Liberdade provisória (até segunda ordem)

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N.A.:

Agradeço por estar dando uma chance a essa história. Se chegou até ela, devo te avisar de antemão que ela não é bem um clichê ao qual estamos acostumados ler, e ela foi feita com esse propósito. Talvez por isso não agrade muito o público que a encontre pensando ser sobre uma garota que descobre o amor e com isso, vemos o desenrolar do casal. Na verdade, aqui se fala sobre o amor, mas em  diferentes formas, inclusive na romântica, e possivelmente de um jeito diferente do que vemos na maioria das vezes.

Aqui, feridas serão tocadas, podendo causar desagrado a alguns leitores, logo se você gostar de leituras mais leves, não recomendo essa história. Porém, se você quer ver uma protagonista e outros personagens com uma outra abordagem, você está no lugar certo.

Temas como saúde mental, depressão, alcoolismo, mágoa, culpa e insegurança são o retrato direto das personagens que estão tentando aprender a seguir a vida. Tudo isso misturado com pitadas generosas de alguns amores intensos , outros conturbados e e crises existenciais sobre o que é ser você mesmo. Elas fracassam, se frustram, caem, demoram a se levantar, querem desistir, mas se apoiam, sentem, riem, fazem loucuras, besteiras, erram e assim seguem a vida.

Morgana poderia ser eu, você ou alguma amiga sua, mas Morgana é ela mesmo. Uma jovem com um passado conturbado que sonha em ter algum roteiro seu adaptado, e que em meio de devaneios e descobertas vai calçando seu caminho atrelado ao das pessoas que vai conhecendo em sua jornada pessoal, cada um com sua particularidade.

Se leu até aqui, por favor, segure-se onde estiver antes de mergulhar nessa tragicomédia da vida cotidiana não tão usual assim. 




— Você tomou alta – ela diz animada, sorridente como se tivesse me dando a notícia de um prêmio inestimável – Não está feliz?

Ouço a tal novidade em silêncio. Feliz? Triste? Não sei. Pra falar a verdade, não esperei que fosse ouvir isso algum dia depois de tanto tempo. Parece que é uma realidade falsa a qual não faz o mínimo de sentido.

— Entramos em um consenso de que já se encontra apta ao convívio social novamente.

— Tá, e o que eu faço com isso?

Ela escuta aquilo emudecida, perdendo o ar latente de alegria que sentia por mim, franzindo as sobrancelhas.

— Sou jogada na rua e fica por isso mesmo?

— Nada disso, Morgana – ela balança a cabeça aturdida, como se o que eu falasse fosse um absurdo tremendo. Nada que eu já não fale normalmente – te chamei porque estamos preparando um cronograma para sua readequação enquanto sua irmã passa por... melhores cuidados onde ela está

Pela cara dela, Isolda deve estar mais fodida do que eu, mas ela não quer estragar a minha suposta felicidade em sair daqui.

— E se eu não quiser? – cruzo as pernas, apoiando as mãos no joelho.

— É necessário – ela se recosta na poltrona acolchoada de diretora – tem algumas coisas lá que são diferentes do que você está acostumada a viver aqui. Convenções sociais principalmente, sem contar...

— Não sei se estou pronta pra isso – olho para a janela na tentativa de fugir da conversa. Ela se levanta, e coloca a mão esquerda em meu ombro, olhando-me de cima.

— Você está, só não se deu conta disso.

Dou com os ombros, deixando o ar sair pelos lábios, cansada. Grande merda tudo isso.

As incríveis desventuras de MorganaOnde histórias criam vida. Descubra agora