Capítulo 26: O nome dele é Leon.

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Assim que estávamos na floresta, longe das cavernas do Clã Huxley, me afastei de Will e puxei Jason pra perto de mim, apertando ele em um abraço, enquanto sentia o peso que estava nos meus ombros ir finalmente embora.

—Isso foi realmente muito interessante. —Lorde LaRue murmurou, soltando uma risada nasal. —Vocês poderiam tentar ficar longe de problemas, só pra variar, sabiam?

—Falou o vampiro que foi dado como morto. —Kyara zombou, cruzando os braços na frente do corpo e olhando pra ele com um sorriso irônico.

—Você está bem? —Me afastei de Jason, erguendo os olhos para Lady Arteryon, que agora estava na frente de Will, tocando o rosto dele como uma mãe preocupada. —O que pensou que estava fazendo, Will? —Ele se encolheu e então deu de ombros, com uma expressão infeliz. Vi os lábios dela tremerem, pronta para dizer mais alguma coisa. Mas então ela apenas o puxou para um abraço apertado. —Temos muito o que conversar. Lyn está morrendo de preocupação.

—Sinto muito. —Os dois se afastaram e Will se aproximou de Jason e eu, passando o braço ao redor da minha cintura, enquanto bagunçava o cabelo do meu irmão. —Pelo menos eu encontrei minha parceira.

Vi Lady Arteryon trocar um olhar com um parceiro, abrindo um sorriso pequeno antes de concordar com Will. Não consegui dizer absolutamente nada, porque estava ocupada demais tentando absorver todo aquele momento junto com os membros do Clã Arteryon, que eu jurava que nunca iria me envolver.

—Vamos voltar para o clã. —Lorde Arteryon afirmou, segurando a mão da parceira, enquanto os outros começavam a andar. —Obrigado pela ajuda, Argo.

Olhei para o lorde de cabelos ruivos, vendo ele acenar com a cabeça e então desaparecer em um piscar de olhos, deixando o balançar dos arbustos como recordação.

—Onde está o Ágape? —Jason indagou, se afastando de mim para ir atrás dos outros vampiros.

Engoli o nó que se formou na minha garganta, pensando em todas as coisas que estava deixando para trás, na minha pequena caverna. Mas esqueci disso quando senti a mão de Will segurar a minha e ele começar a andar, me obrigando a fazer o mesmo. Independente de qualquer coisa, aquele clã não era mais minha casa. Nunca foi.

—Olha aqui, seu projeto de demônio, não quero você perto de mim, não. —Ouvi a voz do gato, enquanto ele saltava pelas raizes, surgindo do meio da floresta na nossa frente. —Louisa, não podemos devolvê-lo e ficar só com a mais velha? Ele queria beber meu sangue!

Soltei uma risada junto com Will, vendo Jason agarrar Ágape e sair carregando ele no colo, sem se importar com os resmungos do gato preto falante.

[...]

Eu nunca havia estado em outro clã além do Clã Huxley. Mas quando chegamos até o vale do Clã Arteryon, entrando na caverna e subindo a imensa escadaria até os jardins que ficavam no centro de todo o castelo, finalmente entendi o que ele queria dizer quando chamava o Clã Huxley se sombrio.

O castelo era diferente de qualquer coisa que eu já havia visto. Partes das paredes de pedra e outras de vidro, deixando toda luz do sol entrar e clarear os corredores claros e elegantes. Minha atenção ia em observar cada detalhe do clã e olhar para Jason, que parecia mais do que amigo daquele vampiros já.

No momento ele estava sentado no sofá ao lado de Kyara, contando alguma coisa pra ela, enquanto ela prestava muita atenção e sorria pra ele, ajeitando os cabelos brancos uma vez ou outra. Ágape havia desaparecido assim que chegamos, alegando estar morrendo de fome. Mas eu tinha certeza que só estava fugindo do meu irmão.

—O nome dele é Leon. —Olhei para Nicolay, me remexendo desconfortável no sofá ao lado de Will, quando ele entrou de volta na sala. —Descobrimos isso após o rei buscar algumas informações pelo reino. A família que ele atacou era a dele. Seus pais... irmãos. —Ele se sentou em uma poltrona, olhando para Will com uma expressão nada preocupada. —Sabe, ninguém culparia você. Não precisava ter fugido.

Will se encolheu ao meu lado, parecendo se sentir muito mal com a situação. Apertei a mão dele, sentindo o calor da sua pele causar um arrepio que varreu minha coluna. Isso o fez me encarar, como se soubesse exatamente o que havia feito.

—E onde ele está agora? Vocês tem alguma notícia? —Will voltou a olhar para Nicolay, enquanto eu tentava suportar o desconforto de estar ali.

—Não. Estamos fazendo buscar e varrendo os territórios que conseguimos. Mas não podemos chegar perto demais dos outros clãs, então... —Nicolay deu de ombros. —Vou deixar que vocês se ajeitem aqui no clã e depois conversaremos sobre isso e sobre a próxima reunião dos lordes. —Ele ficou de pé, esfregando as têmporas. —Temos que pensar no que fazer, dependendo das punições que Fallon pensar em exigir. E você precisa encontrar com seus pais antes disso.

—Eu... —Will engoliu em seco.

—Ja mandei alguém até o reino avisa-los de que você está aqui. —Louisa entrou na sala, caminhando até parar ao lado de Nicolay. —Deixei a parte sobre Quinn de fora. Isso é algo seu para contar. Mas eles precisam saber.

Ela sorriu e eu não pude deixar de notar o carinho com o qual Nicolay olhou pra ela, como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo. Mas era muito claro o amor que havia ali, assim como o cheiro do laço dos dois, que deixava muito claro que eram parceiros.

—Vou levar o pequeno Jason para conhecer a biblioteca. —Kyara ficou de pé, com Jason fazendo o mesmo, com um sorriso enorme no rosto. —E pedir para que arrumem o quarto para vocês. —Ela caminhou em direção a saída, mas lançou um olhar irônico para Will. —Espero que a Lyn e o Kane arranquem seus cabelos por deixar todos nós preocupados.

Will soltou uma risada, negando com a cabeça, enquanto erguia uma das sobrancelhas ao observá-la.

—Como vai o nosso caro Lorde Brendan? —Ele retrucou, fazendo as bochechas dela ficarem vermelhas de indignação.

Por sorte Jason já estava fora da sala quando Kyara ergueu a mão e fez um gesto obsceno pra ele, o fazendo gargalhar ao meu lado. Quando Kyara não estava mais a vista, Will se virou para Louisa, fazendo uma careta.

—Ela não aceitou ainda? —Indagou, fazendo tanto ela como Nicolay negarem com a cabeça. —Pobre Lorde Veliant.

—Nem todos tem sorte, como nós. —Nicolay afirmou, passando o braço ao redor da parceira e deixando um beijo no topo da cabeça dela. —Quinn, eu gostaria de conversar com você um pouco. —Ele me encarou, com uma expressão séria. —Acho que você sabe bem sobre o que.



Continua...

Laços de Sangue e Poder / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora