III - Gravação

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  Xande estava sentado na varanda de seu quarto, ouvindo música enquanto observava as estrelas na vasta escuridão do céu noturno.
  O loiro se assustou ao sentir alguém dando um peteleco atrás de sua orelha, se virando rapidamente e vendo Guizo sorrindo para si. Involuntariamente um sorriso surgiu em seu rosto também, o susto inicial se dissipou.

— Eu até bati na porta, mas você não escutou. — Guizo falou se justificando.

— Relaxa, você não precisa bater mesmo. — Se levantou, entrando para o quarto e sendo acompanhado pelo outro — O que você quer jogar?

— Então, sobre isso... a gente pode não jogar nada? É que eu queria sua ajuda com uma coisa.

— Por mim tudo bem, o que que você quer?

— Gravar um vídeo.

— Já imaginava, que tipo de vídeo?

— Bem... — Guizo desviou o olhar, coçando a nuca nervosamente — eu preciso que você ... — Falou tão baixo que Xande duvidava se realmente havia saído algum som da boca alheia.

— Não entendi.

— É difícil falar em voz alta.

— Escreve. — Xande puxou um caderno que estava em cima do criado mudo ao seu lado, entregando-o para Guizo.

— Isso não ajuda muito, mas acho que serve. — Escreveu rapidamente e devolveu o objeto.

— Sua letra é bonita. — Xande comentou antes de ler.

— Obrigado?

— Mas eu sou cego. — O loiro stava quase enfiando o rosto no caderno enquanto estreitava os olhos — Você quer que eu fique pelado?

— Falando assim fica estranho, mas é quase isso, pode ficar com a cueca.

— Por mim tudo bem.

  Xande começou a tirar a camisa e logo depois o short, ficando apenas de cueca, Guizo até considerou protestar contra, mas seu interesse no corpo alheio falou mais alto.

— Foi um show do caralho, mas a câmera não tá comigo. — Informou depois do pequeno espetáculo. — O Chico tá usando pra comparar a interferência entre as imagens dela e das câmeras de segurança, algo assim.

— Bem, que se foda. Não vou me vestir agora.

— Não precisa mesmo, só uns minutos e ele devolve.

— Certo. — O loiro se jogou na cama, inicialmente olhando para o teto.

  Guizo continuou sentado no mesmo lugar, encarando as próprias mãos e vez ou outra olhando para o corpo do amigo.

— Você ficaria mais confortável se tirasse a roupa também.

— Acho que não preciso.

— Mas eu queria...

— Problema seu. — Sua ignorância foi rejeitada e ignorada por Xande, que o puxou para trás o fazendo se deitar também para logo em seguida subir em cima de si.

— Posso? — O loiro perguntou aproximando excessivamente o rosto.

— Pode... O que exatamente? — Sabia a resposta, só queria ouvir.

  E sua resposta foi um selinho curto.

— Isso, eu posso?

— Óbvio que sim.

  Assim o loiro iniciou outro beijo, dessa vez mais profundo, mas ainda sim lento e sem muitas intenções além de aproveitar o momento. Pelo menos era assim até o momento em que uma mão sorrateira invadiu os shorts de Guizo, que não protestou e apenas esboçou um sorriso ainda durante o ósculo.

— Xande, você viu o Guizo? — Chico perguntou abrindo a porta do quarto sem qualquer aviso, em suas mãos a câmera do falso ruivo — ... Beleza.

  Deixou a câmera no chão e fechou a porta novamente. Os garotos se entreolharam e não sabiam se queriam continuar aquilo ou começar a rir.

— E se a gente filmar outra coisa?

— Tipo?

  Xande se levantou indo até a câmera e pegando-a do chão, aproveitou a viagem para trancar a porta do quarto e evitar mais inconveniências. Ligou o aparelho e o deixou numa prateleira alta que ficava de frente para a cama.

— Você não quer... meu Deus, você quer. — Guizo murmurou após entender a ideia do outro, ficando surpreso.

— Só nós dois vamos poder ver, não se preocupe.

  No fim a câmera descarregou no início da gravação, então grande parte de tudo que aconteceu naquela noite ficou perdido no tempo, presente apenas na mente dos dois. Bem mais na de Guizo que sempre que olhava para sua câmera sentia o rosto esquentar.

Interferência - SDOLOnde histórias criam vida. Descubra agora