7: Teia de Seda da Aranha Lunar Azul

212 3 0
                                    

A rua estava vazia. A igreja protestante estava com as luzes acesas e eu ouvia vozes de lá. Devia estar havendo um culto.

Paramos em frente ao portão branco e toquei a campainha. Devia ser umas sete e meia da noite.

− A avó dela sabe das coisas... – ouvi Eshe comentar com Sammuel num sussurro. Apurei os ouvidos para ouvir melhor – modo mexeriqueira online. – Uma casa ao lado de terreno sagrado... Dificulta para que Demônios no geral a encontrem... – me virei para ele enquanto esperava vovó vir abrir o portão – Não, eu não tenho uma cópia da chave. Como vovó quase não sai de casa, nem eu e nem Devon precisamos.

− Que história é essa de Demônios? – perguntei, cruzando os braços. Demônios até podem existir, mas até onde sei, se manifestam como espíritos que possuem pessoas – mais ou menos. Despertador continuava olhando para o mais novo como se quisesse arrancar um pedaço dele – eu não sei o que deu nesse cachorro...

− Explicamos lá dentro. – Sammuel disse assim que Eshe abriu a boca para me responder. Fiz cara feia – e Eshe também, pelo que percebi – e lhe dei as costas. Vovó vinha apressada abrir o portão.

− Entrem, rápido. – foi o que vovó disse assim que abriu o portão, e antes de fechá-lo depois que entramos na garagem, colocou a cabeça pra fora e olhou para todos os lados. É impressão minha ou vovó está mais paranóica que eu? Ela nunca foi do tipo que briga com a gente... – Vamos, vão logo pra sala! – ela também nunca foi do tipo que fica apressando...

Antes de entrar, soltei a corrente da coleira de Despertador, que disparou para dentro da casa assim que eu não podia controlá-lo mais. Uni as sobrancelhas num V, intrigada; ele não costuma agir assim... To falando que minha vida tá virando de cabeça pra baixo, mas ninguém acredita...

Na sala, Devon estava sentado no chão, com as costas apoiadas no sofá. Estava sério, e do outro lado da sala, do lado da estante da TV, estava um labrador cinza, deitado e parecendo tristonho. Despertador tinha sentado ao lado de Devon, e olhava para o labrador com a cabeça levemente inclinada, como se estivesse curioso.

− Vó, que cachorro é esse? – perguntei, apontando para o labrador, sentando do lado de Despertador e coçando atrás da orelha dele, ouvindo-o resmungar por gostar do carinho. Cachorro safado...

Vovó trancou bem a porta antes de responder. Ela está muito paranóica, definitivamente...

− É de uma família amiga minha... – ela respondeu com um tom meio vago. Estraaaaaanho... Vovó NUNCA responde algo com tom vago... – Vamos, acomodem-se... – ela empurrou Sammuel e Eshe para que sentassem em algum lugar na pequena sala. Eshe passou bem longe tanto de Despertador como do labrador, quase como se estivesse com medo, sentando num canto perto da janela, enquanto Sammuel se jogou de qualquer jeito no sofá vazio, de um jeito que me lembrou o L de Death Note. Sério. – Tire os pés do meu sofá, Elfo! Seja educado como o outro! – vovó disse, dando um tapa no joelho de Sammuel, indo para a cozinha pegar não sei o que. Sammuel só deixou os pés caírem no chão, girando os olhos. Concordo com vovó. Colocar essas botas com solados imundos sobre seu lindo sofá? Por favor, você é um ELFO, Sammuel; supostamente, devia ter educação.

Ela voltou trazendo uma caixa de primeiros socorros. Tinha o símbolo da cruz vermelha. Vovó ajoelhou na minha frente e pegou a mão com o pano de prato enrolado, o tirou e começou a limpar o ferimento. Vovó sempre foi carinhosa desse jeito.

− Ai! – gritei quando vovó despejou a água oxigenada no machucado. Isso dói!

− Você já teve machucados piores quando pequena e não reclamava tanto. – ela falou com um tom brincalhão, me fazendo girar os olhos. Por que ela sempre está certa? Ah, esquece, ela é minha vó, me conhece desde sempre... Além disso, avós como a minha SEMPRE estão certas.

Teorias de Conspiração - O Sangue dos Antigos IOnde histórias criam vida. Descubra agora