Caindo na Real

Capítulo 69 - Família

Normani Kordei  |  Point of View

Andamos muito, o irmão dela estava em outro pavilhão, ela bateu na porta e esperamos.

— Quem é? Não vou tomar café hoje.

— Sou eu seu preguiçoso.

— Entra, pequena. – Ela abriu a porta e o quarto estava escuro, ela ligou a luz e ele se assustou quando nos viu.

— Quem são vocês?

— Eu sou Normani.

— E eu sou Dinah. Queremos adotar sua irmã.

— Olha... ela é perfeita mesmo. – Ele disse e ela pulou no colo dele. — Mas mesmo que a leve, ela não fica bem quando estamos longe. Vai ser só por dias... aí nós vamos adoecer, ficar com febre e só vamos melhorar quando nos encontrarmos. Não nos façam passar por isso de novo, a deixem aqui. – Ele deveria ter uns doze anos, era lindo como a irmã e tinha vários desenhos animados espalhados pelo quarto.

— Você que faz?

— Sim. Ele é muito bom, o super irmão é ele, a ajudante sou eu, né, mano?

— Isso.

— Você é muito talentoso, entrando em uma escola de desenhos vai se aperfeiçoar ainda mais. O que acha, Mani?

— São lindos. – Peguei um e comecei a ler.

“Eu não tenho super poderes, Super irmão.”

“Tem sim. Fuja e se salve, você é a minha fonte de poder, sem você eu não existo”.

Entreguei ele a Dinah e ela se emocionou ao ler.

— Eu... – Falei sem jeito. — Vi uma cantina aqui, como vocês não tomaram café e nós também não...

— Ótima ideia, amor. Vamos tomar um café?

— Tudo bem. – Ele disse e fez que a irmã descesse da cama. — Me esperem lá fora, preciso me vestir.

— Claro.

A menina pediu colo para Dinah e ela ficou toda boba. Deus! Tem que ser ela... e ele também parece ser um ótimo menino.

Existem dias especiais que ficam guardados em um cantinho e sempre sorrimos quando nos lembramos dele. Como o primeiro beijo... a primeira conquista na escola ou no trabalho... esse dia vai ser um desses dias eternizados, preciso desses meninos, ela é uma menina tão hiperativa e ele um garoto tímido, fez da adoração por quadrinhos, especialmente por Batman, e a falta de dinheiro para comprar, a inspiração para fazer os próprios... como não amar um garoto perseverante como esse?

Ele observava tudo que a irmã fazia e ficava cuidando dela, se ela levanta... como ela come... o que ela pode ou não dizer... eles devem ser passado por muita coisa.

— Vocês gostaram de nós? – Dinah perguntou. — Nós somos um casal... já devem ter ouvido falar sobre casais do
mesmo sexo... isso é problema para vocês?

— Não. Nós não somos preconceituosos.

— Bom... e vocês gostariam de morar conosco?

— Nós dois? – O garoto perguntou confuso.

— Sim. Não podemos dizer que vai ser rápido, vamos entrar na fila, mas seria uma honra se aceitassem nós duas como mães. – Eu disse e a garotinha pulou no meu colo.

— VOCÊ OUVIU, MANO? ELAS VÃO LEVAR NÓS DOIS. – O garoto abraçou Dinah e ela sorriu com os olhos marejados para mim.

— Ouvi sim. Nós conseguimos, muito obrigado por nos escolherem...

— Nós que agradecemos... acho que nos escolhemos. Fomos ao quarto da sua irmã por causa da música.

— Não acredito que vou dever minha saída daqui a Beyoncé. – Ele disse revirando os olhos.

— Eu te disse que a Beyoncé é rainha e impera no mundo. Só essa diva pra conseguir um milagre desses.

— Eu quero levar essa menina pra casa hoje. – Eu disse e Dinah gargalhou.

— Vamos conversar com a freira e ver como vamos proceder agora.

— Tudo bem... caso não dê certo, volte para visitar ela... ela fica muito mal quando não voltam.

— Vamos voltar todos os dias... precisamos ver como proceder, se dependesse de nós levaríamos vocês hoje mesmo. Mas não sabemos direito como vão funcionar as coisas agora.

— Vamos torcer para tudo dar certo.

Ficamos conversando mais um pouco, mas os chamaram para aulas... e nós assistimos um pouco, completamente bobas e apaixonadas por eles... eu já estava imaginando o dia que eles vão me chamar de mãe.

Allysson Broke  |  Point of View

Chamamos nossos pais para um jantar, decidimos contar logo sobre a fertilização, pois já fizemos os exames e todos foram satisfatórios para conseguir engravidar. Faltam alguns, mas os principais estão bons e isso é incrível.

— Então, minha filha, você disse que queria nos ver para contar uma novidade. Qual é? – O meu sogro disse e Jô me olhou, assenti.

— Nós queríamos comunicar vocês de uma decisão que tomamos.

— Estamos curiosos. – Minha mãe disse e eu segurei a mão de Jô.

— Após longas conversas, percebemos que estamos prontas para sermos mães. – Eles ficaram sérios, todos nos encarando e eu gelei.

— Vão adotar? – A mãe de Jô perguntou.

— Não. Discutimos um pouco sobre isso, queria ele parecido com a Ally, mas para ficar mais nosso ainda, vamos fazer uma fertilização in vitro, no primeiro filho a Ally vai engravidar. – Ela disse e a mãe dela levantou, abraçando ela.

— Meus parabéns, filha. É uma ótima decisão. – O pai de Jô me puxou para um abraço.

— Esse final de semana, sua mãe e eu conversamos sobre isso, pensamos que estava mais do que na hora de um pequeno correndo por nosso quintal. – Ele disse e eu sorri. Meus pais se encaravam e vieram me abraçar assim que os pais de Jô se afastaram.

— Que alegria, minha filha. Pensei que não te veria grávida.

— Quero muito isso, tomara que tudo dê certo. – Eu disse e minha mãe sorriu.

— Vai dar, pequena. – Meu pai disse e beijou minha testa. — Temos que agradecer muito a Jô por seu amadurecimento.

— Para, papai. – Eu disse envergonhada e Jô me abraçou de lado, fomos conversando e explicando para ele como seria o processo. Jô cederia os óvulos para serem fecundados e eu os carregaria.

×××

Após os resultados dos exames, o médico nos instruiu sobre o que faríamos. Afastamos-nos um pouco do trabalho
para fazer tudo tranquilamente. Hoje vamos escolher um doador no banco. Jô achou isso muito estranho, isso que ela é a médica, mas escolhemos um parecido comigo e ela ficou satisfeita por fim. Agora é só esperar o resultado.

NÃO ESQUEÇAM!

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