27: Eu Odeio Gnomos e Djins, Definitivamente

163 1 0
                                    

Devon já tinha saído, e eu estava expulsando Rashne do meu quarto para que pudesse me arrumar para as festas da noite – embora ele tentasse me convencer a deixá-lo ficar para me ajudar a me vestir, já que eu reclamava tanto daquelas roupas, mas não, obrigada.

Peguei Anoen e, no instante que o fechei em torno do meu pescoço, uma visão me arrastou.

O lugar parecia muito estranho. Não era como nenhum lugar que eu conhecia. O calor infernal me dizia que eu devia estar em algum lugar perto da linha do Equador.

Olhei ao redor, vendo uma espécie de cidade pequena. Percebi algumas crianças sorrindo enquanto mudavam cabelos, olhos, pele... Tudo. E eu soube que era uma cidade de Doppelgängers.

Comecei a andar, tentando entender o que Anoen queria que eu visse. E era estranho, porque raramente eu tinha essa liberdade de movimento numa visão...

Ouvi uma porta bater uma vez, e então de novo. Procurei a origem, e encontrei Sammuel andando rapidamente, com Eshe seguindo-o. Ou seja, estou na cidade onde o Clã Kamaria vive, antes de Sammuel e Eshe irem para o Brasil.

Aparentemente, Eshe estava curioso pra burro. Seu olhar delatava esse fato.

− Aonde você vai? – ele falava na língua da Teia, os cabelos prata reluzindo e colocando uma das mãos no ombro do mais velho.

− A Oráculo me chamou... Acho que pode ter relação com Hadassa. – ele parecia ansioso. Eu fiz o correto, empurrando-o para a Elfa, afinal. Olha só como ele fica só de pensar nela antes de me conhecer!

Eshe sorriu, falando então para ele ir logo. Segui Sammuel, certa de que a visão tinha relação com ele, embora a palavra “Oráculo” tenha me deixado atenta por causa da visão com o tio de Hadassa. Sei lá, tenho a impressão de que não vou com a cara dela...

Entramos numa casa de tamanho normal, por dentro e por fora. No exterior, era uma casa completamente comum, mas no interior, a história era outra. No instante que entrei, diversos cheiros enjoativos me atingiram, junto com uma sensação de divisão entre o mundo dos Vivos e dos Mortos quase inexistente de tão fina. Se eu já não estivesse numa visão, provavelmente teria sido levada pelas ondas do Mundo dos Mortos, presenciar alguma outra visão.

Dividindo a saleta de entrada do resto da casa, uma cortina de seixos de rio. Sammuel a atravessou e eu o segui.

Sentada no chão, em meio a almofadas de cores sóbrias e cercada de livros empoeirados, estava uma mulher de olhos cor de nada. Uma Doppelgänger, que pela pele enrugada, cabelo branco com algumas mechas de um vermelho quase apagado e muito baixa como se a gravidade a puxasse cada vez mais, a terra ansiosa por ter seus ossos entre ela, devia ser muito velha, ao ponto da idade interferir na aparência que ela tomava.

Ela apontou para as almofada a sua frente, e Sammuel sentou-se, estendendo-lhe as mãos com as palmas para cima. Quiromancia. Leitura de mãos. É necessário uma habilidade tremenda e um sangue mágico muito forte. Além de treinamento. Eu não me arrisco não, já me bastam as visões típicas...

A Doppelgänger seguiu as linhas com as longas unhas, murmurando consigo mesma.

− Vejo uma jovem na sua vida, rapaz. Uma Fada cujos poderes nunca irão despertar. – ela ergueu o rosto para Sammuel, sua expressão séria. – Ela correrá grande perigo. Você deve estar por perto e salvá-la, pois parte das linhas diz que vocês ficarão juntos. – ela sorriu levemente, de um jeito que me deu mais medo do que qualquer outra coisa.

Teorias de Conspiração - O Sangue dos Antigos IOnde histórias criam vida. Descubra agora