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Então meu mundo parou, ele estava ali, depois de anos, eu estava ali com ele, ainda encarava a porta, ainda não era corajosa o suficiente para olhar para ele, ainda tinha medo dele

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Então meu mundo parou, ele estava ali, depois de anos, eu estava ali com ele, ainda encarava a porta, ainda não era corajosa o suficiente para olhar para ele, ainda tinha medo dele.

— oh meu amor, olhe para mim, você sabe como fico irritado quando não tenho atenção.

Sua voz

Sua voz

A voz que tanto amei, mas agora me causa calafrios, a voz que eu achei que nunca teria medo me causou pesadelos diários. Me viro para ele aos poucos, lá estava ele, de dreads como sempre, a pele bronzeada, com a cara mais envelhecida e seu fiel escudero, o maço de maconha.

Como eu o amei

Como eu joguei minha vida fora por ele

— Matheus — digo em um fio de voz.

— Paty, quanto tempo ?— ele sorri sínico.

— não o tempo suficiente— nessa hora a Cecília acorda.

— boa noite minha filha amada — o Matuê tenta chegar perto de mim.

— não encosta na gente — dou um passo para trás.

— eu faço o que eu quero — e em um único movimento ele puxa a Cecília para o colo dele.

— me da ela Matuê — entro em desespero.

— ah docinho, ela é minha agora, você passou tempo demais com ela — ele passa sua mão pelo rostinho dela — oi meu amor, essa é a primeira vez que eu te vejo pessoalmente e o último que sua mãe vê.

Seu sorriso diabólico me assusta.

— me da ela, me dá ela por favor — começa a chorar.

— porra, não, ela é minha, MINHA — ele grita assustando ela.

— não faz isso por favor, vamos conversar— tento me aproximar, mas eu ele aponta a arma para mim.

— conversar ? CONVERSAR? Agora, você não quis conversar comigo quando foi embora gravida.

— você me bateu — acuso.

— você se intrometeu nos meus assuntos — ele rebate.

— seus assuntos? VOCÊ TAVA COM OUTRA MULHER, enquanto eu estava em casa GRÁVIDA.

— errei, fui moleque — ele diz e depois ri — eu queira foder e você não podia.

— ah vai se fuder.

— ME RESPEITA PORRA, TÁ COM MEDO DE MORRER NÃO?

— EU SÓ QUERO MINHA FILHA, nós deixa em paz Matheus — peço.

— pra voltar correndo para os braços do filho da puta do Ret ? Não mesmo, fiquei sabendo que ele estava dizendo que a MINHA FILHA era filha DELE.

— ele foi mais pai que você.

— VOCÊ NÃO ME DEIXOU SER PAI.

— VOCÊ ME TRAIU E ME BATEU, COMO ACHA QUE EU IA DEIXAR VOCÊ PERTO DA MINHA FILHA?

— ELE TAMBÉM NÃO É LÁ ESSA COISAS.

— MAS ELE NUNCA ME BATEU MUITO MENOS TRAIU MINHA CONFIANÇA.

— E CADÊ ELE AGORA? ME FALA.

— ele estar vindo.

— quando ele chegar aqui só vai estar seu corpo sem vida no chão Patrícia e eu e a Ceci vamos estar bem longe daqui.

— ME DEVOLVE ELA MATHEUS.

— ELA É MINHA PATRÍCIA.

Com um baque a porta se abre, um Filipe com os olhos vermelhos de raiava entra por ela, ele olha para mim e depois para Cecilia.

— FILIPE —  Matuê grita

— Matuê — Felipe rosna para ele.

— que isso meu camarada? — ele ri — sabe, acho que deveria te agradecer por cuidar tão bem da minha filha, mas agora o papai dela vai cuidar dela, não é meu amor ?

Ele olha para a Cecília, mas a mesma olha para o Filipe e estica os braços.

— PAPA — seu choro é alto.

Ele veio nos socorrer Ceci.

— seu pai sou eu tá me ouvindo — ele vira a cabaça dela para ele— sou eu, ele é só o filho da puta que come sua mãe.

Filho da puta

— SOLTA ELA AGORA PORRA — Filipe grita.

— TU ACHA QUE É QUEM MEU IRMÃO? Eu sou a porra do pai, esse dai é a mãe e você não é nada — ele abre um sorriso — agora a Cecília só tem a mim, porque a Paty vai dessa para a melhor.

— SE VOCÊ TOCAR UM DEDO NA MINHA MULHER EU TE MATO PORRA — Filipe aponto a arma para ele.

— ele estar com a Cecília, Filipe.

— isso Filipe, eu estou com a Cecília — ele fala com ironia.

— larga de graça seu filho da puta— Filipe se irrita.

— eu não tô de graça não irmão.

Do nada Tz, Cabelinho, Teto e Xamã entram no quarto.

— você tá cercado filho da puta — a voz de Xamã é carregada de ódio.

— vocês acham que estou sozinho ? — ele começa a gargalhar — se atirarem em minha eu boto a Cecília na frente.

— VOCÊ VAI DEIXAR SUA FILHA LEVAR UM TIRO PORRA.

— EU FAÇO O QUE EU QUISER COM ELA.

— SEU MERDA — Filipe dispara a uma tiro na parede perto de Matuê.

— tá louco porra?

Então tudo começa, Matuê atira em direção a Filipe que tem seu ombro direito atingido, Tz me joga para o canto e Matuê se aproxima da cama, ele tenta atirar mais uma vez, mas a Cecília chorando em seu colo atrapalha e o tiro acerta a parede ao lado do Teto.

Quando o Cabelinho vai ajudar o Filipe uma de suas armas cai no chão e eu consigo pegar, nunca atirei antes, não tenho uma boa mira.

Olho para todos aquela confusão, aqueles tiros e gritos dos dois lados, estou o choro da minha filha, então ali eu voltou ao mundo real, ali eu vejo que sou a única que posso me livrar desse pesadelo, eu comecei ele e eu tenho que terminar, fui eu que fiz toda a burrada, fui eu que me meti nessa, eu que larguei todos que eu amava por um homem que só me fudeu por completo, que destruiu minha alma.

Ali tava na minha frente o homem que me tirou o chão, mas no seu oposto estava só homens que me salvaram tantas vezes e com eles o homem que estar me fazendo amar de novo, que me ama todos os dias, que cuida de mim e da minha filha desde o dia que nós conheceu, que prometeu nos proteger, se eu tinha ele e minha filha eu já tinha o mundo e nesse mundo não caberia um monstro, no nosso mundo só acabe nós três e isso acaba agora.

Destraço a arma e atiro em direção ao Matuê e tudo que veio em seguida foi o começo e o fim de tudo.

No Morro Filipe RetOnde histórias criam vida. Descubra agora