Capítulo 45: Medalhão.

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Will ficou em silêncio por longos segundos, encarando um ponto fixo no chão com muito interesse. Senti vontade de me levantar e toca-lo para que ele soubesse que estava tudo bem e que eu ficaria do seu lado não importava que decisão domasse.

—E vocês dois? —Indagou, olhando pro pai e depois pra mim. —E o bebê? O que pretendem fazer?

—Estamos analisando as opções, Will. —Lyn afirmou, abrindo um sorriso carinhoso pra ele. —Mas se tiver alguma sugestão, somos todos ouvidos.

—Bem, se pretendem deixar a coroa, podem ir para o Clã Arteryon, não? A gente sabe que as chances de você sobreviver a essa gravidez são poucas, mãe. Podemos quebrar o medalhão que contém sua maldição e transformar...

—Will... —Kane o cortou, soltando uma respiração pesada. —Me transformar não vai acabar com nossos problemas.

—E vocês vão ficar esperando? —Ele olhou para a mãe, mordendo o lábio com força. —Vai esperar a gravidez matar você?

—Seu pai nunca quis ser vampiro. —Lyn afirmou. —Estamos confortáveis assim e a gravidez está no início. Temos tempo de sobra pra pensar no que vamos fazer, filho. A questão agora é o trono desde reino e o que vai acontecer com você!

—Eu não sei. —Fiquei de pé com o tom de voz rude de Will. —Eu nem consigo pensar direito. Tem tantas coisas acontecendo e vocês querem que eu me decida agora. Essa não é qualquer decisão. É um reino em todo que está em jogo. É a minha vida e a vida da Quinn.

—Will, por favor. —Toquei o braço dele, sentido a tensão do seu corpo diminuir um pouco. —Seus pais estão dando o melhor que podem pra resolver essa situação. Vamos tentar pensar e chegar a uma resolução pra tudo isso.

—Você não tem que me dar uma resposta nesse exato momento. Mas precisa decidir. Logo. —Kane afirmou, abrindo um sorriso nervoso. —Vai ficar tudo bem, filho. A decisão que tomar, estaremos com você.

Will engoliu em seco, parecendo não acreditar nas palavras deles de que ficaria tudo bem. Eu sabia que corríamos um grande risco se os humanos soubessem que seu príncipe na verdade é um vampiro. Isso sempre o atormentou, todos esses anos. E também foi um dos motivos que o fez fugir.

Talvez, enfrentar os humanos, seja a maior luta que teremos pela frente. E não estou nem um pouco ansiosa por isso.

[...]

Subimos as escadas que davam para os jardins centrais do Clã Arteryon, com o silêncio sendo nosso acompanhante. Will estava segurando minha mão, mas parecia estar perdido nos próprios pensamentos, tenso e frustrado. Não sabia ao certo o que dizer pra ele, porque sabia que os últimos dias estavam sendo confusos e difíceis e os próximos seriam iguais.

—Ah, finalmente chegaram! —Ágape veio correndo na nossa direção, com o rabo peludo balançando atrás de si. —Tava louco pra contar pra alguém.

—O que foi? —Will indagou assim que Ágape parou na nossa frente.

—Vocês não vão acreditar. É o maior acontecimento de todo continente Vênus! —O gato preto murmurou, soltando uma risada ao virar as costas e disparar na direção do castelo ao nosso redor. —Um vampiro de Artenis está aqui, acreditam? Acharam ele no vale aqui perto.

—Um vampiro de Artenis? —Soltei, sem acreditar.

—Deve ser o vampiro mais idiota de todos, mas está aqui. —Ágape revirou os olhos. —Ou o mais corajoso, dependendo da linha de pensamento.

—Eu não estou entendendo nada. —Will murmurou, enquanto seguíamos Ágape para dentro do castelo, atravessando os corredores mais rápido do que conseguíamos pensar.

Entramos em um dos salões do castelo, encontrando alguns vampiros aglomerados ao redor de um vampiro que estava de joelhos no chão, sendo segurados por dois machos do Clã Arteryon. Nicolay estava a alguns metros dele encarando-o com a expressão mais desconfiada e defensiva que existia. Lou estava ao seu lado e Jason atrás dela, espiando tudo que acontecia.

Caminhamos para perto deles, tentando entender o que estava acontecendo naquele momento. Jason veio pra perto de mim assim que nos aproximamos, enquanto Ágape ia para o colo de Lou, parecendo querer ver tudo em primeira mão.

—Milorde, encontramos ele nas imediações do vale. —Um dos vampiros falou, enquanto contava com a ajuda de mais um para segurar o vampiro que exibia uma expressão dura feito rocha.

Seus cabelos eram prateados, como nenhum outro, longos até a orelha, de uma forma que caiam sobre os olhos, que exibiam um tom único de jade. Sua pele era dourada, como as areias do deserto de Vênus. Não se parecia com nenhum outro vampiro de Vênus.

—Quem é você? —Nicolay indagou, mas o vampiro não respondeu. Sua atenção estava ao redor, como se ele procurasse alguma coisa. Como se sentisse algo. —Eu perguntei, quem é você?

—Garrett. —Sibilou, trazendo os olhos para o lorde vampiro no centro da sala. —Do Clã Fletcher, de Artenis.

—Não costumamos receber visitas dos clãs de Artenis. —Nicolay afirmou, usando um tom de voz que passava desconfiança. —Por que você veio até aqui?

Ele não respondeu. Sua atenção, assim como a maioria de nós, foi para a vampira de vestido vermelho farfalhante, que entrou na sala, parecendo subitamente confusa com o que estava acontecendo ali naquele momento.

—Eu perdi alguma coisa? —Kyara indagou, parando de caminhar ao perceber o vampiro ajoelhado no chão, sendo segurado por outros dois. —Quem é esse?

Os olhos de todos se voltaram para Garrett, que pareceu subitamente surpreso ao vê-la. Sua expressão, que antes era fria e indiferente, iluminou seu rosto com um misto de curiosidade e felicidade.

—Você é minha parceira. —Proferiu, pegando todos de surpresa.



Continua...

Laços de Sangue e Poder / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora