【Victoria/Twilight - Born To Die】

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Interações: Victoria X Leitora

Pronome: feminino (ela/dela)

Tema: drama, romance

Contagem de palavras:

Avisos: quebras de tempo, tempo abstrato. Os diálogos entre aspas são do passado, os com travessão são do presente.

O passado e o presente andam sempre juntos, não importa o que pensamos sobre isso

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O passado e o presente andam sempre juntos, não importa o que pensamos sobre isso. É a verdade absoluta. Não existe o presente sem o passado, tudo que acontece agora depende dele. Uma pessoa é o que é por conta de sua história. Um amor se fortalece com dívidas cumpridas, objetivos alcançados, como um beijo planejado ou um abraço ou um olhar. Um pedido de casamento há de ser planejado, assim como a morte - pois como alguém é atropelado senão pela decisão do motorista de olhar o celular dois segundos antes da tragédia?

Nascemos para morrer, esse é o futuro que depende do presente, que depende do passado. Tudo gira em torno do passado, é uma mistura de tempo, nossas três percepções em uma só. Uma bela e planejada percepção.

│VICTORIA│

Por quê?

Por que eu?

Lembro-me quando rezei aos meus pés para que não me falhassem, para que me levassem até a linha de chegada, um lugar seguro, para uma mão amiga. Não a Deus. Aos meus pés. Lembro-me bem que meu coração se partia a cada passo que dava, pois não encontrava o que procurava, ninguém parava, ninguém me enxergava.

Mas no fim eu ainda tinha esperança. Não que chegassem a algum lugar - isso aos poucos eu havia começado a não acreditar mais -, mas que eu pudesse vê-la.

S/N. Eu queria mais que tudo que, no limite de tudo - no meu limite - alguém, qualquer que fosse, me dissesse que ela era minha.

Mas ninguém disse.

"O que quer que eu faça, Victoria?"

"Só não me deixe triste, não me faça chorar", respondi quando ainda tinha sangue correndo abaixo da minha pele.

Caminhando pela rua da cidade suja, eu via aquelas pessoas miseráveis - aqueles que não se importaram em colocar pessoas como minha irmã e eu na rua, comendo ratos -, os via trocando dinheiro, comendo até se entupir na frente de pessoas famintas, enganando, matando, estuprando. Via os homens que olhavam as crianças com olhos cobiçosos.

E eu me escondi, consegui sumir. Então de repente minha invisibilidade me foi útil, pois eu podia fugir daqueles olhos.

Logo encontrei minha irmã, mas não S/N. Logo morri. Logo renasci. Logo encontrei James e me enganei, me perdi. Mas quando vi novamente os olhos s/o dela, me encontrei de novo, pude ver o quão cega fui.

Como me enganei... Estive obcecada. Fiz tanto por James, tão confusa quanto uma criança. Meu amor não era o suficiente para ele, tentei pegar o que podia, com medo de não conseguir encontrar todas as respostas que sempre precisei. E era S/N que eu precisava.

— Você sabe que não podemos mais fazer isso, Victoria — Riu, revirando seus lindos olhos, aqueles que sempre foi apaixonada, mas demorei para descobrir, apenas quando meu coração parou de bater.

Continue fazendo ela rir, Victoria.

— Vamos tentar!

— Por Deus! Você é uma vampira agora, como quer ficar chapada? — Ela gargalhava, me observando queimar a ponta do papel enrolado.

A estrada é longa, nós continuamos. Tento diverti-la nesse meio-tempo, como tentei fazer James me amar; mas com S/N não é difícil, não é impossível. Ela me vê, como ninguém jamais viu. Ela não me pede obsessão, e sim, meu lado mais selvagem e feliz, aquele que sorri com besteiras e não que mata por besteiras. Ela passeia nesse meu melhor lado.

— O que foi? — Pergunto quando ela afasta o rosto do meu — Não vai me deixar te beijar?

— Hm... Me deixa pensar um pouco, pode ser?

Eu rio, porque ela sempre me faz rir ao invés de me fazer chorar.

— Filha da puta.

— Ok, eu deixo — Sorri, passando os braços pelo meu pescoço.

Eu a beijo, ela me permite fazer isso, permite que eu a roube sob a chuva forte, permite que eu a gire no ar, porque gosta desse meu lado. Permite que eu a arraste para dentro da mata, correndo com os pés descalços pelas folhas molhadas, emaranhando nossos cabelos nos galhos. Esse é o meu lado selvagem, o que ela amava, como ama todos os outros. Ela gosta quando sou insana, mas a insanidade somente na diversão.

"Escolha as suas últimas palavras, Victoria, esta é a última vez", lembro-me dela dizer, quando suas bochechas ainda eram rosas. Segurando minhas mãos nas suas, nos escondemos entre duas casas altas de pedra, num corredor frio e com cheiro a merda.

"Do que está falando?" Perguntei, esperando que ela ignorasse minha pergunta e não me falasse a verdade.

Mas ela respondeu.

"Porque você e eu vamos morrer."

"Não, não vamos."

Ela sorriu.

"Eu sei que sim, mas isso é bom."

Apertei suas mãos.

"Por que quer morrer, S/N?"

"Não quero, você precisa entender. Nem toda morte é morte."

Nem toda morte é o fim. Vejo S/N deitada na grama crescida da clareira em um verão quente e entendo o que ela quis dizer quando nos separamos décadas atrás.

Nós nascemos para morrer.

E eu nasci para amá-la.

E eu nasci para amá-la

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𝐒𝐚𝐩𝐩𝐡𝐢𝐜 𝐈𝐦𝐚𝐠𝐢𝐧𝐞𝐬🌈™Onde histórias criam vida. Descubra agora