No Morro Filipe Ret

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Hoje o dia estava cheio, o Filipe inventou de patrocinar a partida de futebol aqui no moro com os meninos, seriam vários times, uma partida de times masculinos, tendo também uma das mulheres e crianças sendo misto entre meninas e meninos. Só que, além dessa confusão toda ainda vai ter comida e coisas de graças para a comunidade, traduzindo, vou trabalhar a tarde toda no salão ao ar livre que mandei ele montar ontem.

Eu amo quando tem essas coisas no moro, eu me mato de trabalhar, mas é tão bom proporcionar esse dia de beleza para muitas mulheres que se deixam de lado para cuidar dos filhos e da casa, fazerem elas lembrarem que são lindas e que se cuidar faz bem para a saúde e mente delas.

-- okay, já peguei tudo, agora só falta....-- um barulho de porta abrindo me interrompe.

-- morena, essa é a Carol, ela é filha da Ana Maria da casa de bolos lá da rua 4, ela vai ficar com a Ceci enquanto você trabalha -- Filipe entra com uma garota na cozinha.

Ela era baixinha, chutava que ela poderia ter um metro e cinquenta de altura, parecia uma índia, cabelo preto liso com mechas rosas na frente, pele morena e usava um olhos de grau, ela parecia uma boneca perto de Filipe, seu rosto assustado me mostra que o Filipe deve ter assustado ela de alguma forma.

-- oi Carol, eu sou a Paty, essa é a Ceci e esse aqui você ignora -- aponto para o Teto.

-- ei -- o garoto protesta.

-- oi Paty-- ela diz tímida.

-- eu vou subir, vou colocar minha roupa para a partida -- Filipe vai em direção ao andar de cima.

-- o que ele falou? -- a menina me olha assustada.

-- na..nada -- ela gagueja.

-- eu conheço o namorado que tenho -- namorado, isso já ate estar soando mais natural.

Ela olha para a direção que o Filipe tinha ido e olha para mim de novo.

-- eu só fiquei assustada com o chefe na minha casa as 7 horas da manhã, achei que ele ia....-- ela para por um instante e puxa a manga da blusa, por que ela esta com blusa de manga longa nesse calor do Rio de Janeiro? -- enfim, eu só me assustei mesmo.

-- um monstro daquele na minha porta ate eu ia me assustar -- Teto comenda rindo.

-- tendo você como segurança depois dessa eu que fiquei com medo -- digo pegando minha filha no colo.

-- assim, eu não escolhi essa vaga, na minha entrevista de emprego eu pedi para ser o contador -- ele diz com uma naturalidade.

-- confia que o Ret ia deixar -- digo rindo.

Saímos os quatro da casa, Filipe ficou para subir o moro depois com os meninos, Carol e Ceci já ficaram amigas logo de cara, a menina ate que tinha jeito com crianças, já Teto ficava comendo a menina com os olhos, o que deixava ela bem sem graça, mas ele não estava ligando, olhava na cara dura, essas crianças.

Quando chegamos na praça tinha bastante gente, os depósitos de bebidas já estavam uma confusão de clientes e carregamento, hoje o faturamento aumenta. Seguimos para a parte dos atendimentos e vejo Mari surtando com o Cabelinho.

-- SAI DA MINHA FRENTE VIADO --ela grita.

-- Mari meu amor, eu preciso retocar meu cabelinho, olha como ta -- ele mostra o cabelo dele.

-- paga mona, hoje é só para as mulheres, tu só é viado mesmo -- ele fecha a cara.

-- eu vou falar com meu chefe -- ele faz biquinho.

-- vai putinha do Ret.

-- prefiro ser putinha que marmita -- ela joga uma escova nele.

-- CHEGA, temos crianças aqui porra -- digo.

Teto e Carol se olham como se estivessem tentando entender o que acabou de acontecer aqui.

-- Cabelinho se não vai ajudar sai daqui antes que eu chame o Ret para acerta sua vida e Marina vai pega minha escova-- os dois vão para suas obrigações reclamando.

-- culpa sua viado.

-- sai sua sapatona.

Eu ainda vou surta com esse povo.

--ta bom, vocês dois vão da uma volta, Ceci vai ficar estressada se ficar aqui parada, então vão andar por ai, Teto se tu vê TZ ou Xamã manda vim aqui -- ele concorda e saem em seguida.

Arrumo algumas coisas com Mari e já começo a atender algumas pessoas, uns cortes ali, umas tinturas ali, quando fui vê já era meio dia, na parte da manhã ia ser os atendimentos e a parte da tarde seria os jogos, além de distribuir brinquedos para as crianças.

-- olá senhoras -- Xamã entra no espaço com Ret atrás dele.

-- eai -- Filipe vem ate mim e beija meus lábios.

Eu ate que estou me acostumando com essas caricias em publico e ainda mais com as caricias em seu escritório.

-- oi, vai jogar que horas ? -- eu termino o cabelo de uma das meninas e vou para um canto falar com ele.

-- no ultimo, vai torce pra mim, ne? -- ele me agarra pela cintura.

-- sai garoto, nem pra tu levar um frango -- ele fecha a cara.

-- também não vou dedicar gol nenhum -- ele faz bico.

Dou risada e puxo seu rosto para um beijo.

-- eu quero dois gols -- abro um sorriso para ele, que me puxa mais uma vez para mais perto e junta nossos lábios.

Um cara vem chamar ele e o mesmo tem que ir embora.

-- olha que feio minha filha, se envolvendo com bandido.

Olho para o lado e vejo um das velhas fofoqueiras que estava fazendo a unhas com Luciana falando claramente de mim.

-- engraçado que na hora de aproveitar atendimento de graça sendo pago pelos traficantes tu é a primeira a aparecer né Dona Marlene -- ela me olha com ódio e eu deixo ela falando sozinha.

Cara feia para mim é fome.

Logo Filipe, Carol e Teto voltam com minha filha no colo e sentamos todos para almoçar as marmitas que Ret trouxe. Sentir um clima entre Carol e Teto, mas preferir não dizer nada, a menina já estava com muita vergonha dos olhares maliciosos do garoto.

-- ta tudo bem com seu olhos ai Teto? -- Mariana é o cão na terra.

-- parece que o ta com alguma coisa no olho, vou proibir você de fumar, deve ser muita droga ai, chega ta feio, esse olho piscando igual um psicopata -- Filipe entra na onda.

-- sai daí maluco-- o garoto fica sem jeito o que faz Carol ri baixinho dele.

-- ate a menina ta rindo dessa sua cara ai -- Carol fica vermelha igual um pimentão, ela olha para Teto e o mesmo pisca para ela que fica ainda mais vermelha.

Meu Deus, esses jovens de hoje em dia.