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Já se passa dois dias desde que o dono do morro voltou, eu continuo seguindo minha vida, mas Xamã já deixou avisado que, provavelmente, ele vai querer  falar comigo, mas enquanto esse dia não me chega, preciso continua minha vida

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Já se passa dois dias desde que o dono do morro voltou, eu continuo seguindo minha vida, mas Xamã já deixou avisado que, provavelmente, ele vai querer falar comigo, mas enquanto esse dia não me chega, preciso continua minha vida.

-- calma filha-- digo rindo dela batendo na água.

-- MAMA-- ela gritava rindo.

Ela é a única coisa boa que aquele demônio me AJUDOU a ter, ela é a menina mais esperta que eu já vi, todos a amam muito e essa é a única coisa boa que eu dei para ela, infelizmente, eu não fui boa para dá um bom pai para ela, ao invés disso ela é filha de um filho da puta amaldiçoado desgraçado. Ele só fez estragar nossas vidas, destruiu cada sonho que eu poderia ter, mas a burra foi eu que deixe, todos falam que ele não era coisa boa, porém eu toda iludida pelo bandido cai no papinho que eu era diferente, que ele ERA diferente comigo, mas depois de um tempo ele mostrou quem ele é.

No começo era gritos e alguns xingamentos, mas ele sempre vinha pedindo desculpa, dizendo que tudo foi culpa das drogas e que ele me amava. Desse modo eu o deixei destruir minha vida aos poucos, acabar com meus sonhos e afastar todos que eu mais amava de perto de mim, minha família me abandonou depois dele. Eu fui tão burra.

Eu nunca vou me perdoar por isso!

-- Paty -- Xamã aparece na porta do banheiro -- o chefe quer te ver.

Que seja o que Deus quiser.

Deixou minha filha com tia Amália e vou para a boca junto com Xamã, no meio do caminho encontramos com cabelinho e TZ, fiquei um tempinho até o chefe liberar minha entrada na salinha.

O lugar era apertado, cheirava a maconha pura, tinha um sofá velho no canto e uma mesa no meio da sala, mas quem mais me preocupava era quem estava sentado na cadeira atrás da mesa.

-- quer dizer que temos uma moradora nova-- sua voz era grossa e rouca.

Ele tem uma boa parte de seus braços tatuados e seu cabelo era platinado, em seus dedos tinham vários anéis grandes que só não eram mais pesados que as correntes em seu pescoço.

-- sim, sou Patrícia-- digo.

-- já sei sua fita morena, sei também que você é problema para meu morro-- ele se levanta e mostra a diferente drástica de altura entre nós-- ter você aqui é procurar briga com outros morros, já tinha passado as ideias para Xamã, mas aquele índio dos infernos não para o cu.

-- eu juro que não estou aqui para procurar problema-- tento me defender.

-- e nem se quisesse, aqui quem manda sou eu -- ele sai de trás da mesa e vem até mim, ficando bem mais próximo do que deveria -- eu deveria pegar meu celular e passar as ideias para ele.

Só de pensar nisso meu coração para, falta ar em meus pulmões e um gosto amargo invade minha boca.

-- mas tô ligado que você tem uma cria e por ela, só por ela, eu não vou fazer isso, não posso deixá-lo perto de uma criança, conheço o modo que Matuê agi.

-- muito obrigada.

-- não gaste sua saliva com pedidos de obrigada, com um erro, o mínimo que seja, eu mando você para longe daqui, tiro a proteção que Xamã te deu, só um erro, um único passo em falso você morre, me fiz claro? -- sua mão aperta meu braço.

-- sim -- tento manter minha voz firme.

-- agora vaza daqui-- ele solta meu braço e volta para a mesa.

Saiu da salinha e  Xamã já estar em cima de mim.

-- ele me deixou ficar pela Cecília-- digo.

-- sabia que o Ret não aí deixa você de mão-- Xamã diz.

-- sim, mas qualquer merda que eu faça ele vai me mandar embora.

-- eu sei, você apresenta um risco de invasão para o morro, mas relaxa, vai da tudo certo morena-- ele me abraça -- bom, mas o que importa é que você e a Ceci vão ficar-- Xamã sorri.

Saiu da boca e vou direto para o salão que está super cheiro hoje. Eu espero muito que esse Ret não volte atrás e ligue para o Matuê, eu não saberia o que fazer, só pediria misericórdia por minha filha, se ela ficasse em um lugar tranquilo e segura eu aceito o meu destino, aceito voltar para Matuê e sofrer em sua mão, mas minha filha ele não toca.

-- bom dia, bom dia, minha gente-- coloco meu melhor sorriso no rosto para poder esquecer tudo o que passei.

-- hoje está tudo bem animado por aqui-- Mari vem até mim.

-- é bom continuar assim, nada de estabelecimento vazio-- digo arrumando minhas coisas para atender uma das clientes.

-- fique sabendo que foi conversar com o chefe, como foi ?-- Mari fala preocupada.

-- ele só queria saber quem é a nova moradora que o Xamã trouxe-- digo.

-- ufa, que bom que ele não fez nada, mas deve ser o novo processo para os novos moradores, liga não-- ela sai aliviada.

Tento o máximo de cliente que posso antes do almoço, desço para casa para passar o horário de almoço com minha filha, mas já volto para o trapo.

Quando saiu do salão já é 21 horas da noite, tive que atender uma cliente de última hora e acabou atrasando tudo. Fecho tudo e vou seguindo o caminho de casa, vou em direção ao beco da rua 7 para poder encurtar o caminho, porém dou de cara com Ret.

-- foi mal, não te vi -- digo me afastando.

-- olha por onde anda-- ele diz -- tá indo para onde?

Quer entrar na minha semana, gato?

-- casa.

-- tá morando com o Xamã, né? -- concordo com a cabeça -- vem comigo, te deixo na porta.

Ele aponta para a moto que está um pouco a nossa frente.

-- não precisa, eu posso ir andando-- digo, vai sabe o que esse maluco quer comigo.

-- larga de fazer cu doce, bora, sobe ai comigo, te deixo em casa na tranquilidade.

-- eu....

-- anda logo antes que eu me estresse.

Sigo ele até a BMW K 1600 Bagger dele, ele se arruma na moto e eu me posicionou atrás dele, no começo não sei onde colocar a mão e ele percebe isso.

-- pode pegar, não vou morder, só se pedir -- só pela voz já posso sentir sua malícia e tudo se comprova quando vejo seu sorriso soberbo pelo retrovisor.

No Morro Filipe RetOnde histórias criam vida. Descubra agora