Quinze

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Naquela tarde, Cassandra estava sentada no sofá da sala, lendo o jornal. Caitlyn e Tobias haviam saído para a empresa, ou seja, ela estava sozinha em casa.
Ela tirou os olhos do jornal e olhou ao redor. De início, ela não gostava muito da casa. Na verdade, ela não gostava de ter ido para lá, pois foi forçada. Ela não tinha nada contra o marido, muito pelo contrário, os dois eram muito amigos. Mas todas as noites, ela ainda sentia saudades de Grayson — sim, elas tiveram algo antes de tudo.
Ela ainda sentia saudades dos beijos da policial mesmo depois dela ter jogado no seu rosto que não existia mais um "nós" entre elas.
Mas foi questão de tempo. Quando ela viu, Grayson já estava muito ocupada no trabalho, ficando bem longe deles. Cassandra havia se acostumado em estar casada com Tobias, e eles tiveram Caitlyn. Mesmo que o marido tivesse insistido que sua ex fosse madrinha da filha deles, ela não pareceu se incomodar.
Mas então Caitlyn foi obrigada a passar pela mesma situação que ela, tudo parecia ter voltado. E para piorar, Grayson começou a ficar mais perto da família Kiramman. A desculpa que ela dava era porque queria ficar perto da afilhada, mas a senhora Kiramman ainda tinha dúvidas. De repente, a porta foi aberta. Era Nora.

— Tem visita, senhora. — a mesma alertou, se afastando.

— Quem é? — a mulher perguntou, acompanhando Nora subir as escadas com os olhos.

Mas não precisou ter muitas respostas da empregada:

— Sou eu, Cassandra. — a voz rouca de Grayson invadiu a sala.

A senhora Kiramman gelou. Ela sabia como aparecer em momentos inadequados.
A mesma então respirou fundo, e pôs a mão na testa.

— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou.

— Trouxe um presente para Caitlyn.

— Caitlyn saiu com o pai. — explicou a Kiramman, colocando o jornal sobre a mesinha e se levantando do sofá. — Mas eu vou dizer que você mandou um presente. Por mais que eu não goste quando você a mima.

— Eu não a vejo há anos, me dê uma colher de chá. — insistiu ela, estendendo o pacote quadrado para a menor.

Cassandra soltou um resmungo, e tomou o presente das mãos da outra. Fazendo de tudo para não tocar em suas mãos, pois conhecia a outra muito bem. Ela se aproveitava de cada movimento para usar a seu favor depois.

— Pode ir agora.

— Nossa, muito delicado da sua parte receber uma visita desse jeito. — riu a maior.

— Você não é visita, é uma incoveniente. O que quer?

— Um pouco de água seria bom.

Mesmo contragosto, a Kiramman chamou Nora para trazer água para Grayson. A maior se sentou no sofá, e não saiu de lá até terminar a água que a empregada lhe trouxera.

— E agora, vai embora?

— Só depois de você me deixar explicar... — ela estava prestes a dizer, mas foi interrompida por uma risada nervosa da outra.

— Ah, eu sabia! Você não veio pela Caitlyn! — declarou Cassandra, cruzando os braços.

— Eu vim. — rebateu a delegada. — Mas como estamos só nas duas, está claro que é um bom momento para essa conversa.

— Bom momento coisa nenhuma. — a mesma se virou de costas. — Eu já disse que não quero conversar com você.

— E eu já disse que não vou desistir. — ela ficou atrás da mesma, que engoliu o seco. Detestava quando Grayson ficava perto demais. Na verdade, ela detestava o que sentia quando Grayson ficava perto demais. — Pelo amor de Deus, você acha que meus pais aceitaram tranquilamente que eu sou lésbica, hm? Claro que não! Eu poderia ficar sem casa se eu tentasse continuar vendo você.

Na Alegria e na TristezaOnde histórias criam vida. Descubra agora