Quatorze

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Aqui é a autora para avisar um negócio: esse capítulo pode ter cenas tensas e sensíveis para quem é muito sensível.
Agora sim, você pode ler!!

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— Mãe, pai. — Luxanna Stemmaguarda entrou na sala de sua própria casa na companhia de uma pessoa muito especial.

Jinx estava um pouco tímida para o seu humor usual, visto que estava sozinha na mansão dos Stemmaguarda. Sem Vi, sem tio Silco ou tio Vander. Só ela e Lux.
A senhora Augatha e o senhor Pieter Stemmaguarda olharam para a Warwick da cabeça aos pés.

— Luxanna, essa é a sua amiga nova? — a mãe perguntou, com certa ignorância. Ela voltou seus olhos para o livro que lia.

— Sim, essa é a Jinx. — apresentou a loira, enquanto a outra abriu um sorriso amarelo. — Ela é irmã da Violet Warwick, noiva da Cait.

— Ah, Powder Warwick? — o pai se meteu. — Eu me lembro, você apareceu bastante na TV uma vez.

A azulada então ficou pálida. É claro que a Stemmaguarda ficou com uma expressão confusa, pois era muito nova para se lembrar do dia em que Powder sumiu.
Mas Powder se lembrava muito bem. Numa noite, ela saira com os pais para ir num parque de diversões. Vi ficou em casa, de castigo por causa das notas baixas.
Estava muito tarde quando eles desciam a serra, de carro. A rua estava escura e Powder não parava quieta. Mesmo com a mãe insistindo para que ela se sentasse para não incomodar a visão do pai no volante, ela não o fez.
Mas se pudesse voltar no tempo, ela teria o feito.
O pai perdeu o controle do carro, que saiu capotando serra abaixo. Em direção a mata.
Com dez anos, Powder viu os pais mortos. Com dez anos, Powder se viu machucada e sozinha no meio de uma floresta escura e assustadora.
Com dez anos, Powder sentiu uma culpa que nunca saiu de dentro dela — e que atormentava todas as vezes em que ela sentia dores fortes na cabeça.
Quando finalmente foi achada — depois de semanas longe de casa e da família —, Powder não era mais a mesma. O tio Silco e o tio Vander procuraram todo tipo de tratamento para a sobrinha menor, nada adiantava. Até que o doutor Singed, um psiquiatra, recomendou um remédio. O remédio tinha efeitos colaterais terríveis, mas pelo menos, ajudavam Jinx com as fortes dores de cabeça.
Se eu tivesse ficado quieta, nunca teria dores de cabeça. Nunca teria que beber esse remédio e nunca teria aparecido na TV... ela pensou, após ver todos aqueles dias terríveis passando novamente pela sua mente.

— Jinx. — a loira chamou, trazendo ela novamente aos dias atuais. A Warwick estava pálida, e um tanto atônita. —Está tudo bem? Você parece assustada.

A azulada olhou ao redor, todos estavam olhando para ela. Era constrangedor.

— Ah, eu... Não é nada. — ela mentiu. — Só... Lux, onde é o banheiro?

— É lá em cima, segunda porta à esquerda. — explicou a Stemmaguarda.

Jinx agradeceu, no entanto, ela nem seguiu as ordens da amiga. Ela nem mesmo queria ir ao banheiro.
E Luxanna só percebeu isso horas depois, enquanto a esperava no jardim, e ainda não havia sinal algum de Jinx.
A loira então subiu as escadas, e se deparou com a mesma sentada no corredor, ao lado de uma mesinha, abraçada aos joelhos.

— Jinx, o que foi? — perguntou, preocupada, enquanto se sentava ao lado dela no chão.

— Ah, nada não... Só estava pensando. — respondeu Powder.

Lux suspirou, já imaginava o que era.

— Foi o que meu pai disse, né? — perguntou. — Ele pode ser um pouco insensível às vezes, mas relaxe, ele não é mal...

Na Alegria e na TristezaOnde histórias criam vida. Descubra agora