Com a minha vitória, as provas estavam encerradas. Rashne me arrastou para sentar perto dele, e suspirei aliviada quando os olhares dos garotos e das garotas não demonstravam o mesmo de antes. Nada de ambição ou raiva. Apenas... Respeito?
Isabel foi até o centro da arena, e percebi ela sorrir para mim carinhosamente antes de começar a falar.
− Eu saúdo Stacy por ter tido a coragem de não tirar a vida nem a sanidade do Trol que enfrentou, pois bem sei que foi algo difícil para ela, considerando o sangue Vampiro que também corre por suas veias! – reparei os olhares surpresos que se dirigiram para mim, mas eu, cansada daquilo tudo, apenas me escondi nos ombros de Rashne, que me abraçou, embora meio surpreso. – E agora, o momento que todos nós aguardávamos... Aine de Knockaine, amada rainha, por favor, apresente-se para os mais jovens de nosso sangue!
Eu esperava que Aine saísse da plataforma, mas o que ocorreu surpreendeu todos os novatos.
A Fada da Cidade que eu vira fazer crescer aquela enorme árvore, levantou-se, e conforme andava em direção à arena, como que areia brilhante foi caindo de seu corpo, revelando uma mulher de aparência austera e sábia, com metade dos cabelos permanecendo cinza-chumbo e um dos olhos cinza-concreto, a outra metade do cabelo tal como o meu e o outro olho verde-folha, a pele tingida da cor das árvores, mais alta do que qualquer Fada presente, esguia e altiva, com grandes e delicadas asas avermelhadas saindo das omoplatas. Seus traços, agora que eu a via claramente, sem uma névoa típica das visões, eram uma mescla do delicado com o forte de forma equilibrada, dando-lhe o ar de alguém com milênios de vida e sabedoria, que já vira muito e estava preparada para quase tudo. E, ainda assim, havia carinho e doçura naqueles traços. Ela devia ter tomado alguma poção para alterar sua forma temporariamente.
Engoli em seco.
Ela me dera todos os meus poderes. Aine me fizera quem eu sou.
Vovó ria, enquanto falava que Aine sempre surpreendia a todos, fazendo-se passar por um dos novos Fadas. Para sentir-se mais perto de seus filhos, segundo ela.
A visão onde ela me chamava de filha fazia todo o sentido. Como sendo dela que as Fadas se originaram, todos nós devíamos ser como filhos para ela.
Meu coração parecia querer saltar do peito, mesmo com toda a energia de paz e calma que Rashne fazia se infiltrar em mim. Eu tinha medo do que ela falaria quando eu fosse chamada para ficar diante dela.
E eu sabia que eu seria a última a ser chamada. Éramos chamados pela ordem que foi feito o sorteio.
Quando Isabel me chamou, engoli em seco, antes de me levantar e andar até o meio da arena, onde Aine continuava de pé desde o início da cerimônia. O crepúsculo já coloria o céu, e ela dissera palavras carinhosas e encorajadoras a todos. Mas isso não me impedia de ter medo do que ela falaria.
Como a tradição mandava, me ajoelhei e me inclinei até a testa encostar no chão, erguendo as omoplatas para que minhas asas se destacassem. Para a maior parte desde que houvera a mescla de sangue humano e sangue de Fada, o gesto era apenas algo simbólico que dizia algo como “Minhas asas estão submissas à ti”, mas, para mim, era pra valer. Se Aine não me considerasse digna, ela tinha posição privilegiada para arrancar minhas asas. Vovó dissera que isso nunca fora feito, nem nos tempos mais remotos, quando asas ainda eram nossas marcas registradas, mas, nunca se sabe.
Primeiro, ela tocou no topo de minha cabeça, para que eu a olhasse. Então, ela me segurou pelos ombros e me fez levantar junto com ela. Sorria magnificamente com os lábios de cores que ficavam se alternando.
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Teorias de Conspiração - O Sangue dos Antigos I
FantasyMinha vida era comum, na medida do possível em que se é comum sendo a garota mais estranha que você puder imaginar, e ainda assim você não chegará à mim. As coisas começaram a entornar quando Sammuel, um cara com pinta de Taylor Lautner, apareceu na...