Capítulo 19: Laço de parceria.

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Quinn

Sabe aquela sensação de estar flutuando em um sonho e então simplesmente despencar e acordar, com o coração chegando a boca e a mente virando um borrão? Foi exatamente isso que senti no instante que mordi o braço de Will. Minha intenção era apenas conseguir me soltar. Não estava esperando a onda de adrenalina que tomou conta do meu corpo quando senti o gosto magnífico do sangue dele, que fez meus olhos se revirarem de prazer. Ou dá vontade absurda de não soltá-lo nunca mais. Mas a corrente elétrica que atingiu meu corpo, fez minha cabeça virar um borrão e algo puxar com força minha mente.

Will me soltou no instante que o mordi, parecendo sentir a mesma coisa que eu, já que ele arfou de surpresa, ao mesmo tempo que seu corpo estremecia contra mim. O gosto do sangue ainda manchava minha língua e nublava minha mente de desejo, quando cambaleei para longe dele, sentindo algo queimando dentro de mim, vivo e mágico.

Quando ergui os olhos pra ele, ainda sentindo o frenesi indescritível por tê-lo mordido e provado seu sangue, aquela coisa entre nós tomou conta de mim. Nossos olhos se encontraram e meu corpo foi tomado pelo choque, quando algo ganhou vida na minha mente.

Ofeguei, vendo o vislumbre do brilho nos olhos de Will, quando ele sentiu o mesmo que eu. A sensação de ter encontrado aquilo que você esperava a vida toda, sem nem ao menos saber. Então lá estava, brilhando entre nós, vivo e belo como a magia deveria ser. Exigindo contato, posse e o calor do corpo dele.

O laço de parceria brilhou entre nós, como uma linha invisível que ligava nossas mentes e nossa alma. Era belo, perfeito e único, como deveria ser. Will era meu parceiro. Era o vampiro que eu deveria amar incondicionalmente. Ele era meu. Indefinidamente meu.

Fiquei de pé, sentindo meu coração martelando no peito, pronta para agarra-lo e me certificar que nenhum outra fêmea ou macho olharia pra ele. Porque ele era meu parceiro. Porque eu podia e devia fazer isso. Porque meu lado possessivo já estava dando as caras e eu o queria só pra mim.

—Quinn! —Megan segurou meu braço, me puxando para longe de Will antes que eu conseguisse processar o que estava acontecendo. —Lorde Huxley está exigindo sua presença.

—O que? Agora? —Olhei por cima dos ombros dos vários vampiros por onde Megan me empurrava, tentando encontrar Will.

—Agora, Quinn. Sério, ele não está nem um pouco feliz! —Megan exclamou, parecendo estar falando sério. Segui ela no automático, sentindo a força do laço ainda me deixando bamba e acesa, como se um incêndio estivesse se iniciando dentro de mim.

—Pode... pode encontrar o Will e dizer pra ele me encontrar na área onde ficam os cavalos? —Pedi, segurando o braço dela e fazendo-a parar de andar, quando já estávamos nos corredores rochosos do clã.

Megan ergueu as sobrancelhas, abrindo um sorriso malicioso, antes de assentir. Me afastei dela e disparei pelo corredor, querendo resolver logo o que quer que Lorde Huxley quisesse, para voltar para Will. Parei em frente as portas do escritório dele minutos depois, ainda sentindo o gosto de Will na minha boca, fazendo meus pensamentos se focarem apenas nisso.

Bati na porta, mordendo o lábio ao mesmo tempo que sentia o laço na minha mente, ainda exigindo mais contato, como se soubesse o quão longe nós estávamos um do outro naquele momento. Toquei o laço no fundo da minha mente, sentindo meu corpo estremecer quando Will fez a mesma coisa do outro lado.

A porta na minha frente se abriu e o sorriso nos meus lábios morreu. Até o laço que havia acabado de despertar, pareceu se encolher na minha mente, brilhando quietinho dentro de mim. Encarei Lorde Huxley, vendo a expressão neutra dele, quando fez sinal para que eu entrasse. Passei pela vampira de cabelos curtos que havia aberto a porta pra mim, antes da mesma sair e me deixar sozinha com ele.

—Milorde! —Parei em frente a grande mesa de madeira, na qual ele estava sentado em uma cadeira do outro lado. Seus olhos em avaliaram de cima a baixo, enquanto ele respirava fundo, me dando certeza que sentia o cheiro de Will em mim, assim como dos outros vampiros com quem eu tinha lutado naquele dia.

