—Como me encontrou? —Ágape saltou do sofá quando perguntei isso, erguendo os bigodes em uma careta, antes de parar embaixo de mim, me obrigando a olhar para o chão.
—Na última reunião dos clãs a Louisa sentiu seu cheiro na irmã desse garoto. —Ágape se sentou entre as quatro patas, gesticulando com a cabeça em direção a Jason. —E como eu era o único a conseguir entrar aqui, sem chamar muita atenção, fiz esse sacrifício para encontrá-lo.
Soltei uma respiração pesada, me abaixando e pegando o gato preto, erguendo-o para frente do meu rosto. Ágape resmungou alguma coisa e ficou com as patas esticadas, como se esperasse que eu o derrubasse.
—É bom ver você, Ágape. Acredita se eu disser que senti sua falta? —Afirmei, vendo só olhos amarelos se revirarem, antes do gato bufar.
—Sim, obviamente você sentiu minha falta. Quer dizer, quem em sã consciência não sentia falta de uma criatura como eu? —Ele se remexeu, até eu segura-lo no colo, pressionado contra meu peito. —A questão aqui, vossa alteza, é que está um caos lá fora e você precisa voltar pra casa agora!
Me encolhi ao ouvir a palavra "casa" sentindo a vergonha pelo que aconteceu tomando conta de mim. Soltei Ágape no chão, desviando dele para me sentar no sofá, vendo tanto a atenção dele como a de Jason em mim.
—Para o castelo, ou para o Clã Arteryon? —Indaguei, fitando o gato preto que tinha os olhos cerrados.
—Ambos são sua casa. A questão é pra onde você quer ir. Independente disso, precisa saber de uma coisa. —Ele pulou sobre a mesa de centro, me encarando com uma expressão severa. —Você mordeu um humano.
—Eu matei um humano. —Rebati, com o gosto amargo invadindo minha boca. —Todos já estão sabendo? Meus pais?
—Não, não, não! —Ele pulou para o sofá e me deu uma patada no braço. —Você não o matou. Você o transformou.
—O que? —Soltei o ar com força, arregalando os olhos, enquanto Ágape revirava os dele pela segunda vez. —Ele... aquele cara ainda está vivo?
—Ah, sim, vivo até demais. Se ia beber o sangue dele, que pelo menos se certificasse de que ele estava morto antes de fugir! —Ágape exclamou, exasperado. —Agora ele está por aí, matando famílias humanas e procurando por você! Tem noção do que fez? Vampiro idiota!
—Ágape! —Sibilei, esfregando as mãos no meu rosto, sentindo aquelas informações girando na minha mente. —Uma coisa de cada vez. Meus pais estão muito decepcionados comigo?
—Tá de sacanagem com a minha cara? —Ágape fechou a cara, fincando as garras no sofá. —Eu digo que ele está você por aí, atrás de você, e sua pergunta é sobre seus pais estarem decepcionados?
—Na verdade, se esse recém transformado está por aí querendo se vingar, ele tem toda a razão de me odiar. Eu perdi o controle aquela noite. Não queria tocar nele. —Afirmei, engolindo com dificuldade. —E sim, estou preocupado com meus pais. Eles fizeram de tudo por mim e na primeira oportunidade eu ataquei um humano.
—Na primeira oportunidade? Pelo amor de Deus, você tem 19 anos! —Ágape exclamou, afundando a cabeça entre as patas, parecendo irritados. —Você teve oportunidade todos esses anos, morando em um lugar cercado de humanos. Um deslize, alteza. Foi só um deslize, que você está transformando em uma catástrofe.
—Pra você é fácil falar, é só um gato. —Rebati, fazendo Ágape bufar. —Eu sou um vampiro com pais humanos.
—E eu sou um gato falante. Tem algo mais bizarro que isso? —Ele tombou a cabeça de lado, antes de curvar os bigodes em uma careta e então erguer a pata para se coçar. —Merda, isso aqui tá cheio de pulgas. Podemos conversar no caminho? Eu realmente não quero ficar preso em outro clã, por mais 70 anos.
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Laços de Sangue e Poder / Vol. 2
FantasyEm uma terra de humanos e vampiros, o príncipe Will deveria ser aquele que subiria ao trono do reino mortal, para governar os humanos. Mas só tinha um único problema, por conta de uma maldição envolvendo sua mãe, a rainha, ele é um vampiro. O segred...