No Morro Filipe Ret

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-- o que foi aquilo? -- Mariana fala.

-- naquele dia do baile a gente ficou quando você sumiu, ai já sabe, ele veio com um papo deque sou só dele e agora me obrigou a ficar na casa dele-- digo pegando minhas coisas para poder ir almoçar com o Filipe.

-- que filha da puta, quem ele pensa que é? amiga você tem que sair dessa-- reviro os olhos para ela.

-- amiga, é o Ret, não posso ir contra ele não-- digo a mentira que inventamos.

-- fala com o Xamã, ele pode fazer algo -- ela tenta me ajuda.

--é o chefe dele, até ele achou melhor só aceitar, depois ele vai enjoar da minha cara e me larga -- ou o Matue vai me encontrar e me matar.

Vou para casa no intuito de pegar minha filha, as vielas do alemão são uma academia a parte, muita escada e ladeira, entre uma casas e outra tinha tanto fio de energia de gato que ficava difícil você saber de quem era, mas no final ninguém quer saber, a prefeitura não vem aqui nem para melhorar a estrutura do postinho, imagina ver quem paga água e energia que é de uma rede privada, ate a água aqui você vê os canos nos pecos.

Mas apesar de tudo isso a favela e muito boa, sei que o trafico bota medo na população, mas também ajuda muito, Ret sempre tenta ajudar aqueles que o procurar, quanto Xamã estava no comando ( quando Filipe estava preso ) o dono do morro liberou dinheiro para que as famílias pudessem reformar as casas que foram atingidas pelas balas perdidas depois do tiroteio que levou o Filipe para a prisão.

-- Zé -- gritei um dos meninos que fazia a segurança da casa do Filipe.

-- oi -- ele brota atrás de mim.

-- que susto porra, abre o portão ai que eu esqueci minha chave.

-- foi mal, tem ninguém ai não patroa, o chefe já veio aqui pegou a neném e a senhora lá e mandou você descer para a Dona Maricleide que eles tão lá -- me informa.

Filipe filho da puta, me fez andar isso tudo para nada.

-- valeu.

-- é nós.

Lá vai eu descer meio mundo de escada novamente, eu vou matar o Filipe de madrugada, colocar um travesseiro na sua cabeça. Quando chego no estabelecimento escuto a gritaria que minha filha estava fazendo, ela mais uma vez estava no colo do Filipe, mas gritava irritada para TZ que, provavelmente, estava a perturbando. Na mesa estava Filipe e Ceci em um lado e Cabelinho, TZ e Xamã de outro.

-- finalmente a patroa chegou, to azul de fome pow -- Xamã reclama.

-- tem que me esperar mesmo, sou sua patroa agora -- digo me sentando na mesa -- oi meu amor.

-- oi minha princesa -- Filipe responde.

-- sai criatura que eu to falando com minha filha -- digo esticando meus braços para pegar a bebê, mas ela me ignora.

-- ela não te quer não -- Tz diz rindo.

-- ela quer ficar no colo do novo papai dela, né pequena? -- eu congelei com a fala de Filipe.

Não só eu, mas como todos na mesa, Xamã foi o primeiro a me olhar e eu abaixei a cabeça sem ter forças para o encarar de volta, Cabelinho e Tz se olharam entre si, mas fingiu que nada estava acontecendo, já Ret continuou a brincar com a menina sem se importar. Logo uma das meninas que trabalhava lá veio trazer o cardápio, todos nos pedimos um PF de carne e para Ceci Tia Amália já tinha colocado sua comida na bolsa. Minha filha ficou com Maria Julia, a sobrinha de 17 anos da Dona Maricleide enquanto a gente comia.

-- temos que ter baile esse fim de semana, não aguento mais essa vida parada -- Cabelinho reclama.

-- maluco, você foi para o Vidigal no baile ontem-- Tz diz com a boca cheia.

-- sim mo fi, mais de 24 horas já é abstinência -- ele tenta se defender.

Nessa hora entrou duas meninas no espaço.

-- me beija-- Filipe diz, ele estava olhando desconfiado para uma das meninas, então beijei ele de forma leve nos lábios e fiz carinho no seu rosto, como alguém apaixonado reagiria.

-- quem são elas? -- falo baixinho fingindo brincar com sua corrente.

-- esse de cabelo curto eu nunca vi aqui, mas sei que ela é uma das marmitas do Marcão, a Aliança já esta nos investigando-- ele diz virando seu rosto para beijar minha boca -- pega a Ceci e vamos fazer uma cena de família feliz.

Vou até minha filha pegando ela e prometendo para Maju que ela poderia ir depois na casa de Filipe brincar com a bebê, volto para mesa e homem de cabelo verde paga a menina em meus braços, ela que não é boba e nem nada, já foi metendo a mão no prato sujo de resto de comida de Filipe.

-- o minha filha, faz isso não -- falo tirando o prato de perto dela.

-- seu leite aguado já não estava dando sustância a ela, é muita gordurinha para fortalecer -- Xamã brinca.

-- oxe, mete uma picanha sangrando nela -- Cabelinho só fala merda.

-- o garoto, vou meter uma picanha no seu....-- antes de conseguir termina, o gibi humano me interrompe.

-- olha você errada ai, eu falando de comida e você metendo o pau em mim-- ele balança a cabeça.

-- metendo o que em você ?-- Tz diz quase se engasgando de tanto ri.

-- PORRA, metendo nada não irmão-- o Cabelinho faz pose de macho alfa.

-- não foi isso que você falou -- Filipe entra na brincadeira.

-- ah vão tomar no cu.

Depois da discursão muito educativa saímos de lá, não tinha cliente marca para antes de 16 horas então fui para casa arrumar algumas coisas da Ceci que ainda estavam em caixas.

-- Paty-- Filipe me chama.

-- sim-- saiu do quarto da minha filha e vou para a sala onde ele se encontrava.

-- você viu que eles já estão de olho na gente, agora em diante é parecer ainda mais que somos um casal, não posso correr o risco deles acharem que isso é uma armação, então quando eu mandar você fazer algo, faça, depois você me enche de pergunta, mas na hora só faça -- ele diz serio, sei o risco que ele esta correndo para me ajudar e vou tentar cooperar para dá certo.

-- tudo bem, já entendi o recado.

-- então vem aqui e me beija.

-- ah morre Filipe-- digo e volto para o quarto.

-- JÁ FOI REPROVADA NO PRIMEIRO TESTE -- ele grita.