VIII - Xandinho

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  Guizo assitia as gravações calmamente quando ouviu a voz de Lírio, em seguida viu a porta da van se abrir.

— Tá tudo certo aqui?

— Sim. — Falou relativamente alto, olhando para Xande que por sorte continuava dormindo como um neném em seu colo.

— Tudo bem mesmo?

— Por que não estaria?

— Você deu um grito meio alto agora pouco, xingando o skatista...

— Eu só tava estressado, e tem grito baixo por acaso?

— Tem, né?

— Tem?

— Acho que sim.

— Acho que não, mas talvez tenha.

— Não sou especialista em gritos, mas tenho certeza que tem. E isso não importa agora, vim chamar vocês pra lá, as pessoas parecem ser de bem.

— O Morato disse que não deveríamos confiar em ninguém.

— Não disse que a gente confia nelas.

— É um argumento bom. — Mexeu um pouco em Xande e viu ele abrir os olhos preguiçosamente.

  O loiro se levantou de forma lenta, virando para a porta da van e encarando Lírio, mostrou o dedo do meio para o homem que fez o mesmo gesto imediatamente. Guizo deu um sorrisinho e então se levantou também, saindo na van e consequentemente ficando de costas para Lírio.

— Caramba, Xandinho. — Lírio tocou no pescoço de Guizo com a ponta do dedo, pegando parcialmente na marca avermelhada um pouquinho roxa no pescoço do homem

— Aí! — Guizo colocou a mão encima para cobrir e se virou para Lírio — Doeu! E para todos os efeitos você não viu isso.

  Lírio riu de forma sugestiva e revirou os olhos apenas sussurrando um "juventude" para si mesmo.

— Me chamou de que? — Xande perguntou também saindo da van.

— Xandinho?

— É gostei.

  Guizo e Lírio se entreolharam confusos, porém decidiram não questionar o gosto de Xande. Caminharam até o acampamento e à distância era possível ouvir o som do violão.

  Dara e Chico estavam ouvindo atentamente alguma história da mulher mais velha do lugar.

— Licença, trouxe uns amigos comigo! — Lírio disse animado

— Olá, bem vindos, sou Edimeia Soares.

— Guizo, prazer. — Estendeu a mão para a mulher, mas ela estendeu a mão para que Guizo beijasse, Xande lançou um olhar nada contente para a senhora.

  O loiro ignorou a mulher e foi até uma moça que estava olhando para cima, parecendo procurar algo.

—  Ah.. oi, sou Ludismila. — A moça falou ao notar a presença do outro.

— Pode chamar de Xandinho.

— Não, Ludsmila.

— Eu sei, tava falando de mim.

— Legal. — A mulher começou a assentir com a cabeça e Xande fez o mesmo, ficaram assim por alguns segundos até Ludismila voltar a olhar o céu.

— Tá procurando alguma coisa?

— No fim, todos estamos... Mas só tô olhando as estrelas mesmo.

— Maneiro.. — Xande começou a olhar para cima também — Sabe o nome daquela estrela?

—  Não. — Voltou a olhar o skatista.

— Ah.

— Você também não sabe, né?

— Não, quer dar um nome pra ela?

— Qua tal... Ludismila?

— Gostei.

  Os dois voltaram a encarar o céu.

— Como a gente vai lembrar que é aquela? — Xande perguntou.

— A gente vai sentir no nosso coração. — Colocou uma mão no próprio peito e a outra no peito de Xande.

— A gente tem que tomar cuidado pra não confundir ela com o Xande e esquecer o skatista aqui. — Lírio sussurrou para Chico que balançou a cabeça concordando, ambos estavam assistindo a interação curiosa da dupla.

  Todos continuaram conversando com as pessoas do acampamento até Lírio, Chico e Eriberto saírem. Eriberto voltou poucos minutos depois já Chico e Lírio demoraram bem mais, Guizo, Dara e Xande entenderam isso como um "sinal" para que fossem até a antena, assim abandonando a fogueira, o calor e as pessoas que ali ficaram.

Interferência - SDOLOnde histórias criam vida. Descubra agora