35: De Novo

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Beijei a testa de Despertador e verifiquei mais uma vez se ele ficaria bem antes de chutar a porta do galpão e entrar.

Adriane levantou-se de supetão de uma caixa onde estava sentada.

Seu olhar demonstrava horror a meu ver.

− Kai... Kai deveria acabar com você... Você... Você nem deveria ter voltado! – ela berrou, apontando com a espada na minha direção. Ela estava apavorada agora que não tinha mais o poder do Arquidemônio a ajudando.

Sorri macabramente, abrindo os braços.

− Surpresa em me ver, Adriane? – ela parecia assustada. Com certeza, as coisas tinham saído controle dela. – Achou mesmo que eu ia deixar barato a morte de tantas Fadas e, principalmente, da minha vó? – apontei então Savën para ela.

Percebi Adriane engolir em seco, testando o peso do escudo de modo temeroso.

Procurei o corpo de vovó com o olhar, mas não encontrei.

− Cadê? – ela fez um olhar de quem não entende. – CADÊ O CORPO DA MINHA VÓ?!

Ela sorriu macabramente, como que satisfeita por descobrir algo que me deixou descontrolada.

− Vai ter que descobrir.

Aquilo me deixou irritada.

Muito irritada.

Tanto que apertei mais forte a empunhadura de minhas adagas, abaixei-me um pouco e avancei automaticamente na direção de Adriane, Savën estendida e realizando um movimento aberto na altura de seu pescoço.

Apesar de pegá-la desprevenida, Adriane conseguiu inclinar o corpo para trás e tirar o pescoço do meu alcance. Mas deixou alguns fios de cabelo para trás.

Definitivamente eu progredi. Antes eu não conseguia sequer isso. E o mais incrível é que fui eu quem cortei o cabelo dela, não Savën e sua magia.

Parece que a temporada que passei com as Aranhas me fez bem.

Ou talvez perder o apoio do Arquidemônio a tenha afetado mais do que eu imaginava.

Vi os olhos de Adriane brilharem de surpresa, enquanto ela respirava rápido. E então, ela avançou com a espada, tentando me cortar na altura da barriga.

Cruzei Fëna com a espada, desviando-a e tentando cortar Adriane na altura do peito com Savën, mas o maldito escudo entrou na frente, provocando faíscas.

Dei alguns passos para trás e a observei. Com apenas alguns movimentos, ela já ofegava.

Agora eu me pergunto: quanto da habilidade que ela demonstrava era realmente dela, e quanto vinha do Arquidemônio? Caramba, até agora ela não conseguiu me cortar. Apenas bloqueou ou desviou de meus ataques. Bem diferente das outras vezes.

Ok, foram apenas dois ataques. Mas ainda assim, foi muita coisa pra mim, considerando que mal encontrávamos nossas armas na última luta, duas semanas atrás.

Depois de um longo tempo trocando ataques que resultaram em ferimentos leves – para mim, a Gnoma conseguia se manter incólume de ferimentos causados por mim –, Adriane olhou para o escudo e o jogou longe, estendendo a espada na minha direção, as pernas afastadas e o braço esquerdo estendido como se ela preparasse um feitiço.

E, de fato, pra minha infelicidade, ela estava preparando um feitiço. Como não sou idiota – sabendo que Gnomos Caçadores são especialistas em revestir partes do corpo com algum metal resistente – avancei, tentando cortá-la com Savën, com Fëna preparada como se eu fosse fincá-la em algum lugar.

Teorias de Conspiração - O Sangue dos Antigos IOnde histórias criam vida. Descubra agora