Na Alegria e na Tristeza

Treze

Naquela manhã, Caitlyn estava jogada na cama, com as pernas cruzadas para cima enquanto a mesma desenhava — mais um dos talentos escondidos da jovem Kiramman. Nos seus fones de ouvido, tocava a música Young and Beautiful, de Lana Del Rey. Mas todo aquele momento harmonioso acabou em menos de cinco minutos, pois Mel Medarda ligava.
Mesmo contragosto, ela tirou seus fones e atendeu a amiga:

— O que aconteceu dessa vez? — questionou, demonstrando costumeiro interesse.

Mas só recebeu uma risada em resposta.

— Eu que deveria te perguntar isso, não é? — declarou a moça, do outro lado da ligação. — Afinal, eu não me lembro de nada da festa. Você lembra?

Caitlyn negou, por mais que se lembrasse muito bem de que havia beijado Violet num impasse. Ela não havia falado com a Warwick naquelas últimas semanas após a festa de noivado, e também não contara para mais ninguém sobre o beijo. Talvez fosse melhor assim.

— Sei. Viu as fotos da festa? Por que tem uma que... Nossa! Está deixando as pessoas sem ar!

— ... Por quê?

— Eu vou te mandar.

Caitlyn saiu rapidamente da ligação para ver do que diabos Mel estava falando.
Quando viu a foto que recebeu, soltou um grito. Era tudo que menos queria. Algum fotógrafo qualquer conseguiu flagrar Caitlyn e Vi no exato momento em que elas se beijavam, a foto ficara perfeita. Nem tinha como negar.
A Medarda riu.

— Tem alguma coisa a dizer, queridinha? — ela declarou, sarcasticamente.

— Como... Como soube disso?

— Nada nessa cidade acontece sem eu saber. — argumentou, triunfante. — Então, você não vai negar? Lascou um beijão na motoqueira, né?!

Caitlyn respirou fundo. Era o fim. Era o fim! Agora, não dava para negar que odiava Violet. Todos estavam certos de que elas se amavam, principalmente seus pais. Aos olhos deles, todas aquelas brigas que quase mancharam o nome da família eram pura fachada, a partir de então.

— Eu estava bêbada. — foi a única coisa que dissera.

— O álcool revela nossas verdadeiras faces, né? — concluiu a outra. — Foi por isso que o Viktor levou o Jayce 'pro apartamento dele depois da festa.

— Espera, como assim?!

— Longa história, baby. Tenho que ir agora, te ligo depois! — e desligou telefone.

Droga. foi o que Cait pensou, guardando seus fones e as coisas de desenho. Até o almoço, todos já estavam sabendo — e seus pais principalmente.

— Caitlyn, minha filha, você sabe que eu te amo, mas eu não esperava te ver se agarrando com sua noiva nas fotos da festa! — o pai confessou, batendo os talheres na mesa. Caitlyn virou o rosto, envergonhado.

— Foi só um beijo, Tobias. — comentou Cassandra, ainda comendo. — As pessoas aprovaram, Caitlyn e Violet são noivas e ninguém morreu por isso. Você deveria parar de ser dramático. Mas estou realmente contente que você está finalmente deixando seus sentimentos se revelarem, querida.

A mãe abriu um sorriso para mesma, que apenas arregalou os olhos.

— Eu não estou revelando nada, eu... Bebi demais! — revelou. Era melhor dizer que estava bêbada a dizer que amava Violet Warwick. — Foi isso!

Mas nem a ideia de que estava bêbada mudou a opinião dos pais. Caitlyn ficou o resto da tarde no quarto, até que Nora enfiou a cabeça para dentro do quarto.

— A senhorita Warwick está aqui.

Ah, era tudo que eu mais queria!

— Deixe entrar. — assentiu ela, irritada. — Que outra opção eu tenho a não ser ouvir o que essa inconsequente da minha noiva tem a dizer!

— Vou levar isso como elogio. — riu Vi, adentrando no quarto. — Você já está sabendo da foto, né?

Caitlyn assentiu, apoiando o queixo nos joelhos, observando Violet se sentar ao seu lado.

— Eu devo te informar que isso é o de menos. — a Kiramman fez uma expressão confusa, do que diabos ela estava falando.

— Como assim?

Violet abriu seu celular, mostrando para Caitlyn uma conta no Twitter. Mas não uma conta qualquer.
"Fã-clube CaitVi" era o nome da conta.
Mas isso só pode ser brincadeira.

— E o pior: estou achando que são pessoas próximas de nós duas. — argumentou Vi, mostrando as fotos publicadas. Fotos que nunca haviam sido divulgadas antes.

— Tem ideia de quem é?

— Não, o dono da conta sabe manter bem a identidade escondida. — lamentou a mesma, bagunçando os cabelos rosados. — Precisamos descobrir quem é um pouco antes.

— Verdade. — assentiu Cait, olhando as unhas. Ela então ouviu uma risadinha da moça ao seu lado. — Do que você está rindo, hein?

— Você concordando comigo, princesa Cupcake.

— Eu já disse para você parar de me chamar assim. — a dos cabelos escuros virou o rosto.

— Já disse que não vou parar, e você nunca me deu um motivo para fazer isso.

— Vai ser assim? Então, pelo menos pare de me chamar de princesa. — declarou ela, se levantando da cama. — Ou eu te chamo de Coelhinha Lilly.

Violet então arregalou os olhos assustada.

— Como você...

Coelhinha Lilly era uma coelha de pelúcia a qual Violet tinha desde bem pequena. A pelúcia fora sua companheira em um dos momentos mais difíceis da vida da jovem — quando seus pais morreram e Powder desapareceu na mata —, o que lhe fez continuar com o brinquedo mesmo agora adulta.
Caitlyn havia reparado na Coelhinha Lilly enquanto brigava com Violet naquela noite, em que entrara no seu quarto por acidente. E Jinx lhe contou toda a história dias depois.
Violet suspirou, e então riu. Ela não iria se abalar com causa de uma coelhinha de pelúcia.

— Tudo bem, só Cupcake, então. Melhor agora?

Triunfante, a Kiramman assentiu.

— E uma segunda coisa. — anunciou a Warwick, tirando do bolso uma rosa. — Tinha me esquecido, mas trouxe para você. Sou uma boa noiva ou não?

A frase de Vi saiu cheia de sarcasmo, e recebeu um sorriso irônico da noiva em resposta.

— Obrigada, vou colocar num vaso. — Caitlyn pegou uma jarra de vidro, foi até sua suíte e a encheu de água. Mas quando se voltou para Vi, jogou a água no rosto da motoqueira.

Parte da franja molhou no processo. E Vi riu, água na cara era o de menos para ela.

— É assim que pretende me abalar, Cupcake?

— Eu sei fazer pior, mas é o que tenho para hoje. — ela também deu uma risadinha.

Vi se levantou, secou o rosto com as próprias mãos e lançou um sorriso cínico.

— Você não presta, Caitlyn Kiramman.

— Você também não. — foi a resposta, dando a Vi um leve deja vu. — Bem vinda a Mansão Kiramman, motoqueira de quinta categoria.