, no refeitório, Maitê sentou-se a três cadeiras de distância de Samantha. As duas já haviam se servido e estavam comendo pacientemente suas refeições quando Maitê começou a falar, olhando para a cadeira vazia ao lado.
- Se você não gosta dela, problema seu. Eu não vou arrumar encrenca com a garota só porque você não gosta dela... Pare de bobagem, eu não vou pedir para os segurança a colocarem para fora. Ela é uma das donas disso tudo aqui, ela é uma Caron... Não, eu não vou pegar a faca de peixe e meter na garganta dela.
Zilá, uma jovem que as pessoas diziam falar com animais, estava sentada à frente de Maitê e perguntou preocupada:
- Maitê, você está bem?
Maitê respondeu: - Não, ela é mais forte do que eu. Peça ajuda.
Antes que Zilá pudesse reagir, Maitê pegou-a pela gola da camisa e a arremessou a seis metros da mesa em que estavam. Samantha ficou de pé, surpresa e nervosa, perto da garota possuída.
- Você será a próxima, não há como escapar. Você seria a próxima - Maitê, ainda possuída, pegou Samantha pelo colarinho da camisa, que rasgou, com uma mão e, com a outra, pegou a faca de peixe.
O segurança apareceu na porta do refeitório, mas antes disso, uma das alunas pegou uma jarra de suco (de vidro) e bateu com força na cabeça de Maitê, que caiu desmaiada. Samantha ficou atordoada e permaneceu de pé ao lado da garota possuída.
Após o incidente, a rotina na Maison Caron continuou. Samantha seguiu seu cronograma diário, que incluía ligar para o padrasto, depois para o pai biológico, e participar das atividades programadas no local.
No entanto, Samantha começou a perceber que estava sendo observada. Ela sentia olhares e ouvia sussurros entre os outros alunos da Maison Caron. A sensação de que algo estava errado a incomodava.
Os dias se passaram, e os seguranças permaneceram em seus postos, mantendo a vigilância sobre a propriedade. Samantha ainda estava em alerta, sabendo que a assassina, Louise Durand, poderia aparecer a qualquer momento.
O clima na Maison Caron ficou mais tenso à medida que o tempo passava. Samantha estava determinada a proteger a si mesma e a sua família, mas também sentia uma pressão crescente para usar seu dom de premonição e tentar identificar a próxima vítima de Louise.
Enquanto isso, Poncho continuava a apoiá-la, oferecendo suporte emocional e estratégico. Ele estava disposto a fazer qualquer coisa para ajudar Samantha a desvendar o mistério por trás da serial killer que assombrava a vida deles.
E assim, a jovem Caron se preparava para enfrentar mais desafios, determinada a descobrir a verdade e colocar um fim no pesadelo que assombrava sua família e sua própria vida.
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Core poupée, a Garota do Cabelo de Boneca( +18)
Mystery / Thriller"Core Poupée é uma jovem que ficou conhecida assim após enfrentar 6 anos de tratamento contra a leucemia. Devido ao tratamento ter feito com que seus cabelos caíssem, a jovem optou por usar perucas, mas não podendo comprar perucas de cabelos naturai...