Divórcios compulsórios

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CENA VIII

Há uma discussão na sala de casa. O pai está sentado em sua poltrona de couro marrom, fumando um charuto e bebendo uísque em uma garrafa de cristal enquanto a mãe, colérica, vira pra ele, com as mãos na cabeça.

A MÃE

Renato, você não vai fazer nada?

O PAI

Você quer que eu faça o quê?

Ele dá uma longa baforada no charuto.

O PAI

Bata na minha filha?

A MÃE

Não entendeu o que eu disse ou está se fazendo de louco?

O PAI

Eu entendi bem o que disse, Eleanor, não sou maluco.

O homem lança um olhar sisudo com as sobrancelhas cerradas em direção a Eleanor.

O PAI

Eu já tinha percebido isso.

Ele se levanta da poltrona, com o charuto entre os dedos.

O PAI

E pouco me importa do que ela gosta, se ela está feliz, pra mim está bom.

A mãe grita no ar, derrubando os itens da cômoda do lado do marido, fazendo um estalo de itens quebrados no chão do cinzeiro transparente e do vaso de planta comprido azul celeste, fazendo ecoar um alto barulho.

A MÃE

Você sempre passando a mão na cabeça dessa menina!

O PAI

Eu não vou agredir minha filha só porque ela não é o que você quer.

Renato dá um gole no uísque, balançando o conteúdo antes de coloca-lo de volta na cômoda.

O PAI

Você só sabe cobrá-la, e não te vejo fazer metade disso pela outra!

A MÃE

Porque a Morgana precisa de redirecionamento, Renato!

Ele aponta com o charuto em sua direção.

O PAI

Você é muito mesquinha, Eleanor.

A MÃE

Como se você tivesse moral pra falar alguma coisa, Renato...

O PAI

Pelo menos eu quero que minha filha seja feliz, e você com essa obsessão de que ela seja sua sucessora ou seja lá o que for! Sequer  consegue perceber o quanto ela está sofrendo com isso!

A MÃE

Ela não sabe o que quer da vida! Eu preciso...

As incríveis desventuras de MorganaOnde histórias criam vida. Descubra agora