Doze

767 78 69
                                    

— Você pode beber desse jeito na frente dos seus pais, Cait? — riu Jayce, enquanto enchia um pouco mais seu copo.

A Kiramman deu uma risadinha, a verdade é que a mesma não estava 100% sóbria, e Mel Medarda muito menos. O único que ainda não enchia seu copo com álcool naquele grupo era o jovem Viktor. Mas ele encheria logo, era questão de tempo.
Caitlyn olhou para trás. Seu pai estava sentado a mesa com Silco e outros homens importantes, tendo uma reunião no meio da festa. A mãe havia sumido, deveria estar fugindo da delegada Grayson como o diabo foge da cruz.

— Quando o trabalho é a prioridade, posso. — afirmou ela, pondo seu copo sobre a mesa.

Com a mão apoiada na bochecha, Mel — quase desmaiando — olhou para o lado, e pigarreou.

— Florzinha. — chamou ela por Caitlyn. — Vai deixar mesmo aquela boneca de neve, com os maiores peitos do mundo, dando em cima da sua mulher?

— A Vi é mulher da Cait? — questionou Viktor, levantando o pescoço para ver a cena. Evelynn esteve conversando com Vi por algumas horas, enchendo a bebida da Warwick sempre que podia. Agora, com a rosada bebada, a mesma lançava flertes bobos e passeava suas mãos pelos ombros da motoqueira, que dava risadinha de tudo que ela dizia.

— A Cait diz que o casamento não é de verdade, mas nem por isso ela tem que ser corna, né? — o Talis afirmou, e os outros concordaram.

Caitlyn olhava a cena com sangue nos olhos.
Não, ela não permitiria isso se estivesse sóbria. Mas agora que estava bêbada, ela estava certa de que realmente estava com ciúmes. De que ela realmente não gostava daquela garota tocando na sua mulher, como Mel disse.
Ela então se levantou sem dizer uma palavra, por mais que estivesse sendo observada curiosamente pelos amigos, e começou a andar até as duas. Quando chegou ao seu destino, Caitlyn agarrou o braço de Violet, a puxando para longe da outra.

— Ei, me deixa. — choramingou Vi, fazendo uma careta. Estava agindo que nem criança.

— Precisamos conversar. — Evelynn estava prestes a dizer algo em sua defesa, mas foi cortada pela dos cabelos escuros. — E você não se mete não! A mulher é minha.

Evelynn ficou boquiaberta, indo até Sarah Fortune contar das novidades assim que as duas se afastaram. Enquanto isso, na sacada, Violet estava irritada. O motivo era óbvio: a princesa Cupcake estava querendo mandar em sua vida. Quem ela pensava que era?!

— Ficou maluca?! — esbravejou, assim que a Kiramman estava na sua frente. — Eu e a Eve estávamos conversando!

— Conversando, não me diga! — declarou sarcasticamente. — A "Eve" estava agarrando você, e falando as coisas mais obscenas que poderia falar!

Violet ficou séria, e perguntou:

— E daí? — aquilo foi o estopim para sua noiva.

— E daí?! E daí que você é minha mulher, Vi! Minha mulher! — declarou. — E eu não quero uma vagabunda dando em cima de você enquanto você fica rindo do que ela faz!

— Pelo amor de Deus, Caitlyn, estamos falando da Evelynn. — riu Violet. — Ela faz isso com todo mundo! Olha ela ali, com a Kai'Sa!

Mas Caitlyn não olhou, pois ela não acreditava. E isso deixou a dos cabelos curtos irritada.

— Vai ser assim, dona Cupcake? Ótimo, então eu vou mesmo atrás da Evelynn. — desafiou ela. — Aposto que ela beija muito melhor que você, esposa.

Mas foi Vi dar um passo para frente, que Caitlyn fez algo inexplicável. Algo que ela nunca faria se estivesse consciente de quem era e de quem Vi era.
A Kiramman agarrou a camisa social de Vi, a puxando mais para perto de si e enfim a beijando.
Violet, se também estivesse sóbria, iria a empurrar. Iria espernear e sair correndo, xingando Caitlyn de tudo o que podia.
Mas o gosto doce dos lábios de Caitlyn se misturando com o álcool a deixaram mais chapada ainda. Suas mãos se fincaram nos quadris da Kiramman, o que fizera seus corpos se chocarem.
O beijo ganhava mais fervor, no entanto, elas não conseguiam parar. Suas línguas pareciam estar dançando uma dança rebelde, as mãos pareciam viver uma verdadeira aventura, descobrindo cada parte das curvas de seus respectivos corpos.
Violet nunca havia beijado alguém daquele jeito e com tanto sentimento, Caitlyn muito menos. Era muito bom, para dizer a verdade.
Mas não era para sempre.

— Vi! — Powder gritou, enquanto abria as portas da sacada.

Num impulso, as duas se afastaram. Mas o que diabos havia acabado de acontecer?
Felizmente, haviam sido rápidas o suficiente e Jinx nem sequer reparou nas duas se agarrando um pouco antes dela entrar.

— O que estavam fazendo? — quis saber de primeira.

— Brigando, o mais iríamos fazer? — declarou, e Caitlyn concordou balançando a cabeça. — O que você quer, hein?

— Tio Vander está te chamando. — anunciou. — Parece que alguém está querendo arrumar confusão no bar.

Vi riu, cerrando os punhos. O jeito da sobrinha de lidar com situações como esta não era muito aprovado pelos seus tios, no entanto, Sevika estava de folga. Ela era a única opção.

— Deixa que eu resolvo isso. — ela saiu andando, com um ar triunfante.

Jinx e Caitlyn permaneceram caladas, se entreolhando. A mais nova podia não ter visto, mas boba ela não era. A Kiramman estava pálida demais.

— Nesse caso, eu vou voltar para dentro, também. — comentou a maior, saíndo dali com as mãos para trás.

Jinx ficou imóvel, em silêncio completo, por alguns poucos minutos.
Ela voltou para o salão, se fosse para pensar sobre o que estava acontecendo ali, morreria sem saber.
Enquanto a Warwick mais nova estava sentada à mesa com o tio Silco e sua irmã brigando do lado de fora da cobertura, Caitlyn estava novamente sentada junto dos amigos.
Eles conversavam, mas ela permanecia quieta. O assunto dos três parecia estar muito interessante, pois eles nem repararam em sua presença.
Ela pensava naquele beijo com Vi. Até que a Warwick não beijava tão mal assim...
Não, Cait! O que está pensando?! Meu Deus, você está mesmo muito bêbada...
A Kiramman suspirou, sentou-se de forma relaxada na cadeira.
"Meu primeiro beijo em toda minha vida e, honestamente, nem sei o que falar." escreveu ela em sua conta privada, na segurança de sua casa, longe daquela motoqueira de quinta categoria — e de beijo bom, também.

Na Alegria e na TristezaOnde histórias criam vida. Descubra agora