chapter 𓄿 twelve

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Eu sinto vontade de correr, pois meu corpo está elétrico, e com vontade de mexer. Depois de comer um café-da-manhã feito às pressas enquanto Matthew tentava puxar assunto comigo, eu me troco. Visto um conjunto novo que pouco usei: uma calça e um top de academia verdes. Amarro meu cabelo bem alto, e pego meus fones de ouvido, coloco no aleatório e começa a tocar: No lie, do Sean Paul e Dua Lipa.

- Hailey? Aonde tá indo?

Matthew diz e eu finjo não escutar, saindo da porta e descendo as escadas. Logo quando fecho o portão do prédio, começo a correr. O céu está cinza escuro, e sei que logo iria chover. Mas pela primeira vez, eu me sinto bem fazendo um exercício.

Quando chego na esquina, eu vejo que já cansei. Minhas pernas tremem como nunca, e eu respiro fundo para não ter uma parada cardíaca. A música parece sumir na minha cabeça mas eu consigo me acalmar.

Começo a caminhar novamente, murmurando uma música na minha cabeça. Ando do lado de pessoas que carregam suas maletas nada interessantes para trabalhos nada interessantes; pessoas que gritam no celular coisas que não fazem sentido; uma adolescente mata aula fumando escondido em um beco...

Então eu olho para o Café, totalmente sem vida, fechado. Há uma placa de "não entre, propriedade privada", e não me lembro dela existir antes. Morpheus deve ter colocado ela lá para que outras pessoas não entrem e vejam o que aconteceu.

Tento deixar essas lembranças para trás, e começo a voltar correndo para o apartamento. Dessa vez, consigo correr por quase um quarteirão e meio, recorde. Quando estava passando por um prédio pequeno, com um jardim cheio de flores, vejo Matthew parado lá, em cima da cerca. Tiro meus fones e olho para o corvo.

- Foi mais longe que eu pensei. - Ele diz.

- Vim correndo... - Eu respiro fundo. - Por um quarteirão e meio.

- Notei. Mas por que hein? - Ele pula um pouco para frente. - Alguém disse que você era sedentária e você se preocupou com a opinião dela?

Reviro os olhos e coloco os fones, que agora toca Dead on Arrival, de Fall Out Boy. Eu falo tentando manter meu tom baixo porque não escuto nada além da música alta:

- Toma cuidado, Matt. Eu sei abrir um passarinho.

Ele levanta voo e vejo que ele vai na frente, me guiando desnecessariamente ao meu apartamento. Abro o portão e subo correndo diretamente para meu quarto, e enquanto eu procuro o meu caderno de músicas, cantarolo o que eu pensei enquanto corria.

Pego uma caneta qualquer no pequeno pote em cima da minha mesa, e começo a escrever:

"So lying underneath those
Stormy skies
She said, "Oh, oh, oh"
Know the sun must set to rise"

Procuro meu celular e o acho em cima da mesa, abro o gravador e canto mais ou menos, juntando as partes. Enfim, eu respiro e guardo o caderno. Estou exausta, mas preciso de um banho, então pego uma roupa limpa e vou para o banheiro.

Logo que fecho a porta, escuto Nala gritando que chegou, grito de volta um "Ok", e tomo um banho demorado. Lavo meus cabelos com a água morna, e quando termino visto uma calça de moletom e uma blusa e frio azul-bebê. Coloco uma meia branca e um chinelo preto.

Por estar fazendo frio, todo o vapor do banho parece ficar mais quente ainda. Seco meu cabelo com o secador de cabelos e arrumo ele para que fique um pouco bonito, então quando eu termino e levo minha mão na maçaneta escuto Nala conversando:

- Eu senti isso, sabia?

- É um segredo, Nala. - Morpheus diz.

Eles se calam, e eu abro a porta. O vapor corre pelo corredor e quase chega até a sala, olho para Nala que trouxe uma famosa torta de frango de perto do seu trabalho, e atrás dela, pela janela, vejo uma chuva forte cair. Morpheus está em pé, e Matthew em seu ombro, e eu olho para ele enquanto me sento no balcão.

PARADISE  ༅ Tʜᴇ SᴀɴᴅᴍᴀɴOnde histórias criam vida. Descubra agora