Extra - Coleira

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  Guizo estava deitado no chão de seu quarto, era um dia quente pra caralho e o falso ruivo estava quase derretendo, já tinha tomado banho 7 vezes em apenas 2 horas. Estava usando apenas sua cueca preta com detalhes de alienígenas e nada mais, se colocasse qualquer peça de roupa sentia que ia desmaiar.
  Ouviu batidas na sua porta e decidiu ignorar, alguns minutos se passaram e mais batidas foram ouvidas, dessa vez mais fortes.
  Se levantou, amarrou sua toalha em volta da cintura e saiu do quarto, a casa parecia mais quente ainda, o percurso até a entrada do lugar foi quase como uma caminhada no inferno, abriu a porta e Xande praticamente o empurrou para trás, entrando no lugar e batendo a porta com tudo.

– Tá tudo bem?

– Não, tá quente pra caralho. – Xande reclamou jogando o boné em qualquer lugar da casa e prendendo o cabelo

– Quer tomar um banho?

– Eu vou, mas antes eu tenho que te dar uma coisa. – Xande tirou a mochila das costas e começou a mexer nela, tirando de lá uma coleira vermelha com um guizo dourado pendurado – Olha isso.

– Cara.. você vai adotar um gato? – Perguntou animado estendendo a mão para pegar a coleira

– Não. – Xande segurou seu braço – É pra você.

– Mas.. eu não tenho um gato. – Ficou encarando confuso o amigo – Ou você vai me dar um gato também?

– Não é uma coleira pra gato.

– Vai me dar um cachorro então?

– Não cara, é pra você usar a coleira.

– Mas eu não tenho nenhum animal.

– Cara, é pra você colocar isso no seu pescoço.

– Ah bom.. não quero.

– Por favor.

– Não vou.

– Não custa nada.

– Por que você quer que eu use uma coleira?

– Porque ia ficar bonitinho e ela tem um guizo...

– Eu não vou.

– Por mim.

– ... – Apenas suspirou frustrado e se aproximou mais para que Xande conseguisse colocar a coleira em si – Antes que eu me arrependa.

– Não vai. – Colocou a coleira com cuidado para que não apertasse muito o pescoço de Guizo e então se afastou – Cara.. tá perfeito.

– Sinto minha dignidade saindo do meu corpo aos poucos. – Guizo saiu andando desanimado para seu quarto, sendo acompanhado por Xande que parecia bem feliz

  O som daquele guizo estava fazendo o falso ruivo querer enfiar um ferro em seus ouvidos, em contrapartida Xande parecia amar aquele plim plim plim que o adereço estava emitindo. Chegaram no quarto e Guizo tirou a toalha da cintura e novamente se deitou no chão enquanto o ondulado foi tomar um banho. O céu lentamente começava a tomar um tom escuro enquanto as nuvens de chuva iam se juntando.
  Xande saiu do banho e ficou algum tempo admirando seu melhor amigo deitado no chão apenas de cueca e com uma coleira, por mais gostosa que a cena fosse era impossível para ele segurar a risada.

– Eu vou tirar ela se você continuar rindo.

– Tá, desculpa, parei. – Vestiu uma roupa qualquer e se sentou ao lado do amigo – Tá serenando.

– Finalmente, calor do caralho.

– Mesmo assim ainda prefiro o sol, chuva é muito triste, o céu fica escuro, é frio, o asfalto é uma desgraça pra andar de skate.

Interferência - SDOLOnde histórias criam vida. Descubra agora