É só uma brisa minha, não envolve os acontecimentos da sessão e nem afeta a fic, é apenas uma one em meio a essa bagunça.
Poucas coisas eram capazes de tirar a paciência de Guizo, quase nunca o viam verdadeiramente irritado com alguém e muito menos brigando. Mas ainda sim, naquele dia, Guizo tinha estourado o limite e teve uma discussão ácida com uma garota de sua faculdade.
Exatamente pelo histórico pacifista do homem, todos que presenciaram ou ouviram falar do acontecimento ficaram extremamente curiosos, o que teria sido tão grave a ponto de fazer Guizo brigar com alguém? Sabiam que ele não estava em nenhum tipo de relacionamento com a garota, logo não envolvia ciúmes, na verdade não se envolvia de forma amorosa com ninguém.
A faculdade é um lugar extremamente infernal as vezes e naquele dia parecia 400 vezes pior para Guizo. Tinha que lidar com os olhares curiosos e os sussurros enquanto caminhava até o dormitório, aquilo o estava deixando mais irritado ainda, o que essas pessoas tinham haver com sua vida? O que importava aquela discussão idiota com aquela vadia de merda? Ele também tinha o direito de ficar puto as vezes.
Chegou em seu dormitório e praticamente se jogou no sofá, mesmo estando afastado de todos ainda sentia que ia explodir a qualquer momento e começar a xingar até mesmo o vento. Ficou encarando o teto e pensando várias coisas, estava num estado de ódio tão grande que nem percebeu quando começou a falar em voz alta tudo que se passava em sua mente.– Porra, e daí que eu e aquela arrombada discutimos? Ela entra em uma confusão diferente toda semana, TODA SEMANA, só não é expulsa porque dá pra todos os funcionários dessa merda de lugar.
– Bro..
Se levantou assustado ao ouvir a voz cansada do outro, olhando para a entrada viu Alexandre parado o encarando confuso.
– Desde quando essa desgraça de porta não faz mais barulho? – Se sentou no sofá
– Eu pedi pro Chico arrumar ela ontem, você tá legal?
– O que você acha?
– Sei lá, tu tá falando sozinho então bem você não tá.
– Nem Sherlock era tão perspicaz.
– Conversa comigo, se abre, agir na defensiva não vai levar a gente pra lugar algum.
– Virou estudante de psicologia?
– Fala logo, qual o problema? – Se sentou do lado de Guizo
– Caren, ela é meu problema. – Ficou de frente para Xande – Semana passada teve o negócio da piscina e.. você sabe, você tava lá. Depois daquele dia ela tá enchendo o meu saco o horário todo, ela senta do meu lado e fica falando merda, ela me segue pra todo lugar, fica falando de mim com as amigas dela, e hoje ela colocou cola no meu café.
– Você bebeu?
– Sim..
– Como que cê não viu a cola?
– Copo fechado, capuccino.
– Caralho.. tá, continua.
– Depois disso eu joguei o café na cara dela, a gente começou a discutir e eu falei umas coisas.
– Coisas..?
– Que ela é a mulher mais estúpida que eu conheço, que só continua aqui porque mama quem for preciso pra isso, que mesmo que ela consiga se formar o diploma dela vai ser só um enfeite porque a única vocação dela é ser uma vadia burra que não tem amor próprio e acha os outros só vão gostar dela se ela agir como uma "bad bitch" de filme americano.
– Você disse isso? Você?
– Cara, eu não menti.
– Realmente, mas ainda sim..
– Eu não vou pedir desculpa, não vou falar com ela e quero que ela se foda. Não tô com paciência pra mais nada.
– Tá legal, mas só por curiosidade, eu ainda sou uma exceção ai?
– Você sabe que sim. – Deu um sorriso fraco
– E mais uma coisa, o que exatamente rolou na piscina? Eu tava.. você sabe.
– Brisado? É, sei. O negócio da piscina foi um verdade ou desafio que eu escolhi verdade e me perguntaram com quem eu tinha vontade de ficar, antes de eu responder a Caren se intrometeu e falou "Com o Xande, só não tentou ainda porque sabe que levaria um fora" – Guizo falou imitando a voz enjoativa da mulher
– Aaah.. – Xande ficou em silêncio e logo depois começou a rir
– Tá ficando louco?
– Não, é que eu tava imaginando o que ela diria se descobrisse que a gente namora desde o ensino médio.
– Iria falar merda, é a única coisa que ela faz.
– Tá bom, chega disso, te ver estressado tá começando a me assustar. – Aproximou o rosto do de Guizo
– Mas nem é com você. – Comentou enquanto recebia vários selinhos
– Mas pode acabar sendo né, não quero você irritado comigo, você sabe como eu fico.
– Fica mais dramático do que já é. – Puxou o namorado para seu colo, Xande era só um pouco maior então quase não havia diferença
– Eu não sou dramático, só sentimental. – Passou os braços pelo pescoço de Guizo que estava abraçando sua cintura
– Aham. Como que foi seu dia?
– Lembrou de perguntar agora?
– Dá um desconto.
– Vou dar sim.
– Xande..
– Tá legal, hoje não teve nada de interessante, só o professor que disse que eu pareço maconheiro.
– Você não parece, você é.
– Isso é ruim pra você?
– Não, é o seu jeito.
– Isso não foi legal.
Guizo começou a rir e Xande ficou o encarando, apoiou o rosto do ombro do outro e apenas ficou quieto.
– Tá com sono?
– Não.
– Então o que foi?
– Seu cheiro é doce.
– Não sei se acho fofo ou estranho.
– A vida é estranha.
– Você é mais.
Xande riu e voltou a encarar o outro, aproximou lentamente seus rostos iniciando um beijo lento com o único propósito de aproveitarem o momento, sem segundas intenções.
– Se eu sou estranho você é mais ainda por querer ficar comigo.
– Tudo bem então, a gente vai continuar sendo estranhos juntos pelo resto da vida se depender de mim.
– Cara.. você me faz cada dia menos hétero.
– Também te amo.
E assim continuaram conversando por um bom tempo, Guizo nem mesmo lembrava que estava irritado com alguma coisa antes, Xande tinha esse poder de o fazer esquecer o mundo ao seu redor, era isso que o acalmava todos dias e continuaria acalmando até o fim, independente de tudo.