chapter 𓄿 eighteen

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As coisas ao meu redor estão desabando, paredes tombam para os lados e o chão cai. Estou em um dos andares superiores, seguindo Lucienne que corre para a biblioteca. Antes, eu expliquei mais ou menos o que eu descobri, e ela disse que qualquer ajuda que eu conseguisse com esse poder, valeria.

Estou resolvida em ler Paraíso, seja lá qual forem as consequências. Não estou preocupada, mas meu coração bate mais forte à cada metro percorrido. Quando finalmente chegamos à biblioteca, nos dirigimos para a estante de onde o livro caiu. Lucienne explica que, quando eu acordei, o livro ficou grudado no chão.

- Apenas você pode toca-lo. - Ela finaliza.

Eu me agacho e pego o livro, folio o mesmo e percebo que as escritas se assemelham à letra de minha mãe. Mas o grosso livro tem muitas folhas em branco, e no final, está escrito uma frase em dourado.

- Achei. - Digo para ela.

Olho para as letras e elas começam a tremer, a se misturar umas com as outras. Depois de um tempo, consigo ler a frase, em voz alta:

- E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden.

Nada acontece, nem um vento místico dos filmes. Olho para os lados e não vejo nenhum velho de vestes longas para me guiar, então Lucienne respira fundo. Então eu penso, estou num sonho, isso não é... realidade. Preciso acordar, ver o que consigo fazer com esse Paraíso.

Olho para os lados e me encontro no meu quarto, deitada na cama. Me sento na mesma, olhando para o chão, e quando eu me levanto para ficar em pé, fico tonta. Minha cabeça começa a tombar para a esquerda e meu corpo segue o movimento, eu ando até a porta e bato nela com tudo. Abro a mesma, precisando sair dali, e a tontura me leva pela sala, meu corpo tentando se equilibrar, e abro a porta principal. Olho para a escada e meu corpo começa a ser "puxado" por algo. E esse algo quer que eu desça.

Quando piso no último degrau, eu percebo: estou sendo guiada pelo meu poder.

Agora, eu tento caminhar sem que eu fique tonta, e é difícil. Mas eu me empolgo, e começo a correr na direção que o poder me leva.

Minhas pernas fazem movimentos rápidos, mais do que usualmente fazem, e eu percorro quarteirões em pouco tempo. As ruas não estão vazias, mas eu não trombo em ninguém, e o melhor de tudo: eu não me canso. Até minha respiração é mais leve.

Estou em uma parte da cidade, que apesar de ser perto do meu apartamento, não é familiar para mim. Os prédios são maiores, as ruas não tem quase nenhum carro, e não vejo pessoas andando nas calçadas. Mas então meu corpo para de repente, e eu quase caio.

Há algo me chamando no prédio ao lado, e não para cima, para baixo. Vou até a porta e vejo que não há uma campainha, estranho. Deve ser aqui. Eu empurro a porta mas ela está trancada, então eu empurro mais forte, e nada.

Meus poderes me guiaram até aqui, mas não consigo ir além por causa de uma porta. O pior, é que a cada segundo, a força me puxa para baixo, me avisando. EU ENTENDI! Penso, mas a sensação não para. Eu tenho que resolver isso rápido, ou se não eu vou cair no meio da rua e ser puxada para baixo pelo meu próprio poder.

- Legal, Paraíso. Você acha um Perpétuo mas não pode abrir uma porta. - Eu digo baixo.

E então uma luz aparece na minha mão, no meio da minha palma. Uma energia roxa, e eu ergo para ver de perto. Todo o mundo em volta parece perder cor, como se eu pudesse enxergar apenas o roxo brilhante no meio do cinza morto. Uma luz roxa aparece na fechadura, e eu escuto o barulho da porta destrancando, empurro a mesma quando a energia da minha mão some, e eu entro.

PARADISE  ༅ Tʜᴇ SᴀɴᴅᴍᴀɴOnde histórias criam vida. Descubra agora