Pelo resto do dia eu seguro uma toalha para estancar o sangue do meu nariz, ela já está pesada e vou ao banheiro pegar outra. Destruição fica me acompanhando, e isso é irritante, mesmo sabendo que ele só está preocupado comigo.
- Acho que vou dormir um pouco. - Aviso, ele acena positivo, e eu entro no meu quarto fechando a porta.
Mas eu não consigo me deitar sem sentir dor. A vontade que estou de simplesmente acabar com essa dor de uma vez cresce a cada segundo, mas minha vida mortal é tudo que eu tenho! Lutei para conseguir entrar na faculdade, vivi sofrendo pela perda de meus pais e me virei para sobreviver! Se entregar assim, de bandeja, eu terei feito isso por nada.
Nas histórias que já li, a decisão parece ser tão fácil. O personagem principal apenas aceita seu destino e vive feliz para sempre. Mas eu estou preocupada com o outro lado da moeda: declarei guerra contra Lucifer. Mas o que o mesmo pode fazer contra mim? Já tirou todos que amo...
Me sento na cama depois de ficar minutos parada na porta pensando, e sinto a pressão no meu nariz aumentar. Coloco a toalha limpa e a vejo ser manchada de sangue aos poucos. Meu corpo parece estar negando muito bem essa imortalidade.
Olho para a minha mão esquerda, manipulo um pouco de energia, que varia nas cores. Tento me entreter para esquecer a dor, mas a energia se torna amarela: a que usei para entrar na mente daqueles homens. Os gritos aparecem na minha mente novamente, mas será que isso é a única utilidade para isso?
Levo a minha mão para a minha mente, e sinto um formigamento na lateral esquerda, onde a energia entrou. Fico ali por alguns segundos, sem reação, e então eu noto que não estou estancando o sangue. Vou para o banheiro correndo, e noto que meu nariz parou de sangrar.
Eu acho que manipulei minha mente para que meu corpo aceite a imortalidade.
...
Tive que usar minha energia três vezes depois daquilo, mas finalmente pude me arrumar para o jantar no Sonhar.
Eu me visto com um vestido prateado que vai até a altura da minha coxa, coloco sapatos de salto alto azuis, brincos também no mesmo tom de azul, e por fim, respiro fundo ao fazer uma maquiagem leve.
Quando vou para o Sonhar, isso eu faço sozinha agora, encontro Morpheus sentado em uma grande mesa com várias cadeiras. Ele se levanta e vem ao meu encontro, segura a minha mão e diz:
- Você está linda.
- Bom, meu nariz parou de sangrar.
Ele fica confuso, então Destruição aparece atrás de mim e nos dá um abraço caloroso. Ele está bem elegante, com um terno vermelho vinho. Nos sentamos, e aguardamos cinco minutos até que Morte chega, e depois dela, Destino.
A descrição no livro de Lucifer é bem fiel: um homem branco alto, encapuzado, carregando um livro enorme que está acorrentado em seu próprio corpo, fico intrigada e com medo por não ver seu rosto claramente, mas noto que seus olhos são brancos, ele é cego. Ele não fala com ninguém, mas Morpheus me dá um pequeno sorriso, afirmando que está tudo bem.
O jantar é servido e todos começam a comer, o que é estranho para mim já que eles não precisam fazer isso. Nem eu, agora. Imortalidade.
- Então, você aprendeu a pintar, irmão? - Morte pergunta.
- Nunca aprendi. Mas Hailey me ajuda. Decorei minha sala com uma das pinturas dela.
- Eu sei, eu fui lá, se lembra? - Morte revira os olhos dizendo.
- Você, foi. - O ruivo olha para Destino.
Ele fica em silencio, e eu continuo comendo enquanto o irmão descreve o apartamento, e como a parceria de Barnabas o ajudou a superar o fato de ter "saído" dos Perpétuos. Ele fala como se tivesse saído de uma banda, e não dos seres mais poderosos do universo.
- Hailey, e você? - Morte pergunta. - Como tá o sangramento?
- Ah, ele parou. Devo me preocupar com como você soube? - Pergunto e bebo um pouco de vinho.
- Sonho é fofoqueiro. - Destruição diz. - Ele fala de você à todo segundo.
- Irmão. - Morpheus diz, impaciente.
- Quando vocês terminaram, ele veio desabafar comigo, e eu tive que me segurar para não rir. - Morte e segura a mão de Morpheus. - Foi fofo.
Solto uma risada ao imaginar a cena de Morpheus contando como se sente sobre mim para a irmã, isso seria ao mesmo tempo improvável e chocante.
Então, escuto um barulho de algo caindo. Olho para os lados e vejo que não foi só eu quem escutou: todos se levantam rapidamente da mesa, e olham para as portas de entrada da sala de jantar. Elas se abrem e eu me arrepio. Temos companhia de Desejo agora.
- Irmãos. Acho que meu convite se perdeu por aí...
Desejo olha para mim e começa a se aproximar rapidamente, com uma cauda parecida com uma de gato, levantada. Mas Destruição entra no caminho, cruza os braços e eles se encaram por muito tempo. Cinco, dez minutos. Morte perde a paciência e murmura: "chatos", e se senta novamente na mesa.
Destino, dá um passo à frente e rouba toda a atenção da sala. Morpheus anda e fica do meu lado, mas não diz anda. O mais velho dos Perpétuos não abre a boca, mas sua voz ecoa.
- Não conseguirá o que quer.
- Sabe o que eu quero, irmão? Então me fale... - Desejo entorta a cabeça para que sua orelha fique mais perto do rosto do irmão.
- Ela não é mais mortal, não atende ao seu poder.
O rosto de Desejo vai de um sorriso tranquilo à vermelho de ódio em segundos. Olha para mim, como se me desejasse. A única coisa que penso é que não sou mais mortal. Agora é oficial, mas essa escolha não parece ter sido tomada por mim, é estranho.
- Que pena. - Desejo bate palmas. - Mas ficarei para o jantar. Tenho que conhecer minha cunhada...
Morte bate na mesa, e sorrindo, para a ação de Desejo de se sentar na mesa de jantar. A morena pega em sua mão, e coloca no seu braço, andando para fora da porta.
- Vamos passear, Desejo.
Quando as portas batem, vejo as sombras de ambos desaparecer. Foram embora do Sonhar.
- Mas que merda aconteceu? - Eu exclamo.
- Nem eu sei. - Destruição se senta na mesa, normalmente, e volta à comer.
Olho para Morpheus, mas ele encara o irmão mais velho, e abre a boca duas vezes mas nenhum som faz. Percebo que ele quer fazer uma pergunta, mas está hesitando.
- Ela se tornará Paraíso, e viverá. - Morpheus respira aliviado, mas Destino continua: - Se parar de usar seu poderes em si mesma, e aceitar tudo que envolve o céu.
- Como é?
Ele pergunta, mas Destino não está mais ali, também se foi.
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PARADISE ༅ Tʜᴇ Sᴀɴᴅᴍᴀɴ
Fanfic༄ 𝗣𝗔𝗥𝗔𝗜́𝗦𝗢 - 𝗹𝘂𝗴𝗮𝗿 𝗾𝘂𝗲 𝗿𝗲𝗶𝗻𝗮 𝗮 𝗳𝗲𝗹𝗶𝗰𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲. 𝙦𝙪𝙖𝙣𝙙𝙤 𝙚𝙧𝙖 𝙖𝙥𝙚𝙣𝙖𝙨 𝙪𝙢𝙖 𝙘𝙧𝙞𝙖𝙣𝙘̧𝙖, 𝙃𝙖𝙞𝙡𝙚𝙮 𝙨𝙤𝙣𝙝𝙤𝙪. 𝙨𝙤𝙣𝙝𝙤𝙪 𝙘𝙤𝙢 𝙪𝙢𝙖 𝙫𝙞𝙙𝙖 𝙙𝙞𝙛𝙚𝙧𝙚𝙣𝙩𝙚, 𝙨𝙤𝙣𝙝𝙤𝙪 𝙘𝙤𝙢 𝙪𝙢 𝙧𝙚𝙛�...