2: Presentinhos e Teorias de Noites Chatas

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Sammuel verificou que seu material estava intacto e, depois, me ajudou a arrumar a bagunça do meu na mochila e no fichário, do melhor jeito possível para que não houvesse estragos com o que ficara intacto.

O sinal tocou, e poucos minutos depois, nós dois terminamos de arrumar a bagunça. Saímos da sala correndo para conseguir pegar o portão aberto. Odeio sair pela diretoria

Suspirei, aliviada, quando me vi na rua. Sammuel fez questão de me acompanhar no caminho para minha casa. Nada do que eu disse o fez mudar de idéia.

− Você ter me ajudado, tudo bem, mas você vai acabar com sua possível reputação no colégio se ficar andando comigo! Sou uma “aberração”, só minha vó, meu irmão e meu cachorro gostam de mim!

− Pode me adicionar à essa lista. Sua aparência não fala como você é. – ele respondeu, filosoficamente. Meu queixo amoleceu e eu tinha certeza que minhas pernas estavam bambas; mas, com uma força de vontade daquelas, consegui me manter de pé.

− Por que... Por que você se interessou por mim? – não resisti e perguntei quando estávamos na frente da Saraiva, parando de andar. Sammuel deu de ombros, me fazendo bufar levemente antes de recomeçarmos à andar.

Enfim, se você for normal, absolutamente nada de anormal ou estranho aconteceu enquanto íamos para minha casa. Agora, se você é uma aberração, como eu, tudo era fora dos padrões – ele foi muito educado, me olhava nos olhos, coisas assim que pessoas normais têm em conversas normais. E eu só presenciava coisas assim numa conversa com minha avó ou com meu irmão, no máximo. Achei mais estranho ainda seu sobrenome – Heavenlost. Será que ele é gringo? Quase não tem sotaque...

Ok, quem sou eu pra falar de sobrenomes em inglês... E não sou gringa.

Só meu pai e minha vó...

No meio do caminho, encontrei Devon indo para o colégio. Ele olhou para Sammuel, desconfiado, enquanto me abraçava. Apresentei-os rapidamente, e sabe de uma coisa... A impressão que tive é que os níveis de testosterona estavam aumentando em ambas as direções... E rapidamente, diga-se de passagem.

− Bem, Devon, é melhor você ir ou vai se atrasar pra aula! Sammuel, agradeço por ter me acompanhado até aqui, mas acho que você já desviou muito do seu caminho! – Sammuel sorriu pra mim, fez uma carranca para meu irmão e então virou para uma rua lateral.

Anotação mental para escrever no “Teorias de Conspiração”: mesmo eu sendo uma aberração, meu irmão tem ciúme de mim, e o Sammuel também. E eu acho que o Sammuel é um Elfo ou qualquer coisa parecida... Ele não pode existir! É perfeito demais pra ser humano!

Assim que Sammuel se afastou, Devon começou o interrogatório... Uma palavra: inesperado.

− Como assim, você desmaiou na primeira aula e ele que te levou pra enfermaria e ficou com você lá até a última aula?! Mocinha, o que você está me escondendo?... – ele fez uma cara de bravo que me fez ficar... Surpresa. Ele nunca fizera essa expressão pra mim... Para quem me xingava e mamãe, aquela era a expressão reservada, mas pra mim... Oh My God, o que está acontecendo?

− Vai com calma... Eu não sou como você, cheia de amigos. Fiquei surpresa quando ele começou a conversar comigo. E qual o problema de ele ter me levado na enfermaria e ficado comigo? Duvido que um professor tenha a delicadeza de me levar na enfermaria. E eu não estou escondendo nada de você, mano. Aliás, eu já sou bem grandinha pra saber cuidar de mim mesma! – exclamei, ficando na ponta dos pés, fitando meu irmão nos olhos. Verde folha contra verde folha. Raios e trovões, um furação de folhas durante uma tempestade... Ok, viajei legal.

Teorias de Conspiração - O Sangue dos Antigos IOnde histórias criam vida. Descubra agora