Capítulo 57: Rei vampiro.

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Quinn o lançou do outro lado da biblioteca, fazendo-o bater contra uma das paredes de pedra e desabar no chão, em meio aos móveis em chamas. No segundo seguinte ela estava comigo, erguendo as estantes em chamas que estavam sobre mim e me ajudando a ficar de pé.

Ela me empurrou para trás quando Leon lançou um pedaço de madeira em chamas na nossa direção, agarrando ele sem se preocupar se aquilo queimaria sua pele. Quinn cerrou a mandíbula e lançou-a de volta para Leon, fazendo a madeira passar raspando a centímetros do seu rosto.

—Já chega! —Exclamei, segurando a mão de Quinn, enquanto Leon mantinha os olhos fixos em nós dois, parecendo furioso. —Você não vai me matar, Leon. Da mesma forma que eu não te matei. Eu sei que eu errei e isso nunca vai mudar. Mas já chega! —Ele olhou ao redor, para as chamas que tomavam conta do castelo inteiro. —Você não vai ganhar nada com isso. Nada vai mudar o que eu fiz com você. Então, já chega!

—Onde estão as pessoas que eu transformei? —Indagou, desviando de uma estante de livros quando ela quase desabou sobre si.

—No Clã Arteryon. Se adaptando a nova vida. —Afirmei, sentindo os dedos de Quinn apertarem os meus. —Você pode se adaptar também, Leon. Não estou pedindo que me perdoe, estou apenas querendo evitar que mais humanos saiam machucados disso.

—Will... —Quinn olhou pra mim, parecendo hesitante. —Ele mordeu o seu pai.

O calor queimou cada parte da minha pele, enquanto meus olhos se desviavam de Quinn para Leon de novo, vendo o sorriso que estava nos lábios dele, como se ele tivesse acabado de ganhar um prêmio. Onde quer que aquele guarda que conheci na floresta está, sei que ele jamais farias as coisas que Leon está fazendo agora.

—Eles jamais vão aceitar um rei vampiro no trono. —Sibilou, comprimindo os lábios. —Esse jogo de poder dos vampiros acabou. Você está acabado, príncipe.

—Será? —Ergui o queixo, sentindo o sangue queimar e meus ossos virarem brasas. —Vá embora. Volte pro Clã Huxley e nunca mais pise nas terras humanas. Porque se fizer isso, vou atrás de você e terminarei o que comecei na floresta do sussurrou naquela noite. Você já criou o caos que queria. Agora vá embora.

—Isso não acabou. —Afirmou, me fazendo negar com a cabeça.

—Já acabou sim. E se aqueles humanos lá fora pensam que podem decretar o que é certo e errado, estão muito enganados. —Dei um passo para trás, puxando Quinn junto comigo. —Vou dar a eles o rei e a rainha que eles merecem.

—A gente ainda vai se encontrar. —Leon prometeu, me fazendo soltar uma risada baixa e Quinn ficar tensa ao meu lado.

—Tenho certeza absoluta que não, Leon. —Afirmei, vendo Leon lançar a nós dois um olhar demorado, antes de desaparecer no meio das chamas. —Meus pais?

—Estão na muralha, junto com Jason e os outros vampiros. —Quinn engoliu em seco, parecendo preocupada comigo. E eu podia sentir isso pelo laço. A tensão que emanava do seu corpo era quase gritante. —O que você vai fazer?

—Eu tinha que escolher, não é? —Indaguei, puxando Quinn para sairmos dali, antes que o castelo desabasse sobre nós. —Iria deixá-los nas mãos do meu tio. Mas agora, acho que eles merecerem saber como é ter um rei vampiro.

[...]

Cada parte do castelo que não era feita de pedra estava em chamas. Cada pedaço de história tinha sido engolido por aquelas ondas vermelhas e flamejantes. Quinn e eu saímos do castelo depois de encontrar todos os outros vampiros que estavam lá, ainda procurando pie meus pais, que eu já sabia estarem seguros, apesar dos pesares.

Mas enquanto todos eles iam até a muralha os encontrar, eu e Quinn nos dirigíamos até os jardins na frente do castelo, repleto de humanos furiosos e loucos para colocar minha cabeça em uma estaca, como um troféu. Cada um deles segurava uma ferramenta diferente e mesmo que não fossem espadas, tinha certeza que seria o suficiente para despedaçar alguém.

Parei com Quinn no meio de todos eles, observando eles se afastarem assustados quando nos notaram ali, nos deixando presos em um círculo. Quinn apertou ainda mais minha mão quando uma flecha foi lançada na direção da minha cabeça e eu a agarrei antes que me atingisse.

—Soltei essas armas! —Ordenei, sentindo o cheiro do medo deles, misturando com a raiva descontrolada. Mas ainda sim, o medo era maior. —Soltem, agora!

—Pra que? —Alguém gritou no meio deles. —Para nós atacar como atacou o rapaz? Para matar todos nos?

—Esse era o plano de vocês desde o início! —Um homem gritou e a maioria deles ergueu as armas pra cima e concordou.

—O tratado nunca nos protegeu de verdade de vocês! —Uma mulher afirmou e eu pude vê-la a alguns metros de mim. —Não quando um vampiro estava enfiado dentro do castelo, pronto para matar todos nós!

De novo eles gritaram e ergueram as armas em concordância. Senti Quinn lançar um sentimento encorajador pelo laço, repleto do que parecia amor. Meu coração disparou dentro do peito quando percebi o quão exposto nós dois estávamos naquele momento. O quanto eu estava.

Tinha fugido desde o início do meu lado vampiro, desejando poder ser humano como todos eles. Estava fugindo da eternidade, enquanto minha parceira estava do outro lado de uma muralha, tentando sobreviver a própria eternidade da melhor maneira que conseguia.

Mas agora, esse laço de sangue que me une a ela é a única coisa que me faz ter certeza de que quero viver com esse poder que é ter a eternidade ao meu lado, sendo um príncipe da espécie errada, destinado a se tornar rei. Não quero mais fugir de quem eu sou.

—Quinn? —Chamei, vendo ela desviar os olhos dos humanos ao redor e olhar pra mim com curiosidade. Abri um sorriso, acariciando o laço enquanto olhava pra ela. —Eu te amo e fico imensamente feliz em saber que você é a minha rainha.

—Will... —Os lábios dela tremeram e ela olhou ao redor, para todos aqueles humanos que desejavam nos matar. —O que está falando? Não é hora de...

—É a melhor hora. Eu só queria que soubesse que eu a amo e que encontra-la foi a melhor coisa que fiz. —Afirmei, me virando para os humanos de novo, erguendo o queixo e respirando fundo antes de voltar a falar, com a voz mais alta e clara que eles poderiam desejar. —A partir de hoje, as terras humanas de Vênus possuem um novo rei. Eu governarei cada pedaço desta terra mortal e congelada. Um vampiro vindo do sangue de dois humanos e de uma maldição. Eu sou o seu rei e não permitirei que duvidem e ataquem a minha espécie!



Continua...

Laços de Sangue e Poder / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora