chapter 𓄿 fifteen

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Encontro uma foto dos meus pais, já na terça-feira. Estava limpando meu guarda-roupa e achei perdida, sofri uma dor no coração por ela estar amassada. Meu pai está fazendo um ok com a mão, enquanto continua sério. Minha mãe está com o olhar mais angelical que conheço, sorrindo e mexendo no cabelo loiro como os meus. Seus olhos verdes e impactantes se destacam, mesmo que a foto seja velha.

- Amo vocês. - Eu murmuro para mim mesma.

Mas o sentimento de solidão me vem, olho para eles e sinto tanta saudade que dói. Não havia ninguém para quem eu pudesse falar, pois toda a família do meu pai havia morrido, e minha mãe nunca conheceu os pais biológicos. Vivi na casa de uma velha vizinha da minha mãe até fazer 17, e ai eu me mudei com sua neta, Nala, para cá.

Mas nada, ou ninguém, preencherá o vazio deles no meu peito. Nem Morpheus.

Ele não apareceu nos últimos dias, mas eu estive no Sonhar. Andei por uma floresta, voltei à casa de Abel e Cain, e Lucienne me convidou para ver a biblioteca (mesmo que eu não consegui porque acordei). Matthew me disse que o lugar que tanto gosto, se chama Verde do Violinista, e o nome me intriga. É tão bonito, e meus dedos coçam para que eu desenhe mais uma vez.

Termino de organizar tudo, dobrando minhas roupas da maneira certa e limpando meus sapatos. Meu celular faz um barulho de notificação, e eu olho:

"Seu produto foi comprado por Hering.Ruivo"

- Ruivo Hering? - Eu me pergunto e clico na mensagem. Eu conheço esse nome, Scooby Doo.

Ele comprou o quadro por 300 dólares, e fico chocada. É, parece que ele ficou bom sim. Checo minha conta bancária e o dinheiro já caiu, e ele me manda o endereço, que é aqui na cidade.

- Nala! - Saio procurando ela, e encontro na cozinha fazendo um suco. - Você vai estar com o carro do seu chefe hoje?

- Provavelmente. Por que?

- Entregue o quadro nesse endereço que te mandei por mensagem. Ele pagou trezentos dólares!

- Deve ser rico. Eu levo sim. - Eu a olho e Nala sorri.

...

- A biblioteca possui todos os livros que já existiram, ou que vão existir. - Lucienne diz, enquanto eu me perco olhando para cima para uma grande pilha de livros.

- Então, seu eu escrever algo, algum dia, quer dizer que já está aqui? - Ela me olha e junta os braços na frente do corpo. - E se eu ler esse livro e não escreve-lo no futuro, ele continua existindo?

- Não é assim que funciona.

Lucienne tem muito mais paciência que Morpheus. A morena passeia comigo por toda biblioteca enquanto eu leio os títulos das capas coloridas nas estantes. Aqui, há um incrível cheiro de livro, mas também cheira a açúcar, algo doce, e então chocolate, e mel...

- Estamos na sessão de receitas. - Ela explica.

Percebo que eu estou do lado de uma prateleira tentando, com os pés levantadas, cheirando um livro. Eu sinto minhas bochechas ficarem vermelhas, e solto uma risada super sem graça. Voltamos a caminhar, e eu passo as pontas dos meus dedos nas prateleiras limpas.

A mulher volta para a parte central da biblioteca, onde se senta em uma mesa feita de uma madeira escura, cheia de papéis e livros escritos em uma língua que não conheço. Ela organiza algumas coisas, mas depois para, cruza os dedos e me olha.

PARADISE  ༅ Tʜᴇ SᴀɴᴅᴍᴀɴOnde histórias criam vida. Descubra agora