𝟔𝟔| 𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨

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• 𝐌𝐚𝐲𝐚 𝐊𝐫𝐚𝐦𝐞𝐫 •

O resto da tarde foi calma, onde aproveitei para fazer alguns relatórios que tinha deixado para trás. Na minha cabeça eu apenas ansiava estar perto de Mick e ter a noite que ele me prometeu que eu não iria esquecer. Só não esperei que a forma que eu não iria esquecer era porque ele cancelou à última da hora.

Se fiquei confusa? Imenso. Olho para trás para saber se foi algo que disse ou algo que fiz, mas não tinha acontecido nada que levasse a ele ficar assim comigo. Na manhã de sábado mando a mensagem habitual com a cantada de sempre, porém ele não me responde. Talvez ele não tenha tido tempo.

No paddock, quando passava por mim, nem um olhar ele me dava, era como se ele me estivesse a ignorar, como se ele não me conhecesse. Olho uma última vez as minhas mensagens que continuavam sem resposta.

Ele estava frio, o seu habitual sorriso era substituído por uma expressão séria que fazia o meu corpo arrepiar com um sentimento de que algo estava mal. Não insisto e não falo com ele, se realmente aconteceu alguma coisa, quando ele estiver pronto ele irá falar comigo.

Sento-me numa das cadeiras da garagem da Aston a ver o Sprint onde Mick começaria em P7. Durante a corrida o ambiente na Haas era pesado, o descontentamento nas mensagens de rádio entre Mick e o seu engenheiro era visível.

O sprint acaba e Mick termina em P9, vejo ele sair do carro com uma expressão séria e zangada. Ele esteve tão perto de pontos, será essa a razão? Algumas horas se tinham passado e eu continuava sem uma única resposta da sua parte. Se eu estava a começar a ficar preocupada? Sim, por isso vou até ao seu quarto na Motorhome da Haas.

Bato na porta abrindo-a em seguida, revelando o alemão sentado no sofá com uma toalha na cabeça e com o seu fato de corrida pela cintura.

– Posso? – Pergunto e Mick apenas murmura algo que não consigo perceber.

Entro na divisão fechando a porta atrás de mim. Ando até ao piloto e sento-me do seu lado

– Está tudo bem? – Pergunto acariciando a sua mão, mas este tira-a logo de imediato recuando. – O que é que se está a passar?

– Nada. – Ele fala ríspido continuando sem me olhar e com a estupida toalha na cabeça.

– É melhor eu voltar mais tarde. – Falo levantando-me e percebendo que eu não era bem vinda

– Não é preciso, não voltes de todo. – Ele responde ríspido mais uma vez e isso faz o meu sangue ferver.

– Eu não sei o que te deu, mas se mais tarde quiseres falar comigo sabes onde me encontrar.

Não o deixo responder e saio sem olhar para trás. Algo tinha mudado e eu não fazia questão de ficar para descobrir, porque ele parecia ainda estar de cabeça quente e conversas nesse estado nunca correm bem.

Volto para a Motorhome da Aston onde encontro o meu pai e voltamos para o hotel que partilhávamos com a Haas. Durante o jantar com a minha família eu tentava por o que estava a acontecer entre mim e o piloto para trás, eu queria esquecer tudo aquilo, fingir que nada aconteceu e que estávamos bem. Mas não era essa a verdade, algo estava errado e eu não sabia o que fazer porque ele não falava comigo.

O aniversário de Hugo estava quase aí e como era de esperado calhava no meio de mais uma corrida, este tinha sido um dos temas durante a refeição, como iriamos celebrar e com quem. Algumas ideias foram apontadas e mais tarde e com mais calma iriamos decidir o que iriamos fazer.

Assim que o jantar termina eu volto para o meu quarto, para eles não desconfiarem apenas usei a desculpa de que não me estava a sentir muito bem e que precisava de descansar. Eles não disseram mais nada e segui rapidamente para o meu ponto seguro.

Entro no quarto e uma vez que fecho a porta troco de roupa para o meu pijama que consistia nuns calções curtos cinza e uma t-shirt branca. Deito-me na cama tentando fazer sentido do dia de hoje e apenas consegui chegar à conclusão de que nada fazia sentido. Não me tinha apercebido que tinha adormecido até acordar com alguém a bater na minha porta. Eram 3 da manhã, quem é que bateria à minha porta a esta hora. A pessoa volta a bater e com alguma dificuldade vou até à porta onde pelo pequeno buraco na porta vejo que era Mick.

– O que estás a fazer aqui a esta hora? – Pergunto sonolenta deixando-o entrar.

– Tu é que disseste para vir aqui. – Ele fala e eu fecho a porta olhando o piloto.

– Não a esta hora, amanhã tens corrida. Tu devias estar a descansar.

– Mas eu queria estar contigo. – Ele aproxima-se e é nesse momento que sinto o bafo a álcool.

– Tu estás bêbedo? – Afasto-me colocando alguma distancia entre nós o que parece chateá-lo.

– Não.

– Mick eu não te quero neste estado. É melhor ires embora. – Falo indo na direção da porta.

– Até tu? – Um tom ríspido apanha-me de surpresa, o mesmo tom que ele usou mais cedo na Motorhome.

– Até eu o quê Mick? O que é que queres dizer? – Ele não responde. – Eu não sei o que se está a passar contigo, mas não é em mim que tens que descarregar a tua raiva, que tal voltares para o teu quarto tomares um banho bem frio e amanhã nós falamos.

– Esquece, tu não ias entender. – É a única coisa que ele diz antes de sair do quarto e bater com a porta.

Pick-up Lines || 𝐌𝐢𝐜𝐤 𝐒𝐜𝐡𝐮𝐦𝐚𝐜𝐡𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora