Batatinha (Filler)

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  Guizo estava deitado no sofá da sala, assistindo a um canal aberto qualquer. Em certo momento começou a passar um desenho peculiar, o design era estranho e o enredo do episódio era basicamente os dois protagonistas tentando comprar um pacote de batatinha e falhando miseravelmente de uma maneira idiota.

  Tudo bem, é um desenho para crianças, crianças gostam de tudo e aceitam qualquer coisa, mas porque diabos era tão difícil para aqueles dois apenas pegarem o pacote, levarem até o caixa e pagarem pelo produto? Guizo estava começando a ficar irritado com o programa. Ficou tão estressado que começou a murmurar sozinho diversas coisas sobre o desenho, coisas como "uma cabeça desse tamanho pra não ter nada dentro é foda".

  Um tempo curto passou e Guizo simplesmente cismou que aquele era o pior enredo que poderia existir, era uma tarefa muito simples pra quererem complicar tanto ela apenas por conteúdo.

  Se levantou e desligou a televisão, decidindo PUTO que iria até um mercadinho próximo comprar uma batatinha, apenas para provar a si mesmo seu argumento de que aquele desenho era terrivelmente péssimo.

  Ia saindo quando sentiu alguém puxando sua camisa, se virou e viu Xande parado o encarando e ainda segurando sua camisa.

– Vai sair?

– Vou, preciso fazer uma coisa.

– Posso ir junto?

– Pode. Mas porque exatamente? Normalmente você só sai de noite.

– Não dá pra deixar você sair sozinho.

– Eu tenho 20 anos..

– Eu já sei sua idade, só quero te acompanhar mesmo.

– Ah, beleza então.

  E assim os dois foram até o mercadinho que ficava bem próximo da casa, pouco mais de 10 minutos de caminhada.

  Estava um pouco cheio o lugar mas não era algo novo, Xande foi imediatamente pegar energético enquanto Guizo foi direto até a sessão de petiscos, em busca da difamada batatinha.

  Enquanto olhava as várias marcas e sabores, começou a se perguntar como que coloca gosto em uma batata. Batatinha de cebola? Como aquilo era possível ou permitido? No tempo que ficou refletindo sobre isso, Xande voltou.

– Que foi? – Xande perguntou alternando o olhar entre Guizo e as batatinhas

– Foi o que?

– Foi pra onde?

– Quem?

– Ham?

– Mano?

– O que você tava olhando?

– Isso.. – Apontou para a prateleira

– O que tem nisso?

– Batata?

– Guizo.. eu sei que se é um pacote de batata, provavelmente vai ter batata, você tá sendo redundante.

– Não.. não importa o que eles são, eu só não entendi ainda qual a dificuldade.

– Dificuldade de que? É só pegar e pagar..

– Exatamente, agora pensa comigo, isso não seria um enredo péssimo pra um desenho?

– Não entendi..

  Guizo ia começar a explicar quando uma mulher se aproximou dos dois, apenas tentando puxar papo e até fazendo um flerte meio sem graça, felizmente ela se afastou pouco tempo depois.

– Enfim, se eu fosse um cartoonista, aqueles cara que desenha, e usasse essa situação aqui pra fazer um episódio de desenho, não seria uma bosta?

– Acho que sim. – Xande respondeu seco

– Viu só?

– Licença, tudo bom? – Uma mulher falou, se aproximando da dupla

– Tudo.. – Guizo respondeu um pouco confuso enquanto Xande apenas ficou em silênqcio

– Desculpa se parecer estranho, a idéia não foi minha.. – A mulher riu sem graça – Uma amiga minha queria o seu número.. – falou olhando para Guizo

– Ah, tá legal.. – Ia começar a falar o número quando ouviu um barulho vindo atrás de si e logo em seguida a prateleira caiu – Porra..

– Sem querer. – Xande falou com sua calmaria habitual

– Você chutou a prateleira! – A mulher falou um pouco alterada

– Vamo embora? – Xande perguntou agarrando o braço de Guizo – Tem pouco oxigênio aqui não tô conseguindo raciocinar direito.

– O que foi isso? – Um funcionário do mercado vinha se aproximando

  Xande largou o energético no chão e saiu correndo praticamente arrastando Guizo. Quando já estavam um pouco distantes do lugar, finalmente pararam de correr, Guizo ficou uns minutos regulando a respiração e então finalmente voltou a falar.

– Agora provavelmente a gente não pode mais voltar lá..

– E daí?

– Mano.. qual a necessidade?

– Eu tava puto.

– Com o que?

– Sei lá.. desculpa se atrapalhei sua conversa.

– O problema é a gente provavelmente estar proibido de ir no mercado, foda-se a mulher.

– Ah.. – Xande deu uma risadinha abafada – Talvez não daria uma história tão ruim assim.

– História de que?

– Sei lá, você que tava falando alguma coisa sobre episódio de desenho e sei lá o que.

– Eu tava? Não lembro agora..

– Ah, então que se foda, vira desculpa pra gente mandar só os outros irem comprar as coisas.

– Pode ser.

  Os dois continuaram conversando até chegar em casa, Xande subiu para tomar um banho enquanto Guizo apenas voltou para a sala, ligou a televisão novamente e se deitou no sofá.

  Pouco tempo passou e então começou uma reprise do episódio causador de toda essa confusão, Guizo apenas mostrou o dedo do meio para a televisão e a desligou.

Interferência - SDOLOnde histórias criam vida. Descubra agora