23: Eu Sei O Que Você Pretendia

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O tempo passa rápido demais, Teorias. Rápido demais.

Esses últimos dois meses passaram e nem percebi. Depois do que houve com a Gnoma e o Djin, Rashne fez que eu e Despertador treinássemos lutar em equipe de forma que um olhar bastava pra dizer o melhor a ser feito. E isso foi muito difícil, porque precisamos estar em sincronia, e isso era o mais difícil. Me esgotou completamente, mas acho que conseguimos pelo menos pegar o básico.

Só reparei como o tempo tinha passado quando papai voltou da Irlanda e vovó nos mandou fazer as malas porque íamos pegar o vôo para Manaus. A nossa sorte é que o casamento seria lá, aí depois era só ir até as festividades. Acho que eles escolheram lá de propósito, já que iam nos acompanhar.

Desde que me atacaram, a Gnomo e o Djin não deram mais sinais de vida. Conversei por celular com Eshe – aliás, Thaíze queria muito o número dele não sei por que, mas não passei não, não queria assustá-lo com uma Sereia estranha ligando pra ele – pra combinar melhor, e ele e Sammuel acham que os dois lá só estão planejando um ataque surpresa durante as festas, assim atacariam todas as Fadas de uma vez e ainda teriam Aine bem perto, embora fosse arriscado pra eles por causa da desvantagem numérica, mesmo se tratando de uma Gnoma Caçadora e de um Djin.

Desconfiei que talvez a Gnomo pudesse tentar achar algo que levasse os brincos e Malë até Aaron, por isso o avisei. Ele tratou de fazer o que sempre fazia quando corria perigo: se demitiu, mudou de nome e foi pra outro país. Não, ele não é brasileiro nem se chama Aaron. Não me pergunte o nome real dele porque ele não contou – e nem descobri o que ele era antes de ser transformado, também. Aliás, desconfio que Medéia tenha deixado mais artefatos antigos com ele, e que ele foge tanto justamente para protegê-los.

E falando em artefatos...

Meus brincos estão com defeito! O raio de ação deles vem diminuindo! Antes de desaparecer, falei com Aaron sobre isso. Ele disse que, talvez, isso se devesse ao fato de eu ser uma Fada e eles terem sido feitos por Elfos. Talvez só demonstrem seu real poder com Elfos.

Ah sim, falando em Elfos, eu fiquei enrolando pra arranjar um presente pros pombinhos e pronto! Estamos indo pra Manaus e nenhuma ideiazinha do que dar de presente...

Shit.

 

Fechei Teorias e o guardei na minha mochila. Sorri para Despertador, pendurando a mochila nas costas e arrastando minha mala sem rodinhas pelo simples fato de estar com preguiça de erguê-la, descendo a escada e parando na sala. Thaíze já estava ali, agitada pra caramba. Devon a olhava com uma sobrancelha erguida, Alessa com a cabeça apoiada em seu ombro e os olhos fechados, e Rashne se apoiara na parede, também com os olhos fechados. Ambos pareciam enjoados. Thaíze mexia no cabelo, andava, arrumava o vestido verde−água impecável, sentava, folheava uma revista, levantava, e continuava nesse ciclo... Meu Deus! Pára, já to ficando enjoada!

− Thaíze! Você já está deixando todo mundo enjoado! – segurei-a pelos ombros e a balancei, sentindo as borboletas em meu estômago se acalmarem. Ela sorriu amarelo, e parecia nervosa.

− Desculpa... Mas é que sou uma Sereia! Sereias têm pavor de alturas! – ela parecia sincera. Realmente sincera.

E por alguma razão, fiquei surpresa. Thaíze estava com medo de voar num avião?! Nunca imaginei que ela tivesse medo de algo que não fosse o cabelo ficar desarrumado na frente de um cara gato! Eu ia falar algo, mas alguém foi mais rápido.

− Não precisa se preocupar, jovem. – Vovó e papai vinham descendo as escadas. Vovó sorria suavemente para Thaíze.

As malas deles já estavam prontas. Há séculos. Mas tínhamos que levar nossas armas. Vovó possui um atestado falando que ela usa marca-passo, por isso não iria precisar passar pelo detector de metais. E papai, um pino na perna. E, obviamente, nossas armas estavam escondidas sob as roupas deles.

Teorias de Conspiração - O Sangue dos Antigos IOnde histórias criam vida. Descubra agora