Laços de Sangue e Poder / Vol. 2

Capítulo 46: Clã Fletcher.

Garrett estava acorrentado a uma cadeira no escritório de Nicolay. Mantinha os olhos em Kyara sem nunca desviar ou sequer se mover. Parecia querer conhecer cada pedaço do rosto e do corpo dela com os olhos. E o cheiro dele era uma mistura de excitação com ansiedade e nervosismo.

—Por que eu estou acorrentado aqui? —Indagou, se dirigindo a Nicolay, mas sem tirar os olhos de Kyara. Parecia estar hipnotizado por ela.

—Você estava rondando meu clã a alguns dias. Creio eu que entende o quanto isso é suspeito. —Nicolay se escorou na mesa, olhando pra ele com curiosidade. —Até eu ter certeza sobre você ser um risco ou não, não deixarei chegar perto da minha irmã. Então, sugiro que comece a conversar comigo e responder minhas perguntas.

Ele finalmente desviou os olhos para Nicolay, soltando uma respiração frustrada.

—O que quer saber? —Garrett murmurou, deixando claro que responderia qualquer coisa. Perto da porta, pude ver Lou sussurrar alguma coisa no ouvido de Kyara, que permanecia impassível.

—Desde quando está no continente Vênus? —Nicolay questionou.

—Faz mais de um mês. Sai de Artenis e do Clã Fletcher para procurar pela minha parceira. Fiquei cansado de esperar o destino nos colocar frente a frente. —Esclareceu, parecendo pensar em cada palavra. —Procurei por toda Artenis, quando não encontrei, viajei até o Mundo Inferior e usei uma pedra dimensional para chegar aqui. Desde então estou vagando pelos territórios dos clãs procurando por algum sinal dela.

Ele olhou para Kyara, forçando as correntes por alguns segundos antes de relaxar, parecendo derrotado.

—Não consigo saber se você é corajoso ou burro. —Ágape murmurou, pulando em cima da mesa e dando um susto em Garrett, que o encarou com uma careta. —Podia estar decorando a sala de algum lorde vampiro por ai.

—O que diabos é você? —Garrett exclamou, perplexo.

—Um gato, que fala, e dai? —Ágape revirou os olhos. —Você tem cinco segundos pra se acostumar com isso, antes que eu pule na sua cara por estar me olhando assim.

—Ágape... —Nicolay olhou pra ele com uma expressão séria.

—Que é? —O gato preto se coçou, resmungando alguma coisa indecifrável. —Ele tá me olhando com essa cara de bocó, que culpa eu tenho?

Nicolay soltou um suspiro, enquanto eu via Will tentar conter uma risada do meu lado, ao ver a expressão descrente no rosto de Garrett.

—Você encontrou algum vampiro nos dias que está por aqui? —Nicolay prosseguiu, ignorando o gato preto que estava se lambendo ruidosamente sobre a mesa, como se estivesse fazendo de proposito.

—Alguns. A maioria eram grupos que estavam caçando, mas que eu consegui despistar. —Garrett umedeceu os lábios com a língua, franzindo a testa ao pensar. —Teve alguns que estavam sozinhos também, caçando ou apenas andando pela floresta.

—Por acaso... —Will parou de falar, olhando para Nicolay como se pedisse autorização, recebendo um aceno de cabeça dele. —Por acaso um desses vampiros solitários tinha pele morena, cabelos negros, curtos e parecia não ter um lugar fixo para ir? Como se estivesse... perdido?

—Bem... —Garrett se remexeu na cadeira, franzindo a testa mais ainda. —Acho que sei de quem está falando. Eu o vi, mais de uma vez, na verdade. Não parecia fazer parte de nenhum clã, porque estava sempre se locomovendo de um território para outro, caçando, repousando e voltando a seguir a floresta, como se procurasse algo. Falei com ele uma única vez. Eu queria saber quantos clãs havia aqui nesse continente. Ele me respondeu desconfiado e quando eu quis saber de onde ele era, ele foi embora.

—Era o Leon. —Afirmei, me virando para Will. —Ainda está atrás de você.

—Ele não vai desistir. —Concordou, passando a mão nos cabelos, parecendo frustrado. —Talvez eu devesse sair daqui e ir lá fora encontrar com ele e resolver isso de uma vez por todas.

—Uma coisa de cada vez, Will. —Nicolay se virou para Garrett de novo, antes de olhar para a irmã, que continuava parada perto da porta, segurando a saia do vestido vermelho com força. —Você está sentindo o laço, Kyara?

Ela comprimiu os lábios, desviando os olhos de Garrett para o chão, antes de balançar a cabeça negativamente.

—Eu o sinto! —Garrett exclamou, forçando as correntes para tentar se soltar. —Eu não estou inventando um laço para não ser morto. Ela é minha parceira!

—Precisamos ter certeza antes de tudo. —Lou afirmou, olhando pra ele de forma amigável. —Você apareceu aqui do nada, vindo de Artenis...

—Eu queria encontra-la. —Garrett afirmou, indicando Kyara com a cabeça, antes de olhar para Nicolay. —Eu sabia os riscos quando vim até aqui. Mas um macho faria qualquer coisa para encontrar sua parceira, precisa concordar comigo quanto a isso.

Todos olhamos para Nicolay, vendo que a ultima frase o atingiu em cheio. É claro que um macho faria qualquer coisa e Nicolay sabia disso, porque ele fez coisas questionáveis para encontrar Lou e nunca se arrependeria de nenhuma delas.

—Kyara? —Nicolay se virou pra ela, como se esperasse que ela dissesse alguma coisa. —O que pensa sobre isso?

Ela ergueu a cabeça, olhando para o irmão com as sobrancelhas erguidas, então se virou para Garrett, caminhando na direção dele com uma lentidão que o deixou nervoso.

—Só tem um jeito de saber. —Murmurou, segurando a saia do vestido e se sentando entre as pernas dele.

Garrett ficou tenso, olhando pra ela com os olhos arregalados de surpresa. Kyara pareceu tímida pela primeira vez na vida, mas não hesitou em afastar a camisa dele do seu pescoço e o deixá-lo livre pra ela, então abaixou a cabeça e aspirou o perfume dele, antes de cravar os dentes na parte mais sensível do seu pescoço.

Garrett puxou os braços, se debatendo na cadeira por um segundo, antes do seu corpo relaxar e ele soltar um gemido. Kyara relaxou sobre o colo dele também, passando os braços ao redor dos ombros dele, sem desgrudar a boca do seu pescoço.

O cheiro da excitação dos dois tomou conta da sala, fazendo todos nós trocarmos olhares e então sairmos da sala de fininho, porque não existiam mais dúvidas depois daquilo.

Continua...