- Tem usado seus poderes em si mesma? - Morpheus pergunta.
- Eu fiz isso somente hoje! Eu pensei que...
- Que seria vantagem? Você não conhece esse poder! Poderia ter te matado. - Ele diz em um tom mais firme, danando comigo. - Nem mesmo os Perpétuos podem fazer isso.
- Mas eu não sou uma Perpétua! - Eu digo e coloco as mãos na minha cintura. - Olha, eu já aceitei isso. Sei do meu destino e as dificuldades. Então você não precisa mais se preocupar.
- Toda vez você fala isso...
- Mas agora é sério, Morpheus. - Cruzo os braços. - Me tornei Paraíso, e assim que descobrir como... - Minha voz falha. - Como meu corpo parar de negar a imortalidade, eu... eu não sei.
Morpheus olha para a mesa, então ele estende a mão e eu a seguro. Começamos a andar pelo castelo, em silêncio, e chegamos em uma grande varanda nos andares superiores, onde a vista para o horizonte do Sonhar não parecia ter fim.
Morpheus solta a minha mão e vai até a sacada, apoiando suas mãos na cerca de ferro dourado.
- Sua mãe tinha um reino. - Ele diz, depois de minutos. - Talvez, você irá para lá quando acontecer.
- Onde fica? Nas nuvens? - Digo em tom de brincadeira mas ele assente, então deve ser. - E vou viver para sempre lá. Recebendo as boas almas.
- Construindo um bom lugar para elas descansarem, serem recompensadas pela boa vida na terra. - Ele suspira fundo. - É mais complicado do que parece.
- Jura? Imagine para quem tinha uma vida para viver, sonhos para realizar. Imagine isso.
- Então vamos realiza-los. Fazê-los virar realidade. - Ele se vira para mim. - São seus últimos momentos na vida normal.
Eu respiro fundo, mas um sorriso se abre em meu rosto. Ele só pode estar brincando.
...
Ele não estava brincando. Depois de dois dias do jantar, Morpheus apareceu no meu quarto logo quando cheguei da faculdade, me pedindo uma lista de 7 sonhos. Revirei os olhos, e estou com um lápis na mão olhando para uma folha em branco do meu caderno de anotações.
Percebo seus olhares de impaciência, mas é uma decisão muito difícil! Eu queria fazer tanta coisa, e não consigo pensar em escolher somente 7.
- Por que sete? - Pergunto.
- Gosto do número. Já se decidiu?
- Sua paciência é inspiradora. - Anoto um sonho no número 7. - Ok, um já foi.
- Só demorou duas horas para pensar nele.
Eu o encaro, mas depois de alguns minutos eu simplesmente ignoro sua presença e penso em o que eu quero fazer na minha vida. Me formar, é a primeira resposta, mas eu não viverei tanto tempo nesse mundo. Queria conhecer lugares, e um deles seria a Grécia, anoto isso. Me lembro de um sonho, muito antigo, quando estava no ensino fundamental e o professor disse que eu não correria uma maratona por ser sedentária, olha para mim agora, treinador!
Eu gosto de desenhar, então me imagino fazendo isso em um bom lugar... como uma estátua de mármore importante. Penso em Caim, uma estátua que foi feita dele "depois de matar o irmão", nem sei se essa estátua foi feita ou inventada, mas seria engraçado contar isso para os irmãos no Sonhar. Picharei isso, mas depois eu vou limpar.
O sonho de toda universitária é curtir as festas, bebidas e drogas. Eu pensei nisso! Droga! Literalmente...
Penso em algum sonho que tive depois de tudo o que aconteceu, a primeira coisa que me vem na mente é Morte, e como eu queria saber sua cor favorita. Preto. Quero jogar xadrez com ela. Pensar nela, me lembra Nala, e Nala me lembra a Zendaya. Quero aparecer nos sonhos dela, será que Morpheus vai concordar?
Digo tudo à ele, escondendo apenas um dos sonhos porque é pessoal demais. Ele ri de cada um, e revira os olhos quando falo de Zendaya.
- Ok. - Ele diz e pega a lista com 6 coisas. - Tem uma ordem específica?
- Tem uma maratona em Nova Iorque daqui três dias, podemos começar aí. Depois, Grécia e a pichação. Zendaya, drogas e xadrez.
- Drogas? - Ele lê novamente e pergunta como se eu não tivesse certeza da minha decisão.
- Aham. Lide com isso.
...
O sol está sendo ofuscado pelas nuvens, pelos prédios e pelas folhas das árvores, mas continua iluminando a tarde de sexta-feira, o dia da maratona. Há muitas pessoas em minha volta, mas não vejo Morpheus em nenhum lugar. Bom, eu escrevi isso na lista, tenho que cumprir.
- Primeira vez? - Um homem loiro quase da minha idade diz. - Dá para notar que está nervosa.
- É, é a primeira vez. Mas não estou ansiosa pela corrida, estava procurando alguém.
- Outra competidora? Bom, não importa, eu vou ganhar. - Ele diz e alonga a perna na minha frente. - Não se preocupe, mulheres sempre ficam com o segundo lugar.
- COMO É?
Alguém sopra um apito fino, e meus ouvidos latejam. Pessoas começam a correr, e vejo o machista largar na frente. Me apresso, e talvez, usando minhas habilidades, eu consigo alcança-lo, mas ele ainda continua na frente. Começo a rir ao ver como ele corre com as pernas altas parecendo um flamingo.
Ao perder o fôlego rindo, tento me concentrar novamente, passo a mão pelo meu rosto com a intenção de tirar o suor, e quando volto a olhar para frente, vejo Morpheus parado. Passo por ele correndo, e ele aparece logo depois, ele fica fazendo isso enquanto conversamos.
- Deveria... ter... sonhado... que você... também... corria... - Tenho dificuldade em falar enquanto corro, e mesmo usando os poderes, me sinto esgotada. Odeio correr!
- Deveria ter pensado em outra coisa.
Ele passa por mim pela última vez, eu reviro os olhos e acelero mais ainda. Olho para o lado e vejo o machista me encarando meio suspeito, como se estivesse gostando da competição. Ele vai gostar mais ainda quando eu ganhar essa porcaria de maratona!
A linha de chegada está mais próxima de mim do que dele, e eu uso uma pequena parcela de energia para desamarrar seu tênis, o que ocasionou em sua queda prematura. Atravesso a fita amarela e as pessoas comemoram a minha chegada, desacelero e vejo Morpheus no canto, aplaudindo com um sorriso no rosto.
Eu corro e o abraço. Um sonho já foi.
- Parabéns. - Ele diz baixo.
- Você viu aquele idiota caindo? - Digo sorrindo.
- Caindo naturalmente, pelo o que eu percebi.
Nos separamos, e um homem pede para que eu tire algumas fotos com a medalha de ouro. Ao meu lado, uma mulher de no mínimo 50 anos recebe a de prata, e a de bronze vai para o machista, descobri que seu nome é Jonnnhy, com três "N".
- Para Grécia? - Morpheus pergunta depois de eu tirar as fotos.
- Grécia! - Sorrio.
Mas quando a areia começa a nos levar, eu percebo que nunca mais estarei em outro lugar senão lá. À partir de agora, meus últimos momentos serão no berço da humanidade.
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PARADISE ༅ Tʜᴇ Sᴀɴᴅᴍᴀɴ
Fanfic༄ 𝗣𝗔𝗥𝗔𝗜́𝗦𝗢 - 𝗹𝘂𝗴𝗮𝗿 𝗾𝘂𝗲 𝗿𝗲𝗶𝗻𝗮 𝗮 𝗳𝗲𝗹𝗶𝗰𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲. 𝙦𝙪𝙖𝙣𝙙𝙤 𝙚𝙧𝙖 𝙖𝙥𝙚𝙣𝙖𝙨 𝙪𝙢𝙖 𝙘𝙧𝙞𝙖𝙣𝙘̧𝙖, 𝙃𝙖𝙞𝙡𝙚𝙮 𝙨𝙤𝙣𝙝𝙤𝙪. 𝙨𝙤𝙣𝙝𝙤𝙪 𝙘𝙤𝙢 𝙪𝙢𝙖 𝙫𝙞𝙙𝙖 𝙙𝙞𝙛𝙚𝙧𝙚𝙣𝙩𝙚, 𝙨𝙤𝙣𝙝𝙤𝙪 𝙘𝙤𝙢 𝙪𝙢 𝙧𝙚𝙛�...