chapter 𓄿 twenty- eight

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Lucienne, Morpheus, Morte, Destruição, Matthew, Cain e Abel. Todos estão aqui para o enterro de Nala. Eu não consigo olhar para o caixão, então mantenho a minha cabeça baixa, e tudo que eu vejo é a grama verde do cemitério. O tempo está chuvoso, e gotas d'água tocam meus ombros.

Sinto o braço de Morpheus me envolvendo, enquanto o padre reza por ela. Ele não os vê aqui, e acha que eu estou sozinha. Talvez, ele tenha razão. Morpheus fez mais do que devia, trouxe todos aqui numa tentativa falha de me consolar, mas a única que pode realmente fazer alguma coisa, é Morte. Ela me prometeu que eu poderia me despedir.

- Amém. - O padre diz e fecha a Bíblia que segurava. - Vou deixar vocês.

Eu aceno positivo, e o velho senhor caminha pela grama, para longe. Eu junto minhas mãos e aperto uma na outra, buscando alguma coisa que se assemelhe a dor que sinto. Mas não sinto nada. Meu peito está vazio.

Escuto alguém chegando, e vejo Merv, o espantalho com cabeça de abóbora, chegar de mãos dadas com Nala. Ela está vestida com uma jardineira preta, e uma blusa cinza de frio por baixo. Eu quero dizer tanta coisa, me desculpar por ter metido ela nessa. A ruiva vem andando e fica do meu lado.

- Que droga. - Ela diz, olhando para o caixão.

- Eu sinto muito. - Eu não espero ela continuar a falar. - Não devia ter te falado nada. Não devia ter te metido nessa merda. Me desculpa...

- Foi um acidente, Hailey. Não se culpe por isso.

- E se não foi, porra? - Eu tiro o braço de Morpheus de mim. - E se foi Lucifer quem mandou te matarem?

- Você vai ter que descobrir. Por nós duas.

Ela está diferente, como se tivesse, de certa forma, amadurecido mais ainda. Seu rosto é tão jovem quanto eu me lembro, sua fala ainda é seca e alerta, sua presença me traz familiaridade. Mas ela está diferente. Olho para Morte, e ela posiciona seu dedo indicador no pulso, indicando um relógio. A hora de dizer adeus está próxima.

- Eu te amo, Nala. - Digo. - Obrigada por tudo que fez por mim. Desde sempre. - Eu engulo o choro. -  Eu nunca vou me esquecer de você. Nunca. Vai ser sempre a gente contra todos.

Ela fica em silêncio por um tempo.

- Eu te amo também. - Ela diz e olha para Morte, que se aproxima. - Hailey, eu não quero ir.

- Eu sei. - Morte pega na mão dela. - A gente se vê. Eu prometo.

Ela acena positivo com a cabeça, e Morte a leva para longe. Não quero olhar para lá, então volto a olhar para a grama. Escuto pessoas dando passos, e percebo que eu estou quase sozinha no cemitério. Limpo minhas lágrimas e arrumo o casaco que me protege do frio da cidade.

Do meu lado, Morpheus estende o braço e eu o seguro. Começamos a caminhar juntos por todo local, sem um rumo específico. Estou desolada, meu coração faz meu corpo todo tremer. Ainda assim, eu consigo pensar se a verei novamente.

- Ela vai para o Inferno? - Eu pergunto.

- É mais complicado que isso. Eu mesmo não entendo. - Morpheus responde. - Quando você tentou salva-la, aceitou Paraíso, e isso mudou tudo. Não posso te garantir, mas acho que a alma dela não vai ficar sobre os domínios de Lucifer.

Ele não me tranquilizou, porque agora tenho mais uma dúvida. O que aconteceu com Nala depois da morte? Acho que essa é uma dúvida que toda a humanidade tem há séculos.

...

- Tem certeza que não querem simplesmente teleportar tudo para a casa de Destruição?

PARADISE  ༅ Tʜᴇ SᴀɴᴅᴍᴀɴOnde histórias criam vida. Descubra agora