Aqui, somente imagines com personagens fictícias FEMININAS. Apenas mulheres e/ou pessoas com a maior parte de suas características sendo femininas (não desmerecendo gênero algum).
Iludam-se à vontade, a vida serve para isso!
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Posso ver a tristeza de Hermione a cada dia que passa, um sorriso meu é um dia de desespero dela. Já pensei em me afastar, sim, mas sei que é tão errado... Não posso deixar que o medo a consuma.
Hermione e eu namoramos, mas é quase como se eu a forçasse. Isso me dá nojo, nojo de mim mesma. Ela me ama, do contrário não estaria comigo. Mesmo assim, ainda é difícil desfazer um preconceito tão enraizado em nossas cabeças, mesmo em mim que já sei o que quero quase desde que nasci - Hermione não, ela descobriu seu desejo por mulheres há pouco tempo.
— O que te preocupa?
Sento-me no chão ao lado dela, olhando para o céu azul através da janela à nossa frente.
Ela não me olhou, vi seus lábios se movendo e quase li "não sei", mas isso Hermione jamais diria, nunca admitiria. Resolvi ser misericordiosa com ela, tirando o peso de falar aquelas palavras tão odiosas.
— Tudo. Não é?
Com os olhos sofridos, ela voltou-se a mim.
— Sim...
Balancei a cabeça, pesando as possibilidades.
— Eu queria dizer que sei como está se sentindo, assim talvez você se sentisse melhor. Mas não sei, sinto muito.
— Não? Como? Você me disse que descobriu cedo. Como reagiu? E seus pais?
Eu sorri e meu peito se aqueceu com o que viria. Finalmente a conversa estava entrando em um bom caminho, um bem conhecido por mim. Agora era a minha vez.
— Sim, descobri cedo. Eu sempre soube que gostava de meninas, isso nunca foi uma questão para mim. O que demorei mais foi para saber que não gostava de garotos — Olhando para a grifana, a encontrei me encarando com olhos atentos, como uma linda coruja curiosa. Sorri — Nunca tive vergonha de admitir também, porque eu convivi a vida toda com pessoas maravilhosas que me ensinaram a ver beleza no que as pessoas chamam de diferente.
— Quem te ensinou? — Hermione mal esperou eu terminar de falar e questionou. Eu ri com sua ansiedade.
— Minhas mães, Mione.
Meu coração derreteu quando vi seus olhinhos se arregalarem mais. Seus lábios se separaram e senti vontade de beijá-la ali mesmo no corredor iluminado pela lua cheia. Eu quis rir com sua expressão espantada, mas me contive.
— Mães? D... Duas mães?
— Sim. Duas maravilhosas mães. E posso te contar uma coisa? — Hermione confirmou com a cabeça, ainda em choque — Nunca vi duas pessoas se amarem como elas se amam. Uma protege a outra, uma admira a outra e as duas se apoiam. Sempre desejei um amor assim para mim.
Vejo o peito de Hermione subir e descer lentamente, como se ela mal se concentrasse em respirar, apenas em ouvir minhas palavras.
— Então, se não quiser mais estar comigo, por favor, me diga agora. Não quero que você deseje todos os dias qualquer outra pessoa além de mim, ou que se sinta mal por estar comigo.
Agora o semblante surpreso de Hermione foi aos poucos se desmanchando, dando lugar a um mais melancólico e pesaroso. Sei o que ela está pensando.
— Eu quero estar, S/N. Por favor, acredite em mim.
— Eu acredito — Sorrio, segurando sua mão trêmula — Te dou seu tempo.
Dessa vez surpreendendo a mim, Hermione estica a outra mão e inclinasse para mim, tocando meu rosto. Ela hesita, mas quando levanta os olhos para encontrar os meus, se aproxima mais, então ela os fecha e toca seus lábios nos meus em um beijo calmo. Sinto o calor de seu sangue sob a pele, e ele ferve. Seu hálito é puro suco de abóbora, e sorrio no beijo ao lembrar como Hermione ama aquele suco.
Quando nos separamos, ela sussurra:
— Eu não preciso de tempo, só preciso de... ajuda.
Pela fraqueza em sua voz, entendo imediatamente a dificuldade que é para ela pedir aquilo, a importância daquilo.
— Eu vou estar sempre aqui para isso. Como e quando quiser.
