VII - Momentos

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  Xande estava sentado no banco do motorista da van, olhando para o céu, calmamente aproveitando sua música até sentir alguém tocando seu braço. Virando-se, viu que o dono da mão era seu namorado.

— Quer deitar aqui? — O falso ruivo questionou, se referindo à parte de trás da van.

— Quero. — Xande respondeu e ficou parado no mesmo lugar, olhando para Guizo.

— Tá esperando o quê?

— Eu posso ir? — O loiro parecia só ter constatado isso naquele momento.

— Eu te chamei então meio que sim, é assim que funciona.

— Você não me chamou, você perguntou se eu queria.

— Não me estressa, só vem antes que eu me arrependa.

  O loiro se levantou e foi até o outro, deitando parcialmente no chão, mas com a cabeça no colo de Guizo, este que começou a acariciar os cabelos ondulados e macios de Xande.

— Você vai de um extremo ao outro muito rápido. — O falso ruivo comentou vendo Xande o olhar confuso, então continuou falando — Às vezes você tá muito quieto e fica animado do nada, as vezes você é muito lerdo e de repente fica" rápido" até demais.

— Desculpa.

— Não tô reclamando, apenas comentando, gosto de você assim, é uma das coisas que amo em você.

— E quantas têm?

— Quantas o quê?

— Coisas que você ama em mim.

— Dá um segundo pra pensar?

— Na verdade tenho uma pergunta melhor, o que você odeia em mim?

— ... — Guizo não tinha parado para pensar muito nisso, na verdade era difícil citar algo em Xande que não o deixasse ainda mais apaixonado.

— Amor? — Xande chamou balançando a mão na frente de seu rosto, o falso ruivo sentiu o corpo estremecer, ainda não estava acostumado a ideia de ser chamado assim por Xande apesar de não ser raro o uso do apelido pela parte do namorado.

— Eu?

— Provavelmente?

— Se fode. Eu acho que não tem nada que eu não goste em você.

— Você gritou comigo uns 5 minutos atrás.

— Mas ai você já tava demais, duas vezes em menos de 30 minutos, Xande.

— O que tem?

— Eu tô com a bunda doendo até agora, estamos no meio de uma missão e provavelmente vamos ter que andar em algum momento, e adivinha? Eu vou andar quase mancando porquê meu namorado entrou no cio de repente.

— Só animais entram no cio, e duas vezes é pouca coisa.

— Deixa eu te comer duas vezes seguidas em meia hora então.

— Se você quiser.

— ... Desculpa mas o que você disse? — Parou o cafuné no loiro, olhando surpreso para o mesmo.

— Se você quiser.

— Você...

— Eu não me importo de dar pra você. — Foi objetivo.

— Você que falou, eu não pedi, estamos certos disso?

— Sim. — Sorriu ladino da animação do outro.

— Isso tá valendo até depois da missão, né?

— Sim.

  Guizo apenas deu um sorriso vitorioso e voltou a acariciar o cabelo de Xande, aos poucos viu o namorado adormecendo, vez ou outra falava alguma palavra desconexa, já tinha se acostumado a ver o outro falar dormindo então não se preocupou.

  Puxou sua câmera que estava um pouco distante e começou a ver algumas gravações antigas e curtas, Lírio e Dara cuidando das plantas que ficavam na varanda de casa, a casa dos 5 dessa vez, Xande grafitando o muro de uma casa qualquer de madrugada, Chico e Dara cantando The Pression na cozinha, Lírio com um cachorro no colo enquanto Xande encarava aterrorizado o animalzinho, Dara e Xande jogando bombinha no portão de uma casa aleatória, Lírio empurrando o carrinho do supermercado com Xande dentro, Chico desenhando na cara de Lírio enquanto ele dormia.

  Várias coisas simples e idiotas, apenas 10 segundos de gravação e as vezes menos, porém eram momentos que Guizo valorizava muito e sempre que assitia conseguia reviver a sensação, criar novas memórias era muito bom, mas apreciar as antigas não faria mal também.

Interferência - SDOLOnde histórias criam vida. Descubra agora