chapter 𓄿 twenty- three

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- Vai. Agora.

- Okay. - Respiro fundo e não consigo. - Nala, não vai!

- Vai sim, porra! Só faz logo! - Ela faz uma pausa e eu fecho meus olhos, me concentrando. - Você não está nem tentando!

- Porque não quer ir! Droga!

Me jogo no sofá, e puxo uma almofada para abraçar na minha barriga. Meus poderes podem sair, mas eu não quero. Toda vez que penso que eu os usei para matar alguém, meu corpo treme e uma ansiedade toma meu corpo. Minha mãe escreveu que eu tenho a opção de escolher, assim como ela teve, e eu não quero usa-los novamente. É um poder bonito, eu confesso, mas é perigoso.

Cada vez mais eu tenho a sensação que a hora de escolher entre ficar com Paraíso ou abdicar meu poder está chegando. E eu não tenho noção do que fazer.

Por um lado, eu teria minha vida normal. Iria me formar na faculdade, arranjar um emprego bom de meio-período, e passar o dia todo fazendo minhas artes. Mas eu acho que Morpheus não existiria nessa vida. Do outro lado, uma vida mística, com almas e um inimigo forte como Lucifer, e eu teria Morpheus. Mas será que eu teria liberdade?

Destruição largou o cargo e vive agora uma vida parecida com a que eu quero. É possível. Mas eu não sou uma Perpétua, sou algo diferente: sou Paraíso.

- Pensando no homem pálido de cabelos pretos que te assombra todas as noites?

Nala pergunta, e mais uma vez eu nego a ideia de falar tudo que está acontecendo para ela, uma vez que, se eu escolher Paraíso, a verei somente quando ela morrer. E isso doeria de mais.

- Faculdade, na verdade. - Minto. - As aulas já estão acabando, e daqui um ano nós formamos.

- Eu queria que esse tempo passasse voando. Não aguento mais estudar, e já tenho um ótimo emprego.

- Pois é, mas temos que ter merda do diploma, para fazer valer esses anos.

Me levanto e pego um chocolate da caixa que Nala comprou. O que eu como é de chocolate amargo com uma calda de morango, para mim o melhor. Observo Nala, percebendo que ela estava perdida em seus pensamentos enquanto mexia na almofada que segurava, apreensiva. Pergunte logo! Quer dizer, não pergunte. São muitas perguntas na minha mente agora, Nala. Entenda.

- Falaram na faculdade que Sophie se mudou.

Isso não foi uma pergunta mas me atingiu no peito como se fosse. Olho para o bombom e coloco a metade que não comi num pratinho na mesa de centro da sala.

- Não quero falar disso. - Respondo.

- Eu também não. Mas é difícil saber de tudo isso, acreditar em tudo isso, sendo que você não fala comigo. Nós só temos uma à outra, Hailey.

Isso era verdade. Nossos pais morreram, Nala perdeu a mãe para o câncer e seu pai saiu de casa sem dar explicações. Fomos criadas juntas e temos uma ligação, mesmo que não sanguínea, de irmãs.

- Vamos sair então! Só nós duas! Como sempre fizemos. - Eu fico em pé. - Podemos ir para o cinema, o que acha?

- Pode ser. Mas você paga tudo.

- Estou desempregada, Nala! Tenha empatia.

...

As salas de cinema estavam praticamente vazias. Era quarta-feira, meio de semana, e apenas um casal de garotas compraram os ingressos além de nós. Entramos juntas na sessão, para assistir Top Gun: Maverick. Nala estava tentando não transparecer sua animação para assistir o filme, mas suas mãos estavam geladas e ela me lembrava de tudo que aconteceu no primeiro filme.

PARADISE  ༅ Tʜᴇ SᴀɴᴅᴍᴀɴOnde histórias criam vida. Descubra agora