—Treinando para a caça oficial? —Indagou, retoricamente, antes de voltar os olhos para os papéis na sua frente. —Deve se preparar muito bem. Já deixei claro aos outros caçadores que você está entre os escolhidos que vai participar.

Pressionei meus lábios, tentando demonstrar o quanto aquilo não me surpreendia. Não tinha dúvidas que ele esperava que eu não saísse viva de lá. E se eu ousasse sair viva de lá, tenho certeza que ele esperaria muito mais de mim.

—Algum progresso com o nosso recém transformado? —Ele me encarou, como se avaliasse minhas reações minuciosamente.

—Ainda não. Estou me aproximando dele. Mas acho que Will não tem muito a contar. —Afirmei, abrindo um sorriso. —Tenho certeza que ele é só um recém transformado.

—Sabe qual o problema, Quinn? Ninguém nunca é o que parece ser. Veja só, Louisa Reese era só uma humana tola que entrou em uma floresta na hora errada. Mas no final, ela era parceira de um lorde vampiro e o ajudou a derrubar Lady Spensa LaRue. —Ele batucou os dedos na mesa. —Seu pai era um vampiro astuto, que me servia muito bem. Mas no final, sua lealdade estava com Lorde Arteryon. Humanos são tolos e vampiros são traiçoeiros.

Ergui uma das sobrancelhas, sem deixar transparecer nada no meu rosto. Eu era o exemplo de calma e indiferença naquele momento, mesmo que meu corpo estivesse quente e pronto para explodir.

—Agora temos um vampiro matando humanos por aí. Ameaçando nossa paz com os outros clãs e com os próprios humanos. Além de um boato de que algo de errado está acontecendo com a família real. —Ele se curvou na mesa, tombando a cabeça de lado. —Acha que tudo são só coincidências, Quinn?

—Não sei, milorde. Mas tenho certeza que o senhor sabe a resposta pra isso. —Afirmei, dando-lhe meu melhor sorriso.

—Ah, Quinn. Gosto muito de você, sabia? —Declarou, e eu engoli o arquejo quando o laço estremeceu na minha mente. —Você é esperta, bonita e com um gênio forte. Lide com aquele vampiro e volte pra me contar, está bem? Estarei esperando ansiosamente.

Acenei em concordância com a cabeça, com a risada se entalando na minha garganta. Não me importava com o que Will era ou deixava de ser naquele momento. Ele era meu parceiro e eu estava pronta para reivindica-lo como meu.

[...]

Fiquei feliz ao ver que a área onde os cavalos ficavam presos estava completamente vazia, além dos animais presos nas baias, que pareciam indiferentes a minha presença. O som das ondas me acompanhavam enquanto eu caminhava pelo corredor coberto de restos de fenos. O estábulo era construído perto da praia, contra a montanha onde o clã estava fixado.

Me dirigi até os fundos, onde o depósito de fenos estava. Ali eu podia ver a entrada do estábulo e também ficar escondida de qualquer outro vampiro. Caminhando de um lado para o outro ao perceber que Will não estava ali. Megan pode não tê-lo encontrado e ele está por aí me procurando, enquanto eu estou aqui o esperando.

Esfreguei as mãos no rosto, enquanto me concentrava naquele laço mágico na minha mente, tocando-o e deixando que Will sentisse que eu estava ali. Que eu estava esperando por ele. O laço estremeceu do outro lado e uma onda de desejo varreu ele até mim, fazendo todo meu sangue esquentar.

Ergui a cabeça e pisquei algumas vezes, vendo Will bem na minha frente, me encarando com uma intensidade tão grande, que senti que estava nua na sua frente. Engoli com dificuldade quando ele colocou as mãos na minha cintura e me empurrou, até eu estar contra a parede do depósito.

Toquei aquele laço entre nós, que pareceu brilhar ainda mais, enquanto as mãos dele se erguiam e circulavam meu rosto, fazendo meu corpo queimar com o contato da pele dele contra a minha. O ar se aqueceu e minha boca se encheu de água quando o cheiro dele tomou conta de cada parte de mim.

Queria prova-lo de novo. Queria mais dele. Precisava de mais.

—Will? —Seus lábios deslizaram pela minha bochecha, como se ele estivesse querendo prolongar cada segundo daquele momento. Mas não demorou muito pra ele segurar meu queixo e encarar meus olhos, com os dele nublados de desenho.

—Você é minha, girassol.

Continua...

Laços de Sangue e Poder / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora