Era mais do que óbvio que minha mãe se alimentou de meu sangue anos à fio. Era óbvio que meu pai também era sua vítima, ultimamente definhava mais que de costume – embora talvez fosse voluntário, vai saber. Devon talvez não fosse sua vítima. Mas qual o sentido disso?
Eu não sabia o que falar. Afinal, falar o que? Minha mãe é uma Vampira! E não é uma Vampira do tipo Crepúsculo, definitivamente...
Num dado momento, provavelmente por ter percebido que o quarto estava mais claro, ela ergueu a cabeça do ombro do meu pai e me olhou. O que eu via em seus olhos era... Vergonha? Medo? Eu jamais pensei em ver tais coisas nos olhos de minha mãe. Não Diane, a mãe Sargento mais linha-dura que já conheci. Apesar de que ela tem sido toda carinhosa comigo, mesmo com um olhar esfomeado de vez em quando...
Ela se levantou lentamente de cima da cama e de meu pai, o ferimento já fechado e muito vermelho. Ela limpou o sangue que escorria da boca e deu a volta na cama, ficando de frente para mim, olhando sempre para baixo. Depois de um tempo, ela ergueu os olhos e me olhou. Era um olhar estranho. Como se ela esperasse que eu a censurasse por algo.
− E então? O que vai fazer agora? – eu realmente ouvia medo na voz dela? Minha mãe tinha medo de mim?
Eu não sabia o que responder. O que eu faria? Eu nem sabia a história toda... Vovó me ensinou a não julgar aqueles que amo apressadamente. Apesar de tudo, eu amo a minha mãe; ela me trouxe ao mundo e cuidou de mim todos esses anos, mesmo que ela quisesse que eu fosse como a Thaíze e não me aceitasse da forma como sou. Ao menos era essa a impressão que eu tinha.
− Eu não sei. – o olhar dela era surpreso. Será que ela esperava que eu a condenasse? Que eu recuasse ou avançasse chamando-a de monstro? Eu jamais faria isso. Monstros são aqueles que matam conscientemente, que abusam de crianças e de outros. Não. O que eu conhecia de mamãe, ela não era um monstro. Era só rígida na nossa criação. – Que tal me contar tudo para que eu decida? – inclinei a cabeça para um lado, falando baixo. Tive vontade de sorrir, mas não consegui.
Mamãe ofegou. Com certeza ela não esperava aquilo. Qualé... Ser previsível é chato!
− Vamos descer. Seu pai precisa descansar. – ela disse suavemente, enquanto seguíamos para a cozinha. E somente com aquelas palavras percebi que ela o amava e muito.
Eu acho que nunca passei por cena mais estranha. Eu e mamãe estávamos sentadas frente a frente na mesa circular, com um pote com bolachas wafers recheadas com morango – minha favorita! – e chá de camomila em canecas coloridas. Eu e mamãe não ficamos à sós assim desde... Sei lá, acho que meus dez anos, no máximo!
Ela começou falando sobre coisas banais, como o quanto eu tinha crescido, com um tom de voz melancólico. Depois de uns dez minutos nisso, ela fez uma pausa longa, suspirou e começou a falar.
− Não nego o que sou, Stacy. Não nego que me alimentei de você por tanto tempo. Mas fiz isso por medo.
− Medo do quê, mãe? – afinal, que medo tão grande era esse à ponto de se alimentar de mim? Vi um sorriso tristonho se abrir nos lábios dela quando a chamei de mãe. Sinceramente, foram poucas as vezes que a chamei assim... Era sempre “Diane”. Ok, lembrava um pouco uma situação tipo “Samara” – O Chamado, lembram?. Algo assim.
− Medo que você fosse como eu. – duh. Legal, explica direito! – Eu mordi Devon quando ele era pequeno para saber que lado ele tinha puxado: o meu ou o do seu pai. Dá pra saber pelo sabor do sangue.. Fiquei aliviada quando constatei que ele era como seu pai. No entanto, com você, foi diferente... Eu não consegui definir pelo sabor do seu sangue a quem você pertenceria. Tive medo que você se transformasse em alguém como eu, dependente de sangue, e continuei a me alimentar de você. Sabia que, assim, você não seria nem do nosso mundo nem do dos humanos e não poderia realizar magia, mas eu preferia te ver assim do que uma viciada como eu.
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Teorias de Conspiração - O Sangue dos Antigos I
ФэнтезиMinha vida era comum, na medida do possível em que se é comum sendo a garota mais estranha que você puder imaginar, e ainda assim você não chegará à mim. As coisas começaram a entornar quando Sammuel, um cara com pinta de Taylor Lautner, apareceu na